No Programa do Inter desta quinta-feira (12), será discutida a trajetória de 55 anos da Camisa 12, a torcida organizada mais antiga do sul do Brasil. O programa contará com a participação de Roger Luiz, Diretor de Patrimônio, e Daniel Fortes, Diretor de Arquibancada, que falarão sobre a história da torcida e as atividades programadas para celebrar o aniversário.
Não há muitos registros aprofundados sobre as primeiras torcedoras, mas a presença feminina nas bancadas coloradas foi registrada ao longo dos anos. Torcendo lenços e luvas a Chácara dos Eucaliptos ou tocando instrumentos no Estádio Beira-Rio, a torcida feminina sempre existiu e com o passar dos anos foi conquistando mais espaço.
Fátima Ávila remonta um dos primeiros movimentos de torcida feminina na história do nosso clube. Ela foi esposa de Júlio, que jogou como winger e goalkeeper nos primórdios do Internacional, e irmã de Mita e Ávila, ponta de linha e back respectivamente. Nesse contexto, as mulheres se reuniam em grupos lideradas por uma madrinha. Essa dirigente podia cumprimentar os jogadores dentro da pradaria e além disso, assistia às partidas com uma vista privilegiada do campo.
Alaíde Fagundes é outro nome que emerge nas pesquisas sobre as mulheres na torcida colorada. Sem muitos detalhes, ela é citada por Vicente Rao, o pioneiro na organização da torcida do Inter. Rao é o responsável por dirigir a festa na arquibancada do Estádio dos Eucaliptos durante os anos do Rolo Compressor, época que segundo o próprio, teria atuado Alaíde. Nesse contexto, Alaíde é uma referência de liderança feminina na torcida e representa nesta pesquisa todas coloradas que acompanharam o Inter nas arquibancadas do Estádio dos Eucaliptos.
Em 114 anos de existência, despontaram grupos de mulheres em torcidas do Inter, como as Prendas Coloradas, primeiro núcleo feminino da Guarda Popular. Em 2009, foi fundada a primeira torcida organizada por mulheres do Inter, a Força Feminina Colorada (FFC). Herdeiras de grandes torcedoras, as mulheres da FFC foram pioneiras em fazer a gestão de uma torcida, onde as mulheres são as responsáveis pela logística pré-jogo, pela banda e pela orientação no espaço.
No dia 27 de janeiro de 2023, na partida entre Internacional x Ypiranga pela 3ª rodada do Campeonato Gaúcho, as mulheres coloradas foram responsáveis pela organização da torcida do Estádio Beira-Rio. Responsáveis pela logística, banda e caminhada, as mulheres que compõem a Guarda Popular provaram que são capazes de orquestrar sozinhas a festa na arquibancada do portão 7. No setor norte, as resistentes mulheres da Força Feminina Colorada, Nação Independente e Camisa 12 se uniram para se fortalecer. O que elas não projetaram é que mulher nenhuma fortalece só a si mesma e o que elas faziam naquele momento seria um marco na história das torcidas organizadas no Brasil.
A década 50 é marcada pelo caráter multiesportivo do Internacional, a contar com a formação de uma equipe de basquete feminina e a presença de competidoras no atletismo. O basquetebol foi praticado de 1954 a 1958 e teve sua melhor posição no supercampeonato dos Jogos Abertos Femininos, alcançando a terceira colocação.
Já no atletismo, o grande nome foi Jaciara Campos, que foi vencedora do salto em distância fazendo 5,28 no Campeonato Citadino de 1957. Izaura Pedroso foi a segunda colocada nos 200 metros rasos. Também participaram da competição as coloradas Zaira Lopes e Ivone Rosa.
Em 1958, Jaciara Campos representou o Internacional no Campeonato Brasileiro de Atletismo, alcançando mais um ouro para nosso quadro de medalhas. Sob o comando de Dario Tavares, a equipe de atletismo do Inter viveu gloriosos momentos. Lourdes Wasac também foi nome de prestígio no salto em distância do colorado, agregando valor à equipe feminina em 1958.
