Benítez conversa com a Rádio Colorada no pré-jogo de Inter e Olimpia

Ídolo colorado, o goleiro do Tri Brasileiro conversou com a Rádio Colorada no pré-jogo desta quarta-feira. Minutos antes do duelo entre Inter e Olimpia, válido pela terceira rodada do grupo B da Libertadores, Benítez, que na última segunda-feira completou 69 anos, matou as saudades do povo vermelho e revelou toda a paixão que tem pelo Clube do Povo. Confira!

Sport Club Internacional · Raio-X #22 | Internacional x Olimpia, entrevista com Victor Villalba | 05/05/2021

Ex-goleiro Bagatini recorda Brasileirão de 1979

A temporada de 1979 abriga o último título de Campeonato Brasileiro da história colorada. É fonte de incontáveis boas lembranças para a torcida. Sobre elas, o ex-goleiro Cezar Bagatini, integrante do plantel campeão nacional pelo Inter naquele ano, falou em entrevista concedida ao programa Velhas Súmulas, da rádio Colorada, neste sábado (23/01).

Sport Club Internacional · Rádio Colorada | Entrevista com o ex-goleiro Bagatini | 23/01/2021

A entrevista também pode ser acessada no Spotify do Inter.

O programa Velhas Súmulas vai ao ar aos sábados na rádio Colorada geralmente das 14h às 15h30. Durante 90 minutos, entrevistas com personagens da história do Inter, detalhamento de fatos importantes da trajetória do Clube do Povo, reportagens especiais, além de leituras de trechos de livros, crônicas e textos sobre futebol preenchem as tardes de sábado da emissora oficial do Internacional.

Aos domingos também, quando o programa é reproduzido como reprise às 14h, geralmente. Neste final de semana, a reprise vai ao ar mais cedo, às 13h, antecedendo o programa Portões Abertos e a Jornada Esportiva para a partida do Internacional contra o Grêmio, válida pela rodada 32 do Campeonato Brasileiro da Série A.

Acompanhe ainda a programação da emissora oficial do Inter durante a semana: de segunda a sexta-feira, o Programa do Inter, o noticiário colorado mais completo do rádio, vai ao ar a partir das 18h via internet e FM 95.5 da rádio Sara Brasil.

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Batista recorda o Inter que dominou o Brasil nos anos 1970

Lapidado no Celeiro de Ases, o ex-meio-campista Batista foi peça importante das equipes do Internacional que dominaram o futebol brasileiro nos anos 1970. Justamente para abordar isto, sua formação como jogador de futebol e aquele glorioso período da história colorada, Batista concedeu entrevista à rádio Colorada.

Na edição deste sábado (26/12) do programa Velhas Súmulas, Batista relembrou seu início no futebol, a chegada ao Inter, o Celeiro de Ases, a subida ao primeiro time colorado e a consolidação da camisa vermelha no âmbito nacional a partir das conquistas das edições de 1975, 1976 e 1979 do Campeonato Brasileiro.

Sport Club Internacional · Rádio Colorada | Entrevista com ex-meio-campista Batista | 26/12/2020

A entrevista também pode ser acessada no Spotify do Inter.

O programa Velhas Súmulas vai ao ar aos sábados na rádio Colorada geralmente das 14 horas às 15 horas e 30 minutos. Entrevistas com personagens da história do Inter, detalhamento de fatos importantes da trajetória do Clube do Povo, reportagens especiais, além de leituras de trechos de livros, crônicas e textos sobre futebol preenchem as tardes de sábado da emissora oficial do Internacional. Aos domingos também, quando o programa é reproduzido como reprise às 14 horas, geralmente.

Neste final de semana, por conta da transmissão da partida do Inter com o Bahia, válida pelo Campeonato Brasileiro da Série A, a reprise vai ao ar mais cedo: às 13h30.

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As aspas do time jamais derrotado

O Time que Nunca Perdeu

O futebol brasileiro nunca viveu algo parecido. Em 1979, o povo colorado conheceu um time único. Nenhuma derrota na campanha, nenhum precedente na história, milhares de testemunhas no Beira-Rio. Há 41 anos, em um veranil 23 de dezembro, o Brasil era conquistado pelo inigualável Time que Nunca Perdeu. Emissora oficial do Inter, ao longo de 2020 a Rádio Colorada conversou com heróis da geração invicta. Confira as entrevistas abaixo!


Benítez

O goleiro não derrotado. Benítez brilhou no Brasileirão de 1979, temporada em que assumiu, de uma vez por todas, o rótulo de sucessor de Manga. Com seus arrojados milagres, o arqueiro conquistou o coração dos colorados e coloradas, que suspiravam tranquilos quando um atacante chegava às cercanias da área alvirrubra, confiantes de que o paredão vermelho conseguiria se sobressair diante de quaisquer atacantes.

Dias após completar 68 anos, o paraguaio conversou, em maio, com o Programa do Inter. Especial, o papo contou com declarações de amor à Maior e Melhor Torcida do Rio Grade, além de participação de sua papagaia, Princesa. Confira:

Sport Club Internacional · Rádio Colorada: Entrevista com o ex goleiro do Internacional Benítez – 05/05/2020

João Carlos

Pai dos gêmeos Diego e Diogo, revelações que marcaram época no Clube do Povo do início do século XXI, João Carlos era o lateral-direito do Inter em 1979. Jogador de grande regularidade, homem de confiança do técnico Ênio Andrade, o atleta foi um dos destaques, por exemplo, na história vitória de 3 a 2 sobre o Cruzeiro, em Belo Horizonte, obtida no quadrangular anterior às semifinais.

Recente, a entrevista de João Carlos, concedida para o Velhas Súmulas, foi ao ar no último dia 13. Relembre-a agora:

Sport Club Internacional · Rádio Colorada | Entrevista com o ex-lateral João Carlos | 12/12/2020

Mauro Galvão

Poucas emissoras gozaram de segurança comparável à da Rádio Colorada neste ano de 2020. Dando continuidade às entrevistas com defensores da inigualável Academia do Povo invicta, o Programa do Inter recebeu, no mês de junho, Mauro Galvão. Zagueiro de grande requinte técnico, o defensor somava apenas 17 anos quando assumiu a titularidade na retaguarda do Internacional. Cria do Celeiro de Ases, não demorou para encantar o Brasil.

