Relacionamento Social realiza Roda de Conversa alusiva ao Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher
O Relacionamento Social do Sport Club Internacional, através da Diretoria Feminina e de Inclusão, promoveu, na tarde de segunda-feira (10), uma programação especial alusiva ao Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher, data que marca a luta feminina contra o aumento dos crimes de gênero em todo o país. Realizado no Museu do Inter, o evento faz parte da programação ‘Mulheres, Memórias muito além do Futebol’, e contou com exposição de fotos, sarau e roda conversa, com participação da promotora de justiça Carla Carrion Fros, da delegada de polícia Cristiane Machado Pires Ramos, da jornalista Kelly Mattos e da diretora Feminina e de Inclusão do Inter, Janice Cardoso.
A programação se iniciou às 15h30, com recepção aos convidados que prestigiaram a exposição fotográfica ‘O silêncio também é uma arma’, da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) de Canoas. Idealizada pela delegada Carolina Funchal Terres, retrata objetos utilizados para agredir mulheres apreendidos nos inquéritos. Às 16h, o Sarau ‘Capitu e Outras Mulheres’ foi apresentado à plateia. A apresentação, criada e apresentada pela Magistrada Márcia Kern, reúne literatura, leitura dramática e música, tendo como fio condutor os comportamentos abusivos nas relações amorosas.
Após o Sarau, a roda de conversa teve início com a diretora Feminina e de Inclusão do Inter. Janice Cardoso, apresentou dados sobre casos de violência contra a mulher e destacou o compromisso do Clube do Povo com a causa.
“O Inter está absolutamente engajado nessas pautas. Nós temos uma Diretoria Feminina e de Inclusão dentro do nosso organograma e isso nos diz que o Inter está, sim, preocupado com o espaço da mulher, com a valorização e proteção de todas as formas. Nós também temos o Canal de Denúncias, com 300 cartazes espalhados por todo o Estádio, para que possa ser denunciado qualquer tipo de assédio, importunação e até mesmo violência de quem está fora do Beira-Rio. Os clubes de futebol, de um modo geral, são um espaço onde tem machismo, nós não precisamos esconder isso, e o Inter está aberto a se transformar.”
Janice Cardoso
Em seguida, a promotora de justiça Carla Frós ressaltou a importância de falar sobre violência contra a mulher em todos os espaços. O assunto, afinal, não se restringe somente aos Sistemas de Justiça e Segurança Pública.
“Nós precisamos falar [sobre violência contra a mulher] nos estádios de futebol, nos canais de denúncia como o Sport Club Internacional tem, precisamos falar nas escolas. Nossa sociedade, infelizmente, é muito machista. Esse comportamento nós temos que mudar desde cedo. Hoje, a gente fala muito sobre responsabilidade social das empresas, porque, sim, violência contra a mulher é um problema de toda a sociedade, e nós só vamos enfrentar se investirmos mais em políticas públicas e trabalharmos mais na prevenção.”
Carla Frós
Mesmo com todo o trabalho realizado pelos sistemas de Justiça e Segurança Pública, os índices de violência contra a mulher seguem crescendo, o que mostra a necessidade de o assunto ser discutido continuamente pela sociedade, conforme analisou Cristiane Ramos, painelista da roda de conversa. A delega ainda explicou que as mulheres encontram muitas dificuldades de romper o ciclo de violência e, consequentemente, de procurar ajuda.
“É uma questão que vai muito além de um trabalho criminal, de um trabalho de segurança. É uma questão cultural, é uma questão de educação. A gente tem que discutir, falar sobre isso, ter consciência de que ainda acontece, para que as pessoas também saibam identificar quando uma mulher está sendo vítima e incentivem, deem credibilidade, para que elas possam denunciar. Infelizmente, a grande maioria das [mulheres] que acabam sendo mortas, não conseguiram romper esse silêncio e acabam sendo vítimas do delito que a gente mais quer prevenir, que é o feminicídio.”
Cristiane Ramos
Jornalista da Rádio Gaúcha, Kelly Matos destacou a importância de iniciativas como a roda de conversa para que a transformação, de fato, aconteça na sociedade. A convidada tomou como exemplo campanhas educativas bem sucedidas em outras áreas para defender que a cultura machista pode ser superada.
“Se a gente não tiver uma mudança de comportamento, de pensamento, se não colocar essa ideia para discussão com homens e com mulheres, não vamos avançar. Se por algum tempo a gente viveu sem usar cinto de segurança, e depois de muito tempo temos campanhas educativas de punição pesada, a gente conseguiu transformar uma cultura. Para a violência contra a mulher, vale o mesmo. Eu acho que a gente consegue fazer a transformação com punição e também com mudança cultural. Hoje em dia, já existem carros que não dão partida se você não estiver com o cinto de segurança, e eu acho que vale o mesmo contra a violência à mulher. Não vamos dar partida se não tiver transformação, se não tiver uma mudança.”
Kelly Matos
Após a roda de conversa, as painelistas receberam presente, como forma de agradecimento pela participação. Além disso, todas as participantes receberam uma rosa em comemoração ao outubro rosa.
Painelistas
Cristiane Machado Pires Ramos
Delegada de Polícia do Estado do Rio Grande do Sul. Diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher, do Departamento Estadual de Proteção a Grupos Vulneráveis e titular da 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Porto Alegre. Docente da Academia da Polícia Civil.
Kelly Matos
Jornalista e apresentadora da Rádio Gaúcha. Foi a primeira mulher a participar da bancada do programa esportivo Sala de Redação. Apresenta os programas TimeLine e Gaúcha Mais, atua ainda como colunista em GZH. Também apresenta o podcast “Descomplica, Kelly”. Em 2022, foi eleita como a comunicadora de rádio Top of Mind, na categoria “love brands”, que destaca as marcas mais amadas pelos gaúchos.
Janice Cardoso
Administradora de Empresas. Especialista em Gestão de Projetos Sustentáveis. Sócia, conselheira e Diretora Feminina e de Inclusão do Sport Club Internacional.