Maria de Lourdes Berwanger, carinhosamente chamada de Mariazinha, foi professora do Estado ao longo de toda a vida. Natural de Erechim, se casou com Enio Berwanger, radialista, em Vacaria. Ainda no interior do Rio Grande do Sul, o casal acompanhava o Sport Club Internacional, sendo o comunicador já sócio colorado, chamado à época de sócio correspondente. Mais tarde, Mariazinha e Enio se mudaram para Porto Alegre, onde o radialista se aproximou ainda mais do clube. Na década de 60, participaram da Campanha do Tijolo, a fim de colaborar com a construção do novo estádio do Internacional.
A data da inauguração do Gigante da Beira-Rio era marcada, então, para o dia 6 de abril de 1969. Alguns dias antes, Enio chegou em casa com um pedido inusitado: “Ele trouxe duas fitas longas, uma vermelha e uma branca, e pediu que eu costurasse as duas juntas para ser a faixa de inauguração”, conta. Ela, de prontidão, começou a unir os dois tecidos. “Não podia deixar de participar disso tudo com alegria. Isso fazia parte também da minha vida, não só do Enio”, relembra.
Ao capricho de suas mãos, nasceu a faixa que inaugurou o Estádio Beira-Rio. Coincidentemente, na fotografia onde a faixa está disposta, está também Enio que, mais tarde, além de conselheiro deliberativo, também se tornou a voz das caixas de som do estádio, fazendo os anúncios durante os jogos na antiga Cabine de Luz e Som. Enio faleceu em 1998, aos 67 anos, e Mariazinha em 2022, aos 88. O coloradismo, no entanto, permanece vivo no coração do filho e das duas netas, em uma família que tem o Inter como parte de sua história.
Das mãos de Humbertina Fachel, nasceu o primeiro fardamento colorado. Noiva e irmã de jogadores do recém fundado Internacional, era costureira de um atelier e, a partir da insistência dos colorados, aceitou a ilustre tarefa de dar forma ao nosso primeiro uniforme.
Com o auxílio de Julieta Pinto César, Eunila Fachel Costa e Lídia de Oliveira, Humbertina entregou os calções, camisas e bonés que vestiram os pioneiros alvirrubros. Em 1909, estas mulheres passaram dias e noites de trabalho para vestir a equipe do Internacional, o primeiro passo para o início de nossa senda de vitórias.
O primeiro uniforme do Internacional foi composto de uma camisa branca com listras verticais em vermelho, o boné vermelho e branco e um calção branco. Também foi Humbertina a responsável pela materialização do escudo do recém fundado Sport Club Internacional. “Foi cortado em papelão, forrado com algodão e coberto com retalhos das camisas, em vermelho e branco”, disse à Folha da Tarde Esportiva em 6 de abril de 1969, no ensejo da inauguração do Estádio Beira-Rio.
Nosso uniforme e nosso escudo sofreram alterações nesses mais de cem anos de história, mas as suas características fundamentais mantêm-se perenes no tempo. A camisa alvirrubra e o SCI que levamos no peito representam as coloradas e os colorados desde 1909. Frente a qualquer adversário, disputando qualquer campeonato ou mesmo se distinguindo como pontos rubros em uma rua movimentada de Porto Alegre, são estes símbolos que nos identificam, símbolos materializados por mãos femininas.
A Força Feminina Colorada, FFC, foi fundada em 24 de maio de 2009, ano em que foi comemorado o centenário do Sport Club Internacional, com o objetivo de unir mulheres coloradas para apoiar o time e incentivá-lo. Primeira torcida organizada formada exclusivamente por mulheres no sul do Brasil e segunda a ser fundada e reconhecida no país, a FFC surgiu para romper preconceitos, mostrando toda a coragem, a determinação e a paixão das torcedoras coloradas em qualquer situação, seja nas arquibancadas do Beira-Rio ou onde mais o Inter for jogar.