No papo, onde definiu sua estreia como a camisa colorada como “um sonho que virava realidade”, Mauro Galvão contou muitos bastidores da formação da equipe que dominaria o país em 1979. Ouça:

Sport Club Internacional · Rádio Colorada: Entrevista exclusiva com o ex-zagueiro do Internacional Mauro Galvão – 09/06/2020

Cláudio Mineiro

Pela esquerda, Mário Sérgio lançou Cláudio Mineiro. O Inter já derrotava o Vasco por 1 a 0, chegava a três no agregado, e a torcida festejava a iminente taça. Com espaço para progredir, o lateral avançou até as cercanias da área antes de cruzar bola açucarada para Bira, que dividiu com Leão. No rebote, Falcão marcou. O Brasil ficava ainda mais vermelho.

Protagonista na jogada do gol do título, o ex-lateral-esquerdo Cláudio Mineiro foi entrevistado pelo Programa do Inter no mês de julho. Confira a conversa e os declames de amor do ídolo à torcida colorada:

Sport Club Internacional · Rádio Colorada | Entrevista exclusiva com Claudio Mineiro, ex-lateral do Clube do Povo – 17/07/2020

Príncipe Jajá

Nono maior artilheiro da história colorada, Jair Gonçalves Prates é uma santidade na rica biografia do Internacional. Ídolo que tem no Beira-Rio uma segunda casa, o ex-meia sofreu, no mês de maio, com o falecimento de sua mãe. Poucos dias após a perda, ele participou do Programa do Inter para receber os devidos sentimentos do Clube do Povo.

Ao longo do papo, o Príncipe do povo colorado também relembrou os iluminados tempos que viveu com a camisa alvirrubra e, com a simpatia que lhe é costumeira, encantou os ouvintes da Mais Vermelha. Prestigie essa grande entrevista:

Sport Club Internacional · Rádio Colorada: Entrevista exclusiva com Principe Jajá – 19/05/2020

Valdomiro

Ninguém vestiu mais vezes do que ele o manto do Clube do Povo. Recordista Valdomiro, o eterno camisa sete do Beira-Rio foi atração do Velhas Súmulas no mês de junho. Jogador que personifica a essência colorada, tricampeão brasileiro e presente em todos os títulos que formam o Octa, ao longo da entrevista o ídolo recordou diversos momentos especiais que viveu com a camisa vermelha.

Valdomiro serviu de sinônimo para Inter ao longo da década de 70. Poucos, portanto, sabem tanto do Clube do Povo quanto ele. Até por isto, ouvir o ex-ponta é sempre um prazer, que você pode ter agora:

Sport Club Internacional · Rádio Colorada | Entrevista com Valdomiro, ex-atacante do Inter | 20/06/2020

Bira

Todo time campeão precisa contar com um grande goleador. Uma conquista invicta, então, exige verdadeiro perito no comando de ataque. Camisa 9 do Time que Nunca Perdeu, Bira faleceu no último mês de setembro, levando lágrimas aos rostos de milhões de colorados e coloradas, que orgulhosos relembraram dos 32 gols marcados pelo atacante nas 50 partidas que disputou pelo Clube do Povo.

Meses antes do falecimento do ídolo, o Programa do Inter teve o privilégio de entrevistá-lo, no mês de maio, para conversa sobre os tempos de artilharia que Bira viveu no número 891 da Padre Cacique. Ouça:

Sport Club Internacional · Rádio Colorada: Entrevista exclusiva com Bira Burro, ex-centroavante do Internacional – 20/05/2020

Ex-lateral João Carlos relembra título invicto de 1979

O ex-lateral João Carlos foi parte de uma das temporadas mais especiais da história do Internacional. O pai dos gêmeos Diego e Diogo, ex-jogadores do Inter no início dos anos 2000, era titular da equipe alvirrubra comandada por Ênio Andrade que chegou ao posto mais alto do futebol nacional sem sofrer uma derrota sequer.

João Carlos recordou esta e outras histórias em entrevista concedida ao programa Velhas Súmulas, da rádio Colorada, neste sábado (12/12).

Sport Club Internacional · Rádio Colorada | Entrevista com o ex-lateral João Carlos | 12/12/2020

O material também pode ser acessado no Spotify do Inter.

O programa Velhas Súmulas vai ao ar aos sábados na rádio Colorada geralmente das 14 horas às 15 horas e 30 minutos. Entrevistas com personagens da história do Inter, detalhamento de fatos importantes da trajetória do Clube do Povo, reportagens especiais, além de leituras de trechos de livros, crônicas e textos sobre futebol preenchem as tardes de sábado da emissora oficial do Internacional. Aos domingos também, quando o programa é reproduzido como reprise às 14 horas, geralmente.

Acompanhe ainda a programação da emissora oficial do Inter durante a semana: de segunda a sexta-feira, o Programa do Inter, o noticiário colorado mais completo do rádio, vai ao ar a partir das 18 horas via internet e no FM 95.5 da rádio Sara Brasil.

Além do site do Inter, a emissora oficial do Clube do Povo pode ser escutada via aplicativo.

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“Jogador sozinho não ganha campeonato, mas o Falcão de 79 seria vice!”

O título desta matéria não contém exagero algum. Icônica, a frase, proferida por um gênio, retrata com grande precisão a magnificência de outro. De Veríssimo, Luís Fernando, para Falcão, Paulo Roberto. O Inter tricampeão do Brasil jamais foi repetido. Protagonismo igual ao de nosso camisa cinco? Nunca mais visto. Marcada por superações coletivas e pessoais, a história do craque do ‘Time que Nunca Perdeu’ é única, e merece, no dia do aniversário do Rei, ter seu principal capítulo rememorado. Conheça detalhes da mágica temporada vivida por Falcão em 1979!

Falcão exibe o cobiçado troféu para o povo colorado/Foto: Divulgação

Idolatria afirmada


No futebol, a história da camisa cinco tem um antes e depois. Falcão a divide. Gênio da bola, o revolucionário meio-campista revelado pelo Celeiro de Ases construiu carreira meteórica no Clube do Povo. Lançado aos profissionais em 1973, por Dino Sani, no ano seguinte já seria pilar da máquina de Minelli.

Bicampeão nacional sob o comando Rubens, ainda atingiria, treinado por Cláudio Duarte, o seu quinto título estadual. Idolatrado e figurando no principal degrau do panteão colorado o craque chegou ao fim da década de 70. Ninguém poderia imaginar, portanto, que Paulo conseguiria abrir os anos 80 ainda mais amado.

