Eucaliptos: 90 anos do primeiro estádio colorado
Há 90 anos, quando o Internacional estava prestes a atingir os 22 de existência, o primeiro grande salto rumo a um futuro glorioso se concretizava com a inauguração do estádio dos Eucaliptos, em um dia 15 de março, como hoje. Esta história começa dois anos antes, quando Ildo Meneghetti assumiu a presidência de um clube que havia perdido seu campo com a venda do terreno da Chácara dos Eucaliptos e que, em 20 anos de existência, não havia se preocupado em acumular patrimônio, visto que praticava o futebol de forma amadora. Com a possibilidade de fechar as portas, Ildo passou a investir na profissionalização do futebol e conseguiu garantias financeiras para comprar um terreno na rua Silveiro, ampliando o quadro social e vendendo títulos para auxiliar na construção da casa colorada, colocando ainda a sua empresa de engenharia a serviço do Clube para tal finalidade.
Desta forma, em 15 de março de 1931, o Internacional inaugurava ante o seu maior rival, a sua nova casa, o estádio dos Eucaliptos. A vitória por 3 a 0, com três gols feitos por Javel, prometia um futuro auspicioso para a nova praça esportiva de Porto Alegre. E assim foi. Durante os 38 anos em que foi casa da equipe principal do Inter, foram 15 títulos citadinos/metropolitanos e 15 títulos gaúchos. Mais do que isto, o novo estádio viu o futebol do Inter se profissionalizar e formar, com diversos jogadores negros, duas das maiores equipes que o estado já viu e que lhe renderam a alcunha de Clube do Povo ainda na década de 1940: o Rolo Compressor (1940-1949) e o Rolinho (1950-1959). Entre as duas equipes, viu passar até uma Copa do Mundo, a de 1950. Iugoslávia, México e Suíça jogaram na casa dos rubros naquela ocasião. Além disso, viu também muitos dos craques da era Beira-Rio iniciarem suas trajetórias no gramado da Rua Silveiro.
Foram tantos craques: Risada, Tupan, Darci Encarnação, Ivo Winck, Alfeu, Nena, Assis, Ávila, Abigail, Tesourinha, Carlitos, Rui, Russinho, Villalba, Milton Vergara, Florindo, Oreco, Paulinho, Salvador, Odorico, Luizinho, Larry, Bodinho, Jerônimo, Chinesinho, Gainete, Scala, Bibiano Pontes, Carpegiani, Escurinho, Claudiomiro, Valdomiro, dentre tantos outros que tiveram suas trajetórias ligadas de alguma forma ao mítico estádio dos Eucaliptos. Viu também o craque das arquibancadas, o jogador nº 12, Vicente Rao, introduzir carnaval com seu pioneirismo torcedor junto com o seu Departamento de Cooperação e Propaganda, primeira torcida organizada do estado criada em 1940.
Aliás, o aumento da torcida colorada e a impossibilidade de ampliar a sua casa, fizeram o Inter rumar para as águas do Guaíba, escrevendo uma nova página de sua história gloriosa. O Gigante da Beira-Rio substituiu o velho lar, que, em sua despedida, viu gerações de craques daqueles tempos jogarem juntos e dar adeus àquele relvado e àquele concreto que testemunhou uma época de ouro do futebol gaúcho.