A Força Feminina Colorada, FFC, foi fundada em 24 de maio de 2009, ano em que foi comemorado o centenário do Sport Club Internacional, com o objetivo de unir mulheres coloradas para apoiar o time e incentivá-lo. Primeira torcida organizada formada exclusivamente por mulheres no sul do Brasil e segunda a ser fundada e reconhecida no país, a FFC surgiu para romper preconceitos, mostrando toda a coragem, a determinação e a paixão das torcedoras coloradas em qualquer situação, seja nas arquibancadas do Beira-Rio ou onde mais o Inter for jogar.
Desde então, a Força Feminina Colorada vem em uma crescente, sendo cada vez mais respeitada, reconhecida e valorizada por todos os colorados devido à sua organização e dedicação em tudo o que faz. Localizada atualmente entre os portões 3 e 2 na arquibancada inferior, a FFC tem como características o uso de bandeirolas, faixas, uniforme e sua banda com influências da cultura colorada de arquibancada e de bandas marciais.
Outra forte característica da FFC é sua vocação e constantes iniciativas para realização de ações sociais e culturais. Assim, em 2016 teve início seu projeto de uma escola de música voltada para crianças e adolescentes de escolas públicas de comunidades carentes. Exemplo de atitudes positivas, foco de tranquilidade e apoio ao Inter, hoje a FFC tornou-se muito querida entre nossa torcida, atraindo adeptas e simpatizantes, não somente entre as mulheres, mas também conquistando a admiração de coloradas e colorados de todas as idades.
Seu slogan “Representatividade, Empoderamento e Paz no Futebol!” resume de forma muito clara os objetivos desta Torcida Organizada muito especial e que orgulha a todos dentro de nosso Clube, afinal: Lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive no estádio!
Isabel Cristina de Araújo Nunes (Bel), figura valorosa das quadras e campos do Rio Grande do Sul, faz parte da primeira geração de mulheres no futebol colorado. Iniciou sua trajetória esportiva no futsal do Nonai Tênis Clube. Posteriormente passou para o futebol de campo no Pepsi Bola que, em 1983, deu origem ao time feminino do Sport Club Internacional, após a revogação do decreto que proibia o futebol feminino.
Com a camisa colorada, na década de 1980, a ponta-direita foi tricampeã gaúcha e vice-campeã brasileira. Além de colecionar títulos, foi pioneira no Brasil a ter uma linha de chuteiras assinadas com seu nome, sendo na época, a única chuteira de futebol feminino no país. Entre outras equipes, também atuou no Torino, Verona e foi bicampeã Sul-Americana pela Seleção Brasileira.
Conhecida por sua extrema qualidade sendo uma atacante rápida, goleadora, inteligente e muito técnica, Bel cravou seu nome na história do futebol gaúcho de forma ilustre.
O ginásio de esportes do Clube do Povo completa 50 anos neste sábado (04/11). Inaugurado em um jantar festivo realizado na noite do domingo dia 4 de novembro de 1973, o local, inicialmente chamado de ginásio do Beira-Rio, logo foi apelidado e popularmente batizado como Gigantinho.
Após a inauguração do Beira-Rio em 1969, a direção do Internacional começou a projetar novos equipamentos e melhoramentos na nobre área do Clube, às margens do Guaíba. Com longa tradição esportiva em modalidades como basquete, futsal, vôlei e judô, entre outras, a decisão da época foi pela construção de um ginásio que qualificasse as práticas poliesportivas do Colorado.
Rara imagem do começo das obras do Gigantinho/Foto: Norma Prates/Arquivo Pessoal
É nesse contexto que surge o Gigantinho, inicialmente voltado aos esportes, mas logo adotado, também, para eventos culturais e diversos. Já nos primeiros dias após sua fundação, afinal, o maior ginásio coberto do Sul do Brasil colocou à prova sua vocação para abrigar programações que superassem o calendário esportivo. A seguir, te convidamos a conhecer detalhes dessa rica história!