Ficha de inscrição de 1968 do atleta Paulo Roberto Falcão/Foto: Arquivo histórico do S.C. Internacional

Falcão precisou de pouco mais de dois anos como profissional para ser escolhido o melhor meia do Brasil. Brilhante na conquista do Brasileirão de 1975, o jovem integrou a seleção do campeonato. Aos 22 anos (recém-completados), foi fundamental, por exemplo, diante do Fluminense, na semifinal do torneio, quando em um Maracanã lotado serviu linda assistência para a pintura de Lula, primeira da jornada em solo carioca.

No ano seguinte, o Inter bicampeão do Brasil voltou a contar com a magia de seu camisa cinco, uma vez mais decisivo para a classificação alvirrubra à decisão nacional. Contra o Atlético-MG, desta vez no Beira-Rio, o craque marcou, no último minuto do tempo regulamentar, um dos gols mais bonitos da história do futebol, segundo da virada alvirrubra por 2 a 1. Construído em belíssima tabelinha de cabeça com Escurinho, o tento classificou o Clube do Povo para o duelo diante do Corinthians, encerrado com vitória vermelha, no Gigante, por 2 a 0.

Após insucessos estaduais e nacionais em 1977, o Inter voltou a ser protagonista na temporada de 1978. Terceiro do Brasil, o Clube do Povo conquistou o título gaúcho no Olímpico, antiga casa gremista, após vitória por 2 a 1. Falcão, ao lado de Jair e Valdomiro, foi um dos destaques do feito, inclusive marcando gol em Gre-Nal do primeiro turno.

No Brasileirão, o Colorado sucumbiu, nas semifinais, para o forte time do Palmeiras. A ausência na decisão, todavia, não impediu a escolha do catarinense de Abelardo Luz para o prêmio de melhor do Campeonato. Bola de ouro, o camisa cinco chegava a 1979 sonhando com repetir o brilho individual e elevar o desempenho coletivo.

Os campeões do Rio Grande em 1978. Falcão, em pé, ao centro/Foto: Divulgação

Novos problemas, novas companhias


Primeiro campeonato do ano, o Gauchão de 1979 acendeu importante alerta no Beira-Rio. Os primeiros sinais de oscilação chegaram ainda nos turnos de abertura do torneio, encerrados com tropeços diante de adversários inferiores ao Colorado. Na sequência, Cláudio Duarte, comandante alvirrubro desde 1978, precisou deixar a casamata – embora tenha continuado a ocupar cargo na comissão técnica.

Com a missão de reverter o quadro negativo e construir campanha campeã no octogonal final, desembarcou, então, Zé Duarte, treinador de boas passagens pelo interior paulista, em especial a campineira dupla Guarani e Ponte Preta. Zé, contudo, não apenas falhou em injetar novo ânimo no Inter, como também viu intensificar o clima conturbado nos arredores da Padre Cacique.

“A maior motivação

foram as críticas e a

humilhação que sofremos

durante o Estadual”

Mário Sérgio

Para além de resultados inesperados, caso dos reveses consecutivos para São Paulo de Rio Grande e Novo Hamburgo, o condicionamento dos atletas também se tornou um problema. Pilares da equipe, os ídolos Falcão e Valdomiro sofreram lesões graves, assim como o excelente zagueiro Larry. Reforços, ficava evidente, eram necessários, e eles foram encontrados tanto no mercado, à época inflacionado, quanto no Clube, tradicional formador de estrelas.

Mauro Galvão e Falcão no Beira-Rio em 1979/Foto: Divulgação

A demora para encontrar uma nova formação, porém, custou o Estadual, encerrado no simplório terceiro lugar, posição que cobrou nova mudança na comissão técnica. No lugar de Duarte, chegou Ênio Andrade, então comandante do Coritiba. Com ele, veio também Gilberto Tim, mestre da preparação física e bicampeão nacional pelo Inter ao lado de Rubens. O Brasileirão batia à porta, e o Colorado seguia desencontrado.

Dentro de campo, o Inter acumulou, ao longo dos meses de disputa do Gauchão, novidades em todos os setores. Contratado em 1977, o goleiro Benítez, emprestado para o Palmeiras em 1978, retornou ao Beira-Rio e logo conquistou a titularidade. Na defesa, Mauro Pastor se consolidava como zagueiro, enquanto o lado esquerdo começava a ser desbravado por Cláudio Mineiro. Completando o miolo estava o jovem Mauro Galvão, que, aos 17 anos, já encantava o Brasil.

João Carlos, cria da casa, fazia o corredor direito, faixa de campo ocupada, no meio de campo, por Jair. O Príncipe tinha as magníficas companhias de Batista, mais recuado, e Falcão, trio responsável por ditar o ritmo do Alvirrubro. Mais tarde, para o ataque, chegou Bira, contratado junto ao Remo e com o aval de Dario Maravilha, camisa 9 do título de 1976. Os dois centroavantes travavam, em Belém do Pará, intenso duelo pela artilharia paraense, com Dadá vestindo a camisa do Paysandu.

Montagem do ‘Time que Nunca Perdeu’ não foi simples

Falcão e Jair, estrelas benquistas pela torcida, também desejavam um ponta-esquerda, e tinham em mente o nome ideal: Mário Sérgio Pontes de Paiva. Pesava contra o ‘Vesgo’ seu temperamento intempestivo, que gerava desconfiança na diretoria colorada. As estrelas do meio de campo alvirrubro, entretanto, bateram pé, e prometeram se responsabilizar pelo futuro companheiro. Com ele, argumentaram, conquistariam taças. Mário, então, foi contratado – e logo caiu como uma luva no corredor canhoto.

Disciplinado taticamente, o camisa 11 atuava como um legítimo construtor, armando constantes aproximações ao trio de meias, assim criando quadrado mágico no time de Ênio Andrade. Menos agudo do que Lula, seu predecessor na ponta, o carioca permitia a Falcão presença ainda maior no terço final do campo. Uma geração inesquecível, enfim, tomava forma. Restava azeitar as engrenagens.


Segurança nas fases iniciais


Integrante do Grupo G, o Inter abriu o Brasileirão como visitante. No Couto Pereira, o Clube do Povo enfrentou o Athletico Paranaense, partida disputada em 23 de setembro e encerrada com o placar inalterado. Coube a Bira, três dias depois, marcar o primeiro gol colorado no Brasileirão. Acompanhado por Adilson na súmula de artilheiros alvirrubros, o centroavante foi fundamental na vitória por 2 a 1 sobre o Santa Cruz, em Recife.

“O Inter torna-se grande

quando ninguém acredita nele.

É um time que cresce quando

tudo fica difícil!”

