Conheça a história da FECI, que completa 45 anos nesta quinta-feira

FECI está localizada no segundo andar do Gigantinho/Foto: João Callegari

O Inter é um estilo de vida. Fundado com a pretensão de agregar, o Colorado acumula, desde 1909, feitos relevantes que vão muito além das disputas travadas dentro das quatro linhas. Hoje, um deles completa 45 anos. No dia 22 de julho de 1976, era criada a Fundação de Educação e Cultura do Sport Club Internacional (FECI), símbolo do engajamento social do Clube do Povo.

Promotora de ações sociais, culturais e educacionais, a FECI exibe rica história de atendimento a atletas da base colorada e jovens de Porto Alegre, que são assistidos, junto de seus familiares, por iniciativas direcionadas ao resgate da cidadania. Primeira fundação de um time de futebol do Brasil, ela surgiu para fortalecer e unificar projetos que já eram desenvolvidos no Internacional, como revela Ana Bicca, bibliotecária do Clube do Povo.

“A FECI nasceu da fusão de três departamentos do Clube. A CEFASI, Centro Feminino de Assistência Social do Internacional, formada por senhoras – esposas de diretores e conselheiros – que faziam um trabalho de assistência social dentro da instituição; a Divisão Cultural, que era uma parte remanescente do DCP (Departamento de Cooperação e Propaganda); e a Biblioteca Zeferino Brazil.”

Ana Bicca, bibliotecária do Sport Club Internacional

De todos os embriões que originaram a Fundação, a Biblioteca merece um destaque especial. Única de caráter privado mas com utilidade pública pertencente a um clube da América, a Zeferino Brazil atualmente integra a FECI. Protagonizada por nomes como Vicente Rao, porém, sua história nos convida a viajar até o final dos anos 1920, e serve de testemunho perfeito para a evolução da essência popular do Internacional.

“A biblioteca surgiu em 1929, mas ficou restrita ao uso interno até 1940, quando se uniram Vicente Rao, Saul Totta e outros, e foi criada a divisão cultural do DCP. Logo, a Biblioteca Zeferino Brasil foi tornada parte do Internacional, parte do Estatuto. A partir daí, ela abriu para todos e todas. Em plena Segunda Guerra, um bando de colorados e coloradas estava preocupado em congregar. Isto é fantástico!”

Ana Bicca

Se a institucionalização abriu a Biblioteca para a totalidade de colorados e coloradas, foi na década de 70 que a Zeferino Brazil, nomeada em homenagem a poeta gaúcho nascido 100 anos antes, foi outorgada como de utilidade pública. Já constante, o crescimento tomou dimensões exponenciais a partir de então, resultando no atual acervo de mais de 80 mil peças, um dos destaques da estrutura da FECI – sim, apenas um deles.

Quando criou a Fundação do Inter, o presidente Frederico Arnaldo Ballvé abraçou o sonho de dezenas que percebiam no Clube do Povo a capacidade de fazer ainda mais pela sociedade gaúcha. Desde então, os valores de solidariedade, cidadania, inclusão, acolhimento e cultura, muito apregoados na década de 70 por nomes como Saul Totta, Frei Irmão José Otão e Abelard Jacques Noronha, têm reverberado com excelência na Avenida Padre Cacique, como destaca o presidente Alessandro Barcellos.

“O Clube do Povo parabeniza esta Fundação pelos trabalhos realizados. Aliás, excelentes trabalhos realizados. Esperamos continuar juntos nessa parceria para que fortaleça ainda mais o Internacional, e que a gente possa ajudar aqueles que mais precisam!”

Alessandro Barcellos, presidente do Internacional

Ativa em seus primeiros anos na realização de ações culturais junto ao Celeiro de Ases, a FECI passou a desenvolver, com a chegada do século XXI, projetos sociais de enorme relevância. Hoje, os principais são o Interagir, o Interabilita e o Escola Integral, iniciativas apresentadas por Valdir Luiz Scariot, diretor presidente da Fundação, como o grande braço social do Clube do Povo.

“Temos diversos projetos. Um dos maiores é o Interagir, que abrange 120 crianças, mas que, neste ano, ocorreu apenas com o atendimento de cestas básicas para as famílias. Também existe o Interabilita, onde atendemos 39 crianças com uma psicoterapeuta, para recuperar movimentos. E ainda temos o Escola Integral, parceria com a SMED que, até ano passado, trabalhava com 2000 crianças por mês no turno inverso das escolas.”

Valdir Luiz Scariot, diretor presidente da FECI
Estrutura disponibilizada aos projetos sociais está situada no Gigantinho/Foto: João Callegari

Embora seja mantida pelo Colorado, a Fundação atua como uma entidade autônoma de estatuto próprio, e é regida pelas normais legais e supervisionada pelo Ministério Público. Para além dos projetos sociais e da Biblioteca, a FECI também administra o Arquivo Histórico e a Capela Nossa Senhora das Vitórias, bem como promove, anualmente, o Concurso de Contos, Crônicas, Poesias e Histórias do Inter.

“45 anos de Fundação.

45 anos de feitos

completamente inéditos

no futebol brasileiro.”

Ana Bicca

É fato: a FECI merecia ter seus 45 anos devidamente comemorados. Não apenas pela história que possui, mas também pelas várias que transformou. A pandemia do novo coronavírus, contudo, impôs limitações às festividades de aniversário, o que não significa que a data passará em branco junto à comunidade colorada, que está convidada a celebrar missa festiva no próximo domingo (25/07).

“Neste momento dos 45 anos, o objetivo era fazer uma grande festividade, mas não podemos. Estamos organizando, para o futuro, um grande evento, em que esperamos contar com a colaboração de todos os torcedores. Com certeza, vamos festejar juntos a manutenção desse braço social que é a FECI.”

Valdir Luiz Scariot

Em constante renovação, necessária para honrar o engajamento pioneiro que lhe serviu de fagulha, a Fundação de Educação e Cultura do Internacional chega aos 45 anos com sede para fazer mais. Muito mais, o que ainda seria pouco diante de tanto amor e paixão entregues pela sociedade gaúcha ao Clube do Povo. A esse carinho, respondemos com um compromisso: o braço social do Inter seguirá orgulhando a Maior e Melhor Torcida do Rio Grande. Viva, FECI!