AS OBRAS
Obras começaram no início dos anos 1970/Foto: Norma Prates/Arquivo Pessoal
Em 1970, na gestão do presidente Carlos Stechman, foi constituída a comissão de obras para a construção do Gigantinho, com Eraldo Hermann sendo nomeado o presidente. O ginásio de esportes do Internacional é o terceiro maior do Brasil, e conta com uma área construída de 7.200 metros quadrados e uma quadra poliesportiva medindo de 36m x 18m.
Panorama do ginásio na reta final da construção/Foto: Norma Prates/Arquivo Pessoal
Inaugurado para receber 15 mil pessoas, o Gigantinho tem uma capacidade atual de público para 5.080 espectadores(as), além de 11 cabines destinadas à imprensa, 13 banheiros, seis vestiários, 11 bares e seis portões de acesso. O ginásio ainda abriga a Fundação de Educação e Cultura do Sport Club Internacional (FECI) e a Biblioteca Zeferino Brazil, com mais de 82 mil livros à disposição do público.
FESTIVAL DE INAUGURAÇÃO
Durante duas semanas, o Gigantinho foi palco de shows e muitos jogos – de basquete, futsal e handebol – que compreenderam seu amplo e diversificado Festival de Inauguração. As festividades começaram com o Jantar da Família Colorada, na noite de 4 de novembro, para o qual os ingressos individuais custavam 75 cruzeiros. O evento contou com apresentação da primeira atração musical da história do ginásio, a cantora Elizeth Cardoso.
Imagem do Jantar de Inauguração do Gigantinho
Já na noite de 5 de novembro ocorreu a cerimônia oficial de inauguração e a primeira jornada esportiva da nova casa colorada. Uma rodada dupla e internacional de futsal abriu o ginásio para o esporte. No primeiro jogo da noite, o Inter venceu o Sporting, do Uruguai, por 4 a 1, gols de Gauer (2), Marquinho e Lico. Ibarra fez o gol visitante. Foi Gauer, inclusive, quem anotou o primeiro gol no ginásio, aos dois minutos do segundo tempo.
Gauer marcou o primeiro gol do ginásio
Na mesma noite, a Seleção Brasileira venceu a Seleção do Paraguai por 4 a 1. A rodada dupla teve ampla cobertura da mídia (como, por exemplo, transmissão ao vivo da Rádio Guaíba), e foi antecedida pelo simbólico corte da fita inaugural do ginásio.
Dirigentes, na noite da inauguração, com o presidente da comissão de obras Eraldo Hermann (gravata vermelha)
Dando sequência ao Festival, as noites de 6 e 7 de novembro foram reservadas para a primeira festa popular do Gigantinho, que recebeu duas apresentações do grupo show da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, do Rio de Janeiro. Os ingressos para as noites de espetáculo foram distribuídos gratuitamente pelo Clube do Povo, em parceria com a Prefeitura de Porto Alegre.
Matéria do jornal Correio do Povo, de 5 de novembro de 1973
Entre os dias 8 e 12, ocorreu o torneio de futebol de salão da inauguração, com a presença das equipes do Sumov-CE, Palmeiras-SP, Atlético-MG, Peñarol-URU, América-RJ e Inter. Depois, em 15 de novembro, o time de futsal do Clube do Povo disputou amistoso com o Cardenas, do Paraguai. Antes disso, no dia 12, o handebol colorado estreara no Gigantinho contra o Colégio MIlitar.
O ponto alto dos eventos esportivos do Festival de Inauguração foi o torneio de basquete, que reuniu as equipes de Inter, Petrópole T.C., mais Flamengo-RJ, Palmeiras-SP, Fluminense-RS e Vasco-RS. Treinado por Heron Heinz, o Clube do Povo foi vice-campeão do torneio.
