Magrão é apresentado como Gerente Esportivo: “estou muito, mas muito feliz!”
Sangue colorado. Indignação e vontade, gana por vencer e fazer história. Essas são algumas das características que transformaram Márcio Rodrigues, o Magrão, em ídolo do Inter no passado. Desde que pendurou as chuteiras, porém, o ex-atleta perseguiu novas qualidades. Estudioso, mudou de hemisfério atrás de conhecimento, e assim se preparou para o retorno à casa, que foi oficializado neste sábado (27/05).
Acompanhado do presidente Alessandro Barcellos e de Felipe Becker, vice-presidente de Futebol colorado, Magrão foi apresentado como novo Gerente Esportivo do Inter na sala de imprensa do Beira-Rio. Radiante por voltar ao Clube do Povo, o profissional deixou claro que desembarca em Porto Alegre na companhia da mesma ambição que lhe acompanhou durante os vitoriosos anos que viveu dentro de campo.
“Eu estou voltando para casa por conta da minha essência. Por isso que estou voltando. Porque eu quero sentir isso de novo. Queria estar naquele vestiário na Venezuela, todo mundo se abraçando. Isso é uma coisa que está dentro de mim: essa sede de vitórias, de ganhar. Essa gana de estar sempre em cima. Não é sempre que a gente consegue, mas eu vivo minha vida toda, desde quando eu saí da favela, perseguindo isso. A vitória. E é assim que eu vou tentar, do meu jeito e da minha forma, com a minha essência, cooperar e ajudar a equipe do Internacional.”
Magrão
Na figura de Gerente Esportivo, Magrão chega para para “melhorar o trabalho na relação direção-vestiário”, como definiu Alessandro Barcellos. O presidente do Inter detalhou as funções que serão desempenhadas pelo ídolo, responsável, a partir de agora, por realizar um acompanhamento diário da rotina do elenco colorado em diversos aspectos. Com isso, planeja o mandatário, o Clube vislumbra atingir melhores resultado e performance.
“Uma das coisas que eu falei para o Magrão, das várias conversas que tivemos ao longo de um bom tempo, é que a gente traz aqui o novo Gerente Esportivo, mas a gente queria ter o Magrão na sua essência. O Magrão que, dentro de campo, teve uma história brilhante com, e que fora de campo também, depois que saiu dos gramados. O Magrão traz esse conhecimento, está extremamente atualizado em relação ao que a gente pensa, e convergimos muito nas conversas que tivemos no que são diagnósticos de coisas que temos que ainda fazer e de coisas que podem ser feitas de forma a melhorar a nossa performance e nos dar melhores resultados.”
Alessandro Barcellos
Destacada tanto por Alessandro Barcellos quanto por Felipe Becker, a trajetória construída por Magrão depois da aposentadoria dos gramados chama a atenção pela constante busca por conhecimento. Nos primeiros anos pós-jogador, Márcio atuou como empresário de atletas, função que abandonou, em 2019, para dar um grande passo na carreira e mergulhar no futebol dos Estados Unidos.
“Eu fui empresário até 2019. Quando eu paro de jogar, precisava me recolocar no mercado, e a oportunidade que eu tive foi essa. Posteriormente, em 2019, eu sou obrigado a tirar qualquer vínculo de empresário, e começo a trabalhar com a MLS. Primeiro, com o Seattle Sounders, com os dois maiores executivos de futebol da Liga. E até sexta-feira, eu trabalhava no Inter Miami. Era um funcionário com o papel não só da gestão, e gestão individual de jogadores que eu indicava para lá, mas de análise de mercado. Isso me capacitou muito.”
Magrão
Magrão revelou que as conversas com a direção colorada tiveram início em outubro do ano passado. À época, os compromissos firmados no futebol estadunidense impediram o ídolo de acertar com o Inter. Já agora, o ex-atleta entendeu estar no momento certo para contribuir com o Clube do Povo, e também para aprender com os profissionais que fazem parte da rotina alvirrubra.
“A minha função é ser o interlocutor entre o Mano, o vestiário e a diretoria. Seria um membro da diretoria em contato diário com o pessoal de campo. E também, uma coisa que a gente conversou muito é que essa função só de interlocutor deixa uma lacuna do que eu trabalhei nos últimos dois, três anos. De participar e estar presente na análise tática, com o pessoal do CAPA. Fiz uma reunião com eles, falei que eu era sempre o primeiro a chegar e o último a ir embora. Vai continuar sendo assim. Eu quero transitar nessas áreas do Clube para não só ajudar, no que eu me sentir capacitado para isso, mas também para aprender com os profissionais competentes que têm no Clube.”
Magrão
O novo Gerente Esportivo do Inter sabe que o futebol mudou na última década e meia. Por isso, ao mesmo tempo em que defende, por exemplo, que time e torcida reeditem a histórica sinergia que levou o Colorado às maiores conquistas da biografia vermelha, Magrão entende que a receita para atingir sucesso hoje não é, necessariamente, a mesma que levou o Clube do Povo ao topo no passado.
“Nós podemos carregar a nossa essência da bola, mas a gente não pode mudar o futebol de uma hora para a outra. Querer achar que o que eu fazia lá atrás é o certo para hoje. As coisas mudaram. Então, quanto mais eu puder me capacitar no que tiver de novo hoje, eu vou fazer. O desejo é de retornar a minha casa. Onde eu fui muito feliz, tenho raízes. A cidade me acolheu muito bem, o estado me acolheu bem, e todos esses fatores fizeram com que eu aceitasse. Não sei se desafio, porque trabalhar no Inter nunca é desafio. É sempre um orgulho e prazer.”
Magrão
Categorias de base e relacionamento com os atletas foram outros temas abordados durante a primeira entrevista de Magrão como Gerente Esportivo do Inter. Entusiasta da lapidação de jogadores dentro do próprio Clube, o profissional demonstrou amplo conhecimento da tradição formadora do Colorado, e também projetou o clima de companheirismo que espera criar com o elenco.
“Eu gosto muito da base. Eu acredito que a base é o alicerce para os clubes. Essa é uma opinião pessoal minha. É ela que dá recurso para você criar o grande jogador na casa, vender esse grande jogador e ter recurso para manter uma estrutura do Clube e trazer outros grandes jogadores como reposição. Para mim, a base é muito, muito importante. E a história do Internacional na base é muito forte, né? Sempre revelou grandes jogadores, sempre colocou jogadores na Seleção Brasileira, na Europa. Criou grandes ídolos aqui dentro.”
Magrão
“No futebol, quando você começa a estar no dia a dia, se cria um envolvimento muito grande. Você se envolve. O grupo é uma família. Vou ver minha família duas ou três vezes na semana. Então, não tem como você não transparecer isso, não ser sanguíneo, porque você está envolvido. Eu não vou entrar em campo, mas vou estar ali dentro, motivando e tentando passar para eles, do meu jeito e da forma que a gente viveu isso dentro de campo, da forma que é o Beira-Rio, para os jogadores. E isso vai acontecer porque você está todo dia junto. Cria um elo.”
Magrão