Pós-jogo | “Vitórias como essa são de todos!” Mano e jogadores comemoram a classificação na CONMEBOL Sul-Americana
Reverter uma desvantagem de dois gols herdada do jogo de ida não é tarefa simples. Adicione à missão o susto de ser vazado logo aos 15 minutos, e muitos tratarão o objetivo como inalcançável. Para eles, o Inter deixou claro que tudo é possível quando clube e povo jogam juntos. No Beira-Rio, o Colorado goleou o Colo-Colo por 4 a 1, na noite da última terça-feira (05/07), e avançou para as quartas de final da CONMEBOL Sul-Americana. Depois da partida, Mano Menezes, Gabriel, Pedro Henrique e Alemão celebraram a inesquecível vitória em declarações para a imprensa.
Em comum, todos os entrevistados ressaltaram o protagonismo exercido pelo povo vermelho na virada do Inter. Horas antes do início do confronto, o maior público registrado no Beira-Rio nos últimos dois anos já marcava presença nos arredores do Gigante, onde recepcionou o ônibus colorado com mais uma histórica edição das Ruas de Fogo. Jogador de carreira consolidada no Leste Europeu, região famosa pelas festas pirotécnicas de suas torcidas, Pedro Henrique confidenciou que nem mesmo a experiência no Velho Mundo se compara ao que sentiu na chegada à Padre Cacique.
“Só em momentos especiais o torcedor se mobiliza assim, e eu tive a grata experiência de, hoje, poder participar disso. Gravei com meu telefone, deixei registrado. Sonhei com isso durante muito tempo. Porém, existe a parte da paixão e a parte da profissão. De estar concentrado, jogar bem e ajudar meu time. Joguei no futebol grego, no futebol turco, onde se usam muitos sinalizadores. Mas igual a hoje, essa chegada no estádio, é diferente. Especial. Nos motivou bastante. Desligamos as luzes, e a gente pôde sentir o torcedor batendo no ônibus.”
Pedro Henrique
Colorado desde a infância, Pedro não conteve as lágrimas ao marcar o quarto gol do Inter, que dispensou a necessidade da disputa de pênaltis e classificou o Clube do Povo ainda no tempo normal. Na comemoração, o camisa 15 traduziu a felicidade de todos nós, torcedores, e também o orgulho com a excelente atuação da equipe. Profissional e apaixonado, como o próprio se define, o gaúcho de Santa Cruz do Sul viveu uma noite que ficará marcada por muito tempo em sua memória – e que pode servir de prólogo para emoções ainda maiores.
“É uma noite especial pra mim. Poder ajudar o meu time do coração, poder ver a minha família, os meus amigos e essa imensa torcida feliz? Para mim, isso não tem preço. Em vários momentos da minha carreira, pude fazer gols decisivos, em finais de campeonatos, mas hoje, realmente, eu estou muito feliz pela contribuição e por ver o que o time pôde entregar dentro de campo. A gente teve cabeça no lugar, não desconcentrou com o primeiro gol, e mostrou que também está preparado para situações adversas nas partidas. Temos que manter esse equilíbrio e ter a consciência de que podemos fazer melhor, obviamente.”
Pedro Henrique
Por si só, todavia, a atmosfera criada antes do apito inicial não seria suficiente para classificar o Colorado, que viveu um início de confronto distante do ideal no Beira-Rio. Quando Costa marcou, em cobrança de pênalti, o terceiro gol chileno no agregado dos dois confrontos, abrindo o placar em Porto Alegre, a sinergia entre time e torcida foi colocada à prova. Organizado e mentalmente fortalecido, o Inter superou o teste com excelência, deixando orgulhoso o técnico Mano Menezes.
“Em primeiro lugar, (quero fazer) um agradecimento muito especial ao torcedor. Só uma mobilização desse tamanho poderia, juntamente com a equipe, produzir uma virada como essa. Segundo aspecto, eu penso que a equipe esteve muito bem preparada. Porque, se não estivesse, certamente iria se desesperar, desorganizar ou, até, se entregar. E não foi isso que a gente viu. Trabalhamos em cima disso. Usei o exemplo do Real Madrid na Champions na palestra de hoje. Eu queria que a equipe lutasse até o fim. E eles estão de parabéns, porque entenderam e sentiram esse ambiente forte do Beira-Rio lotado de novo.”
Mano Menezes
Com a cabeça no lugar, o Inter demorou pouco tempo para responder ao gol adversário – e o fez com bola na rede. Quando o relógio marcava 28 minutos, Alan Patrick marcou. Logo depois, aos 31, Edenilson virou. No agregado, ainda faltava um para o empate, e nenhuma das 40.598 pessoas presentes no Beira-Rio tinha dúvidas quanto à iminência do 3 a 1. A classificação, antes nebulosa, estava cada vez mais viva no horizonte colorado, e o time tratou de buscá-la.