Basquete colorado na inauguração do Gigantinho
O Festival foi encerrado na noite do dia 16, com um show musical coletivo que reuiniu expoentes da Música Popular Brasileira. Nomes como Gonzaguinha, Clara Nunes, Agnaldo Timóteo e Cauby Peixoto dividiram o palco no primeiro grande espetáculo musical da história do Gigantinho, que logo entraria no roteiro dos maiores eventos musicais do país.
Divulgação do primeiro grande show musical do Gigantinho
POLO ESPORTIVO E CULTURAL
Ao longo de seus 50 anos, o Gigantinho sediou inúmeros shows nacionais e internacionais, eventos diversos e até uma missa com o Papa João Paulo II, em 1980. No âmbito esportivo, o ginásio, além de memoráveis jogos de futebol de salão e basquete do Inter, recebeu jogos da Copa Davis de tênis, partidas das seleções do Brasil de vôlei, basquete e futsal, eventos de boxe, como um combate do pugilista Adilson Rodrigues, o Maguila, e diversas outras modalidades.
Registro da visita do Papa ao Gigantinho
ROLO COMPRESSOR TAMBÉM NAS QUADRAS
O Gigantinho serviu de casa para os dois maiores títulos do futsal colorado. A primeira grande conquista veio em 1996, quando o Clube do Povo, apoiado por 15 mil pessoas, bateu o Vasco da Gama por 6 a 1 na final e levantou a taça da 1ª Liga Nacional de Futsal. O Inter teve a melhor campanha e o melhor ataque da competição, com 16 vitórias, seis empates e apenas três derrotas, além de 99 gols marcados, em 25 partidas.
Futsal colorado levantou grandes taças no Gigantinho
Os craques Serginho, goleiro da Seleção Brasileira por mais de 10 anos, Ortiz e Manoel Tobias seguiram no Inter em 1997 e conduziram o Clube do Povo à conquista do primeiro Mundial Interclubes de Futsal. Mais uma vez com o Gigantinho lotado, o Colorado encarou o Barcelona na finalíssima e superou os espanhóis por 4 a 2 (placar agregado do tempo normal com a prorrogação) para ficar com a taça.
O Clube do Povo recebeu com profundo pesar a notícia do falecimento de Marinho Peres. Atleta do Inter nos anos de 1976 e 1977, o ex-zagueiro, titular absoluto na conquista do segundo Brasileirão da história colorada, morreu nesta segunda-feira (18/09), aos 76 anos, após mais de um mês internado por complicações nos rins e no coração.
Marinho Peres defendeu o Inter entre 1975 e 1976
Relembre a carreira de Marinho Peres:
Natural de Sorocaba-SP, Mário Peres Ulibarri começou a carreira no São Bento. Destacadas, suas atuações logo chamaram a atenção da Portuguesa dos Desportos, equipe que defendeu entre o final dos anos 1960 e o começo da década de 1970. No Canindé, o defensor ganhou o apelido de Marinho Peres. Com ele, se consolidou entre os melhores zagueiros do futebol brasileiro.
Brasil na Copa do Mundo de 1974 (Marinho é o primeiro em pé a partir da direita)
Nacionalmente reconhecido, Marinho viveu, a partir de 1973, uma ascensão meteórica. Primeiro, o zagueiro acertou com o Santos de Pelé. Lá, conquistou o Paulistão. Depois, em 1974, embarcou rumo ao Velho Continente, onde assinou com o Barcelona de Johan Cruijjf. Nessa temporada, Peres ainda foi titular do Brasil na Copa do Mundo da Alemanha. O ápice de sua carreira, porém, ainda estava por vir.
Marinho em ação na Copa do Mundo de 1974/Foto: Arquivo Pessoal/Marinho Peres
Recém-coroado campeão brasileiro de 1975, o Clube do Povo enxergou em Marinho o par perfeito para Figueroa – e esperou o momento certo para se aproximar do defensor. Caso permanecesse no Barcelona em 1976, Peres, que tinha naturalidade espanhola, precisaria servir ao exército do país durante todo aquele ano. Sua continuidade no Camp Nou, portanto, estava comprometida. E nada melhor do que trocar um gigante europeu pelo atual dono do Brasil.