Paulo Roberto Falcão

Na mesma partida, entretanto, o camisa 9 fraturou o braço e, ao lado de Batista, com uma distensão, tornou-se desfalque para as rodadas seguintes. Desconfianças retornavam, embora Jair as tenha parcialmente dissipado na terceira rodada, quando marcou, no Beira-Rio, o tento da vitória sobre o Figueirense.

A quarta rodada reservou ao Inter o primeiro clássico daquela edição do Brasileiro. Em um Beira-Rio lotado, Jair e Falcão apostaram na bola parada e, através de jogada ensaiada que contou com toque do futuro Rei e arremate do Príncipe, venceram o ex-companheiro Manga, então goleiro gremista. Colorado 1 a 0, e a campanha nacional tomava corpo, bem como o psicológico alvirrubro, renovado após o primeiro triunfo em Gre-Nais no ano. Nas jornadas seguintes, dois por 3 a 0, sobre Sport e Coritiba, encaminharam a classificação.

Na reta final da primeira fase, o Inter ainda empatou com América-RJ, por 1 a 1, antes de superar, na oitava rodada, o Rio Branco-ES, por 5 a 1. Diante dos capixabas, Falcão anotou uma pintura para abrir o placar. O camisa cinco emendou de primeira, da entrada da área, cobrança aberta de escanteio feita por Mário Sérgio, pela esquerda. O gol, marcado na goleira do Gigantinho, foi o primeiro do craque no Campeonato, sucedido, na mesma partida, pelo de número dois, quinto da jornada, que saiu em lindo testaço. Depois da goleada, o Clube do Povo encerraria o grupo empatando, no Gigante, com o Operário-MS, placar de 2 a 2.

Se na fase inicial oito equipes avançaram de um grupo com 10, o segundo momento do Brasileirão de 1979 começou a afunilar os participantes do torneio. Disputado por 94 times, o Campeonato daquele ano contou, na fase de número dois, com sete chaves formadas por oito instituições. Destas, apenas duas avançariam. Líder no formato anterior, o Inter sabia que os tropeços precisariam se tornar cada vez mais escassos.

Assim, o Colorado venceu, na primeira rodada, o Goytacaz, do Rio de Janeiro, por 1 a 0, gol de Mauro Pastor. Na semana seguinte, o Gigante sediou novo duelo da Academia do Povo, este perante os gaúchos do São Paulo de Rio Grande. Jair, cobrando pênalti sofrido por Falcão, abriu o escore. Bira, precisamente servido pelo Rei, aumentou, e Mário Sérgio, já na etapa final, fez o terceiro do triunfo por 3 a 1.

Três empates consecutivos, contra Caldense-MG, Anapolina-GO e Atlético-PR, representaram o momento mais delicado do Inter no torneio. Seguro defensivamente, o Colorado custava para deslanchar na linha de frente, muito pela ausência de Valdomiro, com volta aos gramados prevista apenas para o ano seguinte. Até mesmo Falcão chegou a atuar como centroavante em uma das tentativas de Ênio para bagunçar zagas rivais. Foi então que Valdo, como sempre sedento por quebrar paradigmas e recordes, retornou ainda no final do mês de novembro. Mais precisamente, no dia 25.

A reestreia do ídolo ocorreu diante da Desportiva, do Espírito Santo, e foi coroada, logo cedo, com assistência para Bira. Depois, no segundo tempo, o Rei também quis ser garçom, e ofereceu passe maravilhoso para Batista marcar o segundo. O centroavante alvirrubro, que de burro não tinha nada, faria mais dois, o último após lançamento genial de um Falcão cada vez mais à vontade dentro de campo, visivelmente decidido a conquistar o país como protagonista. O duelo, encerrado com o triunfo por 4 a 0, até hoje é lembrado pela infeliz lesão de Zé Rios, lateral do time visitante.

Valdomiro fechou com gol a segunda fase do Brasileirão. O tento, inclusive, foi o único na vitória por 1 a 0 sobre a Inter de Limeira, em São Paulo. Líder de seu grupo, o Colorado gaúcho avançava para o quadrangular antecessor dos mata-matas. Enfrentaria, na Chave C, Atlético-MG, Goiás e Cruzeiro. Do quarteto, apenas um avançaria às semis.

Reforçada na linha de frente, a Academia do Povo finalmente encontrava o equilíbrio que lhe serviria de principal característica. Entre a intransponível retaguarda e o avassalador setor ofensivo, um meio de campo minuciosamente afinado orquestrava o time. Harmônico, o setor contava com os graves de Jair e o apoio de Batista, maximizadores da sinfonia de Falcão, craque já reluzente nas semanas anteriores, mas prestes a se tornar herói nos dias que estavam por vir.

Falcão, o Bola de Ouro do Brasileirão 79/Foto: Revista Placar, Divulgação

Mococa ou Falcão?


Três jogos para chegar às semis. O primeiro, contra o Goiás, ocorreria no Beira. Vencer era imperativo. Dezenas de milhares nas arquibancadas, unidas no mesmo pensamento, apoiaram o time de Ênio Andrade. O jovem Gigante, que acabara de completar 10 anos de vida, queria subordinar o país inteiro de novo. Para isso, jogou junto.

Com Bira, no encerramento da primeira etapa, o Estádio lançou. Ao lado de Cláudio Mineiro, no fundo, pela esquerda, cruzou. Dissimulado, com Falcão fintou a zaga e abriu vazio na área alviverde. Lacuna criada pelo Rei, foi aproveitada pela grande aposta do Monarca: Mário Sérgio, que para as redes arrematou. Gol, da importante vitória por 1 a 0!

Completando a rodada de abertura, o empate entre Atlético e Cruzeiro tornava decisivo o confronto de Inter e Raposa. No Mineirão, os donos da casa precisariam vencer para seguir sonhando com o Brasil. De sua parte, o Clube do Povo sabia que, em caso de triunfo, praticamente garantiria classificação às semifinais. Determinado a vencer o clássico, que envolveu duas das maiores equipes da década de 70, Ênio Andrade escalou uma equipe que estava no limite. Lesionados, Falcão e Valdomiro iniciaram o jogo, mesmo caso de Batista.

“A gente aceitou que

alguns jogassem no sacrifício

porque estamos numa guerra.

E na guerra, meu velho,

cada um usa o que tem de melhor”

Gilberto Tim

Quem estivesse inteiro precisaria, indubitavelmente, jogar por dois. Como jogaram Jair e João Carlos, donos da direita, flanco pelo qual o Príncipe progrediu antes de, aos 25 da etapa inicial, cruzar rasteiro. Na entrada da área, o rei dos voleios não perdoou. Inter, dos pés de seu camisa cinco, na frente. Pouco depois, Joãozinho até igualou, mas a majestade catarinense, que atuava gemendo de dores na clavícula, estava incontrolável. Tamanho sacrífico, bradava, não aconteceria em vão.