“O futebol é feito de vários jogos dentro de um jogo. Tem que ter força, e tivemos força. Todos. Temos que ser resilientes. A resposta que nós temos que dar no futebol, a que vale mais, é dentro do campo. Hoje, as atitudes foram tão bonitas. Desde tudo que a gente recebeu antes do jogo, no percurso que fizemos com a delegação, ao estádio. Tudo isso influencia no jogo de forma positiva. Até no momento de dificuldade extrema. Foi favorável, intimidou o adversário, diminuiu o adversário, e nos transformou com uma força maior.”
Mano Menezes
Foram necessários 15 minutos da etapa final para o Inter chegar ao terceiro gol. Importante na jogada do primeiro, quando pressionou a marcação adversária e, junto de Pedro Henrique, forçou o erro do zagueiro rival; e envolvido na jogada do segundo, graças à parede que armou para Alan Patrick, Alemão raciocinou tão rápido quanto Edenilson, e aproveitou a veloz cobrança de escanteio do companheiro para desviar às redes. Ficava claro o porquê de Mano ter escalado o camisa 35 como titular.
“Minha escolha pelo Alemão foi óbvia. Nós íamos jogar em casa, precisávamos reverter o resultado, e eu coloquei o centroavante que vem fazendo gols. Às vezes com um pouco de dificuldades, às vezes não, mas era o jogador que devia entrar. Eu falo sempre: a gente tem que fazer o certo. O certo pode não dar vitórias, mas o errado certamente não vai dar. A decisão foi nessa linha, e assim a gente vai dando a condição para os jogadores. Confiança, respeito e bastante trabalho. Nada resiste ao bom trabalho.”
Mano Menezes
Alemão estreou com o pé direito (e com o joelho esquerdo) em duelos eliminatórios pelo Inter, e testemunhou o impacto que a agressividade colorada causava no time chileno. Substituído logo após o gol, o centroavante percebeu que até mesmo o 3 a 1 era pouco se comparado ao que o Colorado merecia. Já do reservado, vibrou junto do Beira-Rio aos 28, quando Pedro Henrique marcou o quarto. Agora, sim: a mobilização começava a ser recompensada.
“A torcida ajudou muito. Foi essencial antes dos 90 minutos, aquela Ruas de Fogo foi uma coisa sensacional. Arrepiou o caminho inteiro. Não pararam de cantar um minuto, empurrar o nosso time, e a gente engoliu os caras. O gol deixou a gente ‘pau a pau’ na questão de ir para os pênaltis e de já não precisar mais de gols para classificar. Mas, como a gente falou, não paramos de acreditar até o final, e o Pedro Henrique deu aquela arrancada no passe do Bustos, nós fizemos o 4 a 1 e nos classificamos.”
Alemão
A euforia de Gabriel, atleta multicampeão com as cores de Botafogo, Palmeiras e Corinthians, deixou evidente a importância do resultado para o elenco colorado. Sem nenhum exagero, é possível afirmar que o Inter fez história, o que não significa que todos os capítulos dessa já foram escritos. Pelo contrário, jogos como o que definiu a classificação do Clube do Povo às quartas da CONMEBOL Sul-Americana podem ser o catalisador perfeito para um semestre de muitos outros triunfos e conquistas.
“É uma noite que entra para a história de cada um. Espero que seja assim daqui para a frente, para buscarmos vitórias e títulos, que são o nosso objetivo. Estou muito feliz. Mesmo tomando o primeiro gol, sentimos o apoio e que íamos virar. E de virada sempre é mais gostoso, né? Mas eu espero que, nos próximos, a gente não tenha que recuperar. Lógico que faz parte do jogo, mas continuamos propondo e fizemos uma das melhores partidas em terço de raça, determinação e organização. Essa atmosfera fez toda a diferença para a gente.”
Gabriel
Arrematando as declarações do lado colorado, Mano e Pedro Henrique seguiram pela mesma linha de Gabriel. Festejar a goleada, afinal, é importante, mas sem dar espaço para ilusionismos. Passo a passo, o Inter está construindo uma temporada que alimenta os sonhos de sua torcida, que também mostrou estar pronta para lutar ao lado de seus representantes. Juntos, vamos em busca de feitos inesquecíveis para o Clube do Povo!
“Vitórias como essa são de todos, e não é demagogia. Trabalhamos todos para o jogo, todo mundo junto e fazendo bem a sua parte, se tornando mais forte. E se tornando mais fortes, mais resultados como esse podem aparecer. Tudo o que aconteceu hoje foi perfeito por parte do torcedor. A gente sai muito feliz e muito fortalecido, e continua o sonho da conquista vivo.”
Mano Menezes
“Pela grandeza do Internacional, em todas as competições que ele joga, entra como candidato. Mas isso precisa ser construído. Como falei antes, precisa ser feito dentro do campo, e a gente vem fazendo isso. Passo a passo. Como o professor falou, quando se ganha, não está tudo certo, e quando se perde, não está tudo errado. Todos são importantes, e estamos fortes para os próximos adversários.”
Pedro Henrique