Marinho Peres nos anos de Barcelona/Foto: Ricardo Duarte
Se engana quem pensa que o vistoso currículo garantiu titularidade imediata a Marinho. Dupla de Figueroa no Brasileirão de 1975, Hermínio continuou titular na abertura do Gauchão de 1976, a ponto de a primeira grande oportunidade para o zagueiro mundialista surgir apenas na derradeira rodada da primeira fase estadual, quando o Clube do Povo disputou o Gre-Nal de número 223 na história.
A primeira ficha de Marinho como jogador do Inter
Surpreendentemente (ou não) pessimista com as chances do Inter, a imprensa gaúcha tentou rotular Marinho como um fracasso antes mesmo de sua estreia. Para a crítica, Peres e Figueroa não podiam jogar juntos. Especulavam que os dois brigariam por holofotes, deixando Alcindo, atacante do rival, à vontade para brilhar no Beira-Rio. Coitados. Apoiado por mais de 73 mil pessoas, o Colorado venceu o clássico por 2 a 0.
“Eu quero estar sempre
entre os melhores”
Marinho Peres
Foto: DVG/Terceiro Tempo
Figueroa e Marinho formaram uma das maiores zagas da história do Inter
Os gols do Gre-Nal foram marcados por Figueroa e Carpegiani, dois dos melhores jogadores em campo – ao lado de Marinho. Seguro sempre que exigido e dono de refinada técnica para sair jogando, Peres assumiu a titularidade colorada para, a partir de então, formar com Don Elias a dupla de zaga que conquistaria o Gauchão de 1976 e, junto com ele, o jamais igualado Octa do Rio Grande.
“Toda vez que tirava
uma foto do nosso time antes dos jogos,
tinha a certeza de que ele deixaria saudades!”
Marinho Peres
Os campeões de 1976 (Marinho é o segundo em pé a partir da direita)
No segundo semestre, Marinho Peres colocou mais uma faixa no peito. Adaptado à linha de impedimento, estratégia que aprendera a explorar durante os anos de Europa, o zagueiro encaixou como uma luva na equipe de Rubens Minelli e foi um dos pilares da equipe campeã com o melhor aproveitamento da história do Brasileirão: 84%. De 23 jogos, o Inter empatou um, perdeu três e venceu 19, o último deles diante do Corinthians, na finalíssima, por 2 a 0.
Inter em 1977 (Marinho é o terceiro em pé a partir da direita)
Marinho Peres deixou o Inter em 1978. Negociado com o Palmeiras, permaneceu no Parque Antártica até 1980, quando acertou com o América-RJ, último time de sua carreira. Em Porto Alegre, o ex-zagueiro está eternizado como um dos grandes nomes do inesquecível e vencedor Clube do Povo dos anos 1970. Sinônimo de saudade, o ídolo partiu deixando as melhores recordações para o povo colorado. Obrigado por tudo, campeão!
Marinho atende torcedores em frente ao Portão 8 do Beira-Rio/Foto: DVG
A cidade de Videira, em Santa Catarina, recebeu a Caravana Colorada na última sexta-feira (18). O evento, na Capela da Farroupilha, foi marcado pela participação dos ídolos Hiran, Pinga e Valdomiro e da banda Ataque Colorado.
Entre os destaques da festa colorada, troféus e prêmios que testemunharam os êxitos do Clube despertaram a admiração dos cerca de 250 presentes.
Em Videira, a Caravana Colorada levou não somente lembranças memoráveis, mas também um sentimento de pertencimento aos torcedores. A celebração conectou gerações de apaixonados pelo Clube e consolidou a história viva do Internacional com a união de antigos astros do campo e os símbolos das glórias do Clube do Povo.