Em entrevista exclusiva, Marcelo Lomba comemora bons números, ofensivos e defensivos, da zaga colorada em 2020

Alegria do nosso coração, o Clube do Povo brindou a Maior e Melhor Torcida do Rio Grande com atuações de encher os olhos nas semanas passadas. Desde a estreia na temporada, ocorrida no dia 23 de janeiro, até a última jornada, disputada diante do São José em 15 de março, foi visível a evolução de um trabalho que, desde sua alvorada, mostrava-se promissor em diversos setores. Entre eles, a sempre segura retaguarda, é claro.

Tradicionalmente disposto com uma linha de quatro defensores em frente à meta, o Inter do técnico Eduardo Coudet já viu 14 atletas diferentes formarem este quarteto. Ao todo, foram quatro os nomes que, mesmo que por alguns minutos, ocuparam a lateral-direita em 2020. São eles: Heitor, Rodinei, Saravia e Edenilson. No lado oposto foram três, casos de Uendel, Moisés e Natanael. Por fim, o miolo de zaga já foi formado por sete jogadores, incluindo Victor Cuesta, Rodrigo Moledo, Bruno Fuchs, Roberto, Pedro Henrique, Zé Gabriel e Damián Musto, argentino que desempenhou a função nos instantes finais do duelo diante da Universidad Católica, válido pela primeira rodada da fase de grupos da Libertadores.

Rodinei, Musto e Fuchs: trio comprova a eficiência do sistema defensivo colorado

Em oposição à grande variedade de opções disponível para Eduardo Coudet escalar o Colorado, o total de gols sofridos pelo Inter na temporada é baixo. Dos 15 confrontos já disputados, somente em sete ocasiões a meta vermelha foi vazada, sendo três dessas em uma partida, a terceira da temporada, realizada ainda no mês de janeiro, apenas três semanas após a reapresentação do grupo alvirrubro. Os meses de fevereiro e março, inclusive, viram o Clube do Povo sofrer um único tento em cada, prova cabal da evolução do trabalho, como revelou Marcelo Lomba em entrevista exclusiva para a Mídia do Inter. “O time tem, às vezes, mudanças por causa do calendário e da quantidade de jogos, e todo mundo tem dado respaldo. Essa média de gols não é de um ou outro que jogam, mas sim de todos. A gente está se sentindo bastante confortável, mas é claro que isso demanda tempo, pegar 100% do que o Coudet tem para nós taticamente. Nós treinamos muito na pré-temporada, só que a chegada dos jogos nos obrigou a acertar detalhes e ter um entendimento maior do que ele nos passava. Isso, só o tempo dá.”

Titular nas seis partidas disputadas pelo Inter na Libertadores até o presente momento, Marcelo Lomba ainda não viu sua rede balançar na principal competição deste primeiro trimestre. A série é a maior já registrada pelo Clube no torneio continental, superando em dois jogos a antiga melhor marca, alcançada em 2010. Números impactantes, e que alegram o goleiro. “A gente está bastante feliz com esses números da defesa, são de equipe que briga por título. É muito importante, principalmente quando você disputa torneios de mata-mata, duelos classificatórios, pois nos deixa mais perto da vitória.”

O futebol atual exige que as funções de marcação não sejam responsabilidade exclusiva de zagueiros e laterais. Continentalmente reconhecido neste início de temporada pela intensidade de suas exibições, o Internacional tem nos seus atacantes os primeiros defensores da equipe. Desta pressão no campo adversário, inclusive, já surgiram gols importantes para o Clube do Povo em 2020, a exemplo do tento de Boschilia, contra a Universidad de Chile, e o segundo de Guerrero diante da Católica, ambos anotados no Beira-Rio. Tamanho comprometimento da linha ofensiva alvirrubra é comemorada por Lomba, arqueiro que defendeu a meta alvirrubra em 13 ocasiões no ano – Danilo Fernandes, outro paredão colorado, atuou em duas partidas. “A gente está se sentindo muito bem fisicamente e, é claro, uma parte tática ajustada ajuda a poupar esforços. O ataque vem ajudando muito, é impressionante. Temos atuado com a equipe um pouco mais adiantada e compactada, isso tem feito muito bem, pois estamos muito bem treinados, fazendo exatamente o que o Coudet está pedindo, o que tem nos dado condição de, em 90 minutos, manter a mesma intensidade. É uma característica muito boa, que passa confiança e, acredito, é uma das grandes chaves do nosso bom desempenho neste início de ano.”

Ocupando, ao lado de Manga, o posto de segundo goleiro com mais exibições pelo Inter na Libertadores, 16, Lomba também sabe que é da defesa que se começa um ataque. Atleta extremamente participativo na saída de jogo alvirrubra e que, inclusive, já computa uma assistência com o manto colorado, em 2019, o carioca de 33 anos vem se adaptando cada vez mais às exigências para que, além de usar as mãos, também brilhe com os pés. “É muito bom sair jogando, algo que a gente, neste ano, tem treinado exaustivamente. E nós entendemos bem essa dinâmica, com os zagueiros participando também da construção das jogadas, e o mais importante é que todos têm feito essa troca de passes, essa movimentação, o que ajuda a jogar um futebol com alegria e leveza. E isso é bom, vai pro vestiário, nos dá ainda mais confiança.”

Não é apenas no campo de defesa, registre-se, que os atletas da primeira linha colorada participam ativamente da criação de jogadas. Dos 23 gols marcados pelo Inter no ano, sete contaram com o brilho de zagueiros ou laterais alvirrubros. Logo na terceira partida da temporada, Rodrigo Moledo, em preciso cabeceio, marcou o segundo do Inter contra o São Luiz e abriu esta contagem. Duas rodadas depois foi a vez de Heitor brilhar, desta vez balançando as redes em preciso chute de perna canhota. Na estreia do Clube do Povo como mandante na Libertadores, Moisés lançou Marcos Guilherme, que marcou o segundo e último do confronto. Também válido pelo torneio continental, o gol de Guerrero, que classificou o Inter à fase de grupos do certame, teve origem em lançamento de Bruno Fuchs.

Iniciado o returno do Gauchão, o protagonismo ofensivo dos atletas da retaguarda seguiu presente, com todas as três partidas disputadas pela fase tendo seu escore construído através da ação de nossos defensores. Contra o Caxias, Rodrigo Moledo sofreu a penalidade convertida por Thiago Galhardo. Diante do Brasil de Pelotas, Saravia serviu Patrick com cruzamento açucarado, originando o primeiro tento alvirrubro na ocasião. Já enfrentando o São José, foi Moisés quem, com passe rasteiro, acionou Nonato, autor do segundo do Colorado no duelo.

Com a paralisação do calendário futebolístico em decorrência da pandemia mundial de Covid-19, enfermidade causada pelo novo coronavírus, as exibições de alto nível do Inter, como um todo, e de sua retaguarda, em especial, foram brevemente interrompidas. Hiato que servirá de motivo de saudades para a Maior e Melhor Torcida do Rio Grande, é claro, mas também para perpetuar a certeza de que, quando retomadas as partidas, o Clube do Povo estará pronto, e devidamente protegido, para seguir empolgando nos gramados de Rio Grande, Brasil e América afora.