Lançado por Valdomiro, Falcão dominou com a canhota, investiu contra Marquinhos, superou o marcador e, da meia-lua do retângulo maior, mandou rasteiro, com a direita. Luis Antonio salvou, mas o rebote foi de Bira, que se atirou em violento carrinho na direção da bola. Chorado, brigado, o tento era colorado. Nos instantes antecessores do intervalo, o corredor direito valeu ao Inter novo gol.

Após corte parcial da zaga, Valdo pegou a sobra, ajeito para a canhota e, a centímetros da risca da grande área, mandou com a canhota, de trivela. Na bochecha da rede rival a esférica morreu. Inter 3 a 1, triunfo até diminuído, no escore, por Alexandre, mas não impedido. Vitória da Academia do Povo, resultado que, somado ao W.O. do Atlético-MG, que entrou em discordância com a CBD, valeu a classificação para as semis.

O Cruzeiro foi uma das muitas vítimas de Falcão no Inter

O adversário colorado nas semifinais seria o Palmeiras, algoz na temporada passada, quando ficou com o vice-campeonato brasileiro. Na final, os palestrinos sucumbiram para o Guarani de Zé Carlos, Careca, Zenon e Capitão. Indigesto, o gosto da prata, esperavam os alviverdes, seria superado em 1979. Terceiro no Nacional anterior, no entanto, o Inter também queria a taça, e entraria em campo sedento por vingança.

Foto: Jornal da Tarde, 13 de dezembro de 1979

Falcão, é claro!


Badalado, o duelo de 180 minutos entre o escrete de Telê e os eleitos de Ênio foi inaugurado no dia 13 de dezembro, no Morumbi. Empolgada com a boa fase alviverde, que superara com 100% de aproveitamento o quadrangular anterior, disputado perante a Flamengo, São Bento-SP e Comercial-Sp, a crônica paulista não hesitou em amplificar o choque que estava por vir.

O periódico Jornal da Tarde, porém, exagerou. Deleitado com as recentes exibições do jovem Mococa, valente marcador que anulara Zico, o noticiário criou um embate particular para o confronto eliminatório, e se permitiu questionar, em manchete garrafal, quem levaria a melhor: o valente meia bandeirante ou o deífico Falcão. Delírio!

As escalações que entraram em campo no Morumbi

A heresia da imprensa sudestina encontrou coro nos 45 minutos que serviram de abertura ao prélio. Superior nas ações do campo, o Palmeiras retornou para os vestiários em vantagem, mínima, no placar. Encurralado pelos locais na maior parte do tempo, o Clube do Povo sofreu muito com as arrancadas de Jorge Mendonça e Rosemiro, donos da direita do ataque palestrino. Apesar do triunfo parcial, todavia, a torcida da casa não encarou com grande euforia o intervalo da peleja. Também pudera, pois Falcão, a instantes do apito paralisador, quase marcou de bicicleta após estonteante tabela com Mário Sérgio. O Inter, afirmavam os alviverdes, entrara no jogo – e não havia Mococa capaz de contê-lo.

Reiniciado o confronto, o Clube do Povo precisou de apenas cinco minutos para empatar. Polivalente, Mário Sérgio foi mais ponta do que meia para arrastar a marcação até a linha lateral do campo. Espaçada, a zaga rival ofereceu espaço para Jair, que não titubeou. Livre, o camisa oito foi percebido pelo companheiro, que serviu rasteira. Fulminante como sempre, Jajá dominou engatilhando e, da intermediária, testou Gilmar, que foi reprovado pelo montinho artilheiro. O roteiro da semifinal, contudo, não seria tão simples ao Clube do Povo, que voltou a ficar no prejuízo aos 10, quando Jorge Mendonça marcou uma pintura.

Falcão e Pedrinho, antes do jogo/Foto: Divulgação

A desvantagem não abalou o Inter, que seguiu martelando. Inteligente, o time colorado percebeu que o chão não seria amigo naquela noite, e tratou de pressionar por cima. Quem mais levou o caminho a sério foi Falcão, que seguiria, até o fim do torneio, convivendo com intensas dores no ombro. Aos 19, o craque atingiu as alturas para completar, em fulminante cabeceio, cruzamento vindo da direita. Por pouco tempo, novo empate era denunciado pelo marcador. Desgostoso com a igualdade, o Rei, que já acumulava felizes súditos no sul, decidiu impor sua nobreza a azarados paulistas virentes.

“Não perdemos

para um time.

Perdemos para o

maior jogador do mundo.

Diretor palmeirense

O relógio indicava 25 minutos quando Mário Sérgio recebeu na esquerda. Com espaço para progredir, o camisa 11 fez o facão e acionou Cláudio Mineiro, que corria rente à linha esquerda da grande área palestrina. Embora travado, o cruzamento do lateral teve direção, e encontrou a cabeça de Bira. Também espirrado, o centroavante escorou para trás, onde estava Valdomiro, mais um que lutava por espaço. Espanada, a bola esbarrou no pé de Mendonça e tomou altura. Desequilibrado, o 10 do Palmeiras tentou afastar. Antes dele, a bola foi chicoteada. Por quem? Falcão, é claro.

Foto: Jornal da Tarde, 14 de dezembro de 1979

De bate-pronto, o arremate do camisa cinco esgaçou os barbantes da cidadela bandeirante. Mágico, o tento só não foi visto pelo artilheiro da noite, que, de modo a não acertar o rival, precisou recolher a perna com violência equiparável à da finalização, assim permanecendo de costas para a meta durante valiosos segundos. Último do jogo, o golaço valeu ao Inter vantagem especial para as pretensões coloradas. Sublime, o feito carrega, até hoje, assinatura das mais fidedignas de Falcão por misturar talento à classe, genialidade e simplicidade, precisão com protagonismo. Obra rara, digna de seu autor.

Disputado diante de um Beira-Rio completamente lotado, o confronto de volta consagrou, de uma vez por todas, a zona nevrálgica do time colorado. Incansáveis, Rei e Príncipe se sacrificaram pelo time, apoiando na mesma medida que fecharam espaços na defesa. Para Jair, a recompensa de tanto empenho chegou na abertura da etapa final. Após cruzamento de Cláudio Mineiro, Bira ajeitou para Adilson, que fez pivô perfeito. Jajá, é claro, não perdoou, e tirou o zero do placar. Irônico, o destino permitiu a Mococa o tento de empate. Placar final, 1 a 1. A luta de todos, enfim, justificada: Inter na decisão. Ao ritmo, óbvio, de Falcão.


Invicto, inédito e jamais igualado


Não bastasse a reviravolta que transformou um ano iniciado de maneira claudicante em finalista do Brasil, o roteiro de 1979 reservava mais emboscadas para a Maior e Melhor Torcida do Rio Grande. Classificado depois de eliminar o Coritiba, o Vasco seria o adversário colorado na decisão. Os primeiros 90 minutos reservavam o Maracanã, como palco, e Roberto Dinamite, como possível algoz.

Missão difícil, largar em vantagem pareceu se tornar impossível quando a escalação alvirrubra foi revelada sem Falcão e Valdomiro. Combalida, a dupla, que há muito vinha no sacrifício, precisou dar lugar a Valdir Lima, contratado junto ao São Paulo de Rio Grande, e Chico Spina, ponta muito contestado nas fases de abertura do Brasileirão. O empate, para os mais pessimistas, virava obsessão. Tolos eles.

“Poucos esperavam que o Inter derrotasse

o Vasco quando o empate bastava.

Acontece que nosso time

não sabe jogar na retranca.”

Ênio Andrade

O primeiro apito da final soou às 21h15 do chuvoso 20 de dezembro. Instável, o clima afastou parcela do público, mas não evitou que mais de 60 mil pessoas tomassem as arquibancadas do eterno Maior do Mundo. Confiante, o Colorado não se abalou no mítico estádio para fazer, do limão, uma limonada. Substituto de Valdomiro, Chico Spina marcou dois. Reserva de Falcão, Valdir deu assistência para o primeiro. Impecável como estivera desde setembro, a defesa não vazou. De 2 a 0, a vantagem permitia, de uma vez por todas, maior respiro ao povo vermelho. Restavam míseros 90 minutos.

Os campeões invictos

Benítez, a muralha. João Carlos, incansável, Mauro Pastor, xerife, Mauro Galvão, fenômeno, e Cláudio Mineiro, guerreiro. Batista, gênio, Jair, artilheiro, e Falcão, divindade. Valdomiro, ídolo, Bira, matador e Mário Sérgio, craque. Escalado, o Inter entrou, como de costume, correndo no gramado do Beira-Rio. O Gigante, que fervilhava naquela antevéspera de Natal, respondeu com estremecedor tremular de bandeiras. A confiança do povo atingia escala comparável ao palco do duelo. A exibição colorada também, apesar de Leão, que muito retardou a abertura do placar. Inevitável, porém, o gol primeiro saiu, e teve a cara do time de Ênio Andrade.

Jamais derrotado, o goleiro Benítez repôs com Mário Sérgio, que recuara até a intermediária defensiva para receber. Pela esquerda, o Vesgo percebeu que Bira tomava a frente de seu marcador. Preciso, lançou o nove, que escorou, poucos metros depois do centro do campo, de casquinha. Perspicaz, Jair apareceu nas costas da adiantada defesa rival para, no primeiro toque, fintar Leão. No segundo, finalizou na direção da desprotegida goleira. Aos 41 minutos, o Beira-Rio aumentava os já ensurdecedores decibéis de festejo.

Quatro voltas do ponteiro depois, Falcão quase ampliou. Completo, o Rei lançou Bira, que driblou o arqueiro mas perdeu ângulo. Pela direita da área, o centroavante cruzou rasteiro. Ágil, ali já estava seu garçom, que tentou de letra. Por sorte dos cariocas, o goleiro impediu gol que faria justiça à magnífica campanha construída pelo camisa cinco vermelho. Decisivo em todas as fases, o ídolo dispensou estrelismos em nome dos objetivos. Na decisão, em momento algum foi individualista. Pelo contrário, seguiu ditando o ritmo de seus 10 companheiros, ora desfilando passes açucarados para os avantes, ora retendo a posse e esfriando o time visitante.

Fiel ao estilo de jogo que lhe fizera atingir a melhor forma de sua carreira, o camisa cinco não perdoaria, por óbvio, espaços na retaguarda rival. Espaços como os oferecidos a 13 minutos da segunda etapa, quando Mário Sérgio, de novo ele, lançou da defesa, desta vez para Cláudio Mineiro, que cruzou rasteiro, na direção de Bira. O centroavante finalizou, mas abafado por Falcão, que operou milagre. Abandonado por seus companheiros, o goleiro mal levantara do chão quando surgiu Falcão.

“Nós oferecemos este título

para aqueles que não

acreditavam no time”

Rei Falcão

Um, dois, três passos. Pé de apoio, perna direita no ar, chuteira na bola. Por um instante, corpo completamente fora do chão. O herói era elevado, ficava acima de seus rivais. Superior, como seu futebol. O Rei finalizou, com a seriedade dos grandes, a caminhada da maior equipe da história do principal desporto brasileiro.

Wilsinho até descontaria, é verdade, mas o gol de honra em nada ameaçou o Tri. Título único, posse exclusiva do Time que Nunca Perdeu, escalação inesquecível capitaneada pelo melhor meio-campista que nosso país já viu. O Rei de Roma. O Deus do Beira-Rio. O aniversariante desta sexta-feira (16/10). Parabéns, Falcão!

Falcão comemora o gol do Tri

Mário Sérgio é o Personagem do Mês do Museu do Inter

Mário Sérgio Pontes de Paiva, um dos gigantes a vestir a camisa 11 colorada, é a personalidade destaque escolhida pelo Museu do Inter neste mês de setembro. Campeão Brasileiro invicto em 1979, o “vesgo”, como era chamado, construiu trajetória gloriosa no Clube do Povo, marcada por grande destaque tanto dentro quanto fora de campo.

Mário Sérgio e Falcão: ídolos colorados

Nascido no dia 7 de setembro de 1950, Mário Sérgio, revelado pelo Flamengo, foi contratado por um Inter que visava a dar um salto de qualidade para o Campeonato Brasileiro após desempenho frustrante no Gauchão de 1979. Junto de Bira e Benitez, o camisa 11 ajudou a conduzir a equipe de Ênio Andrade ao tricampeonato invicto.

Apelidado em referência aos geniais passes que desferia em uma direção enquanto olhava para o lado contrário, o ídolo construiu as jogadas dos dois gols marcados pelo Clube do Povo na finalíssima disputada contra o Vasco, no Beira-Rio. À frente de seu tempo, aparecia, no papel, como um ponta-esquerda, mas constantemente somava-se ao trio Jair, Falcão e Batista, criando quadrado mágico de meio-campistas no time colorado.

Após sua aposentadoria, tornou-se treinador, profissão que intercalou com a de comentarista esportivo. Treinou o Inter na reta final do Brasileirão de 2009, atingindo o vice-campeonato nacional.

A vida de Mário Sérgio foi interrompida em 2016, no trágico acidente que vitimou a delegação da Chapecoense que disputaria a final da Copa Sul-Americana. Saudades eternas, ídolo!

Pesquisa: Museu do Inter.

Ídolo, Príncipe Jajá completa 67 anos

Gaúcho da capital, Jair Gonçalves Prates completa, neste sábado (11/07), 67 anos de idade. Em comemoração, o ídolo concedeu entrevista para o programa Velhas Súmulas, da Rádio Colorada. Emocionado, lembrou dos tempos de Beira-Rio com grande orgulho, destacando o carinho que sente pelo Clube do Povo. Confira a íntegra da conversa abaixo ou nos nossos perfis em Spotify e SoundCloud!

“Quando um jogador veste essa camiseta, ele tem que colocar a alma. Você precisa se doar até a morte e ganhar a partida. O Internacional é alma, é dedicação, superação e, eu considero, é a minha casa. Eu me criei aí dentro. Cada cantinho, cada tijolo, eu vi surgindo no Beira-Rio, na época que a torcida levava um tijolo cada um. É uma honra muito grande fazer parte dessa história.”

Sport Club Internacional · Rádio Colorada | Entrevista com ex-jogador Jair, “príncipe Jajá” | 11/07/2020

A trajetória rumo à realeza colorada

Camisa 8 às costas, avança pela direita do gramado do Gigante em velocidade, tramando com Valdomiro. Do companheiro, recebe bom passe, que domina colocando na frente. Um, dois, três passos depois, diminui o ritmo das passadas e engatilha a perna direita. Ato contínuo, manda uma bomba – como sempre, indefensável. Gol do Inter! Gol de Jajá, o Príncipe, que comemora mais uma de suas 117 pinturas com a camisa colorada.

Nascido em 1953, o ídolo colorado carrega, desde o berço, o futebol em seu DNA. Filho de Laerte III, também jogador, ao longo da infância Jair perambulou por Brasil e América acompanhando a carreira do pai. Crescido no meio da bola, conviveu, ao longo de toda a infância, com grandes nomes do esporte, a exemplo de Garrincha, Quarentinha e Manga, goleiro de quem seria companheiro de equipe no futuro.

De volta a Porto Alegre, Jair realizou, na segunda metade da década de 60, teste para a base do Internacional. Aprovado, passou a integrar geração que contava com craques a exemplo de Falcão, Escurinho e Batista. Com o Celeiro, conquistou a Taça São Paulo de Juniores de 1974, primeiro dos cinco títulos colorados na competição. No mesmo ano, chamou a atenção de Rubens Minelli, que alçou o jovem ao grupo principal.

Time de juniores do Inter com Falcão, o último em pé da direita para a esquerda, e Jair, o segundo agachado

Dedicado e polivalente, o futuro Príncipe conquistou a estima do técnico bicampeão nacional pelo Inter. Dono de grande qualidade, o meia-direita também atuava como volante, ponta e lateral, convertendo-se, assim, em um verdadeiro coringa, que soube aproveitar o período de treinos com os craques colorados para abstrair todos os ensinamentos possíveis. Já adaptado ao ambiente profissional, começou a cavar seu espaço no time em 1975, durante excursão do Clube do Povo pela Europa, realizada entre os meses de fevereiro e março, e encerrada com 13 vitórias e uma igualdade em 14 partidas disputadas

Jair marcou o gol do Clube do Povo na vitória por 1 a 0 sobre o Cesena, da Itália. Realizada no dia 6 de março, a partida, quarta da excursão, foi a primeira disputada contra um time ‘forte’ da Europa, equipe que encerraria o Calcio daquele ano classificada para a Copa da UEFA. Saído do banco, Jajá entrou no lugar de Valdomiro para decidir o jogo e atrair todos os holofotes em sua direção. Melhor em campo, despertou o interesse de equipes do país da bota, mas todas as sondagens foram prontamente rechaçadas pelo Inter, que sabia da importância que o jovem assumiria, em breve, no elenco alvirrubro.

“A excursão ajudou o Internacional a pegar experiência, deu o conjunto necessário para o Inter! Ficamos 45 dias juntos, jogamos contra todas equipes imagináveis. Enfrentamos o time do Didi (Fenerbahçe, atual campeão turco) que, na época, falou que a gente tinha que ter cuidado, pois seríamos goleados. No intervalo, ele foi no nosso vestiário e pediu calma, estava 4 a 0. Esta experiência deu muita base, especialmente para os jovens. Com ela, o grupo se uniu mais ainda.

O mesmo fascínio provocado por Jair nos italianos foi visto no restante da imprensa europeia em relação aos comandados de Minelli, que foram apelidados como ‘o novo Ajax’, time holandês que no início da década 70 conquistara, com o brilho de Cruijff, Neeskens e companhia, três Liga dos Campeões consecutivas. Passados mais de 45 anos da excursão, como o depoimento de Jajá revela, é possível afirmar que a viagem foi fundamental para dar corpo a um elenco que, muito em breve, faria história.

O Inter retornou para Porto Alegre em ritmo alucinante, pronto para conquistar o heptacampeonato gaúcho, que veio em agosto, e o primeiro Brasileirão de sua história, levantado no dia 14 dezembro graças ao Gol Iluminado de Figueroa, contra o Cruzeiro. Na semifinal nacional, diante da ‘Máquina Tricolor’, foi Jajá quem serviu boa assistência para Carpegiani marcar, em lance de pura genialidade, o segundo tento alvirrubro na vitória por 2 a 0 sobre o Fluminense, no Maracanã.

Amadurecido e com o refino técnico de sempre, em 1976 o ex-meia recebeu uma sequência maior no time. Como consequência, demonstrou ainda mais seu futebol de altíssimo nível, disputando quase todas as 23 partidas da campanha do Bicampeonato brasileiro, onde marcou oito gols. Entre suas vítimas, é claro, esteve o Grêmio, que, no único Gre-Nal válido pelo torneio, realizado no Beira-Rio, sofreu um tento do ídolo.

Igualmente suas assistências fizeram sorrir a Maior e Melhor Torcida do Rio Grande, e valeram-lhe apelido que até hoje acompanha o ídolo. Na decisão do Gauchão, foi de Jair a assistência para o gol do título, marcado por Dario, o “Rei Dadá”, e que garantiu ao Inter o inédito e jamais igualado Octa estadual. Na entrevista pós-jogo, o requisitado artilheiro revelou que, se ele era o monarca, Jajá merecia ser Príncipe, assim formando a realeza colorada.


Ídolo continental

Após um 1977 marcado pela ausência de títulos, Inter e Jair reencontraram o caminho das taças na temporada seguinte, com a conquista do Gauchão. Na decisão, disputada no Olímpico, o Clube do Povo superou os donos da casa por 2 a 1, gols de Valdomiro para o Colorado, o último completando, de cabeça, cruzamento açucarado do Príncipe.

Foi em 1979, porém, mais especificamente no segundo semestre, que Jair viveu seu auge com a camisa colorada. Titular absoluto, formou, com Falcão e Batista, o trio de meio-campistas do Inter no Brasileirão daquele ano, muitas vezes acompanhado, na armação, por Mário Sérgio, que atuava na esquerda do ataque. À frente dos craques, Valdomiro, pela direita, e Bira, centroavante, aterrorizavam qualquer rival, assim como a defesa, intransponível, que contava com João Carlos e Cláudio Mineiro nas laterais, e os Mauros Galvão e Pastor no miolo de zaga.

Comandado por Ênio Andrade, Jajá exalou elegância no Time que Nunca Perdeu. Ainda durante a fase de pontos corridos, por exemplo, marcou o gol da vitória no Gre-Nal 251. Disputado no dia 6 de outubro, no Beira-Rio, o clássico foi definido graças a um foguete do camisa 8, que mandou cobrança de falta direto na bochecha da rede do goleiro Manga, ex-companheiro de Inter e amigo de seu pai.

A estrela de Jair reluziu como nunca nos confrontos eliminatórios do Nacional. Na abertura das semifinais, em São Paulo, o camisa 8 marcou, após venenoso arremate de fora da área, que ainda quicou na frente de Gilmar antes de morrer nas redes alviverdes, o primeiro gol da gigante vitória por 3 a 2 sobre o Palmeiras.

No jogo de volta, disputado diante de um Beira-Rio completamente lotado, o Príncipe abriu o placar para o Clube do Povo, também na etapa final, em lindo chute da entrada do grande retângulo palestrino. O tento foi o único do Colorado no duelo, encerrado em 1 a 1, placar que classificou o Inter para a decisão.

Todos os anos de empenho e dedicação de Jair com a camisa alvirrubra, bem como o Brasileirão de excelência que o meio-campista realizava pelo Clube do Povo, foram recompensados no dia 23 de dezembro de 1979. Apoiado por dezenas de milhares de colorados e coloradas que, empolgados com a vitória por 2 a 0 na ida, no Maracanã, coloriram o Beira-Rio em clima de carnaval que honrou a biografia popular do Internacional, Jajá entrou para a história do futebol brasileiro aos pontuais 41 minutos do primeiro tempo.

Acionado por Bira, exibiu excelente posicionamento para, nas costas da zaga do Vasco, disparar em velocidade e dominar livre, cara a cara com Leão. Já na matada, cortou o goleiro, abrindo para a perna direita e invadindo a área. Com o gol aberto, tocou rasteiro para as redes e partiu em direção ao abraço. O Tri ficava ainda mais próximo, e seria confirmado, no segundo tempo, após triunfo por 2 a 1, que ainda contou com gol de Falcão.

Jair seguiu brilhando pelo Inter na temporada de 1980. Vice-campeão da Libertadores e terceiro colocado no Brasileirão, acumulou cartaz continental suficiente para, no ano seguinte, após breve passagem pelo Cruzeiro, ser negociado com o Peñarol. Na equipe carbonera, vestindo a 10, ganhou Uruguai, América e mundo, assim se eternizando, também, como ídolo aurinegro. Na sequência, em 1984, Jajá retornou, por alguns meses, para o Clube do Povo.

Muito mais breve do que a anterior, a segunda passagem de Jair pelo Inter ficaria marcada pelas conquistas do Torneio Heleno Nunes, competição nacional, e da japonesa Copa Kirin. Também no ano de 1984, Jajá marcaria os últimos de seus 117 gols com a camisa colorada, números que o colocam, atualmente, na nona posição da lista de maiores artilheiros da rica história do Internacional.

“Há pouco eu fiquei sabendo que estou como o nono goleador da história do Clube, entre os 10 goleadores da história do Sport Club Internacional, o que muito me honra! Eu era um meia-direita e estou fazendo parte dos goleadores do Clube! Pra mim, foi muito importante. Massageia o ego da pessoa, lógico, mas pelo trabalho que teve, e foi um trabalho bem árduo – e bem feito.”

Definitivamente, Jajá foi um atleta paradoxal. Meio-campista clássico, da pompa de cabeça erguida e passadas largadas, oferecia às equipes que defendeu um dinamismo muito à frente de seu tempo. Diamante lapidado no Celeiro de Ases, já era vencedor antes de chegar ao profissional colorado, onde, de fato, fez história. Multicampeão, exibe na prateleira pessoal inúmeros troféus alvirrubros – e muitos outros charruas. Feitos relevantes, mas que não se comparam ao tamanho do espaço que conquistou no coração da Maior e Melhor Torcida do Rio Grande. Com o camisa 8, o povo se identificava. Por ele, torcida. Graças a ele, vibrava. E como vibrou. Obrigado por tudo, Jair. Feliz aniversário, eterno Príncipe!

Eufórica, a Coreia ovaciona o Príncipe do povo colorado/Foto: Divulgação

Beretta, o homem que parou Maradona, fala ao Programa do Inter

Você conhece João Beretta? Tricampeão nacional pelo Clube do Povo, o antigo lateral-esquerdo, que vestiu alvirrubro por 12 anos seguidos entre as temporadas de 1973 e 1984, conversou, na noite da última terça-feira (07/07), com o Programa do Inter, da Rádio Colorada. Confira abaixo, ou em nossos perfis no Spotify e no SoundCloud, a íntegra da entrevista do defensor, responsável por marcar – e anular – Maradona na estreia do craque com as cores do Barcelona, em confronto válido pela semifinal do Torneio Joan Gamper de 1982, vencido, nos pênaltis, pelo Colorado.

Sport Club Internacional · Rádio Colorada | Entrevista exclusiva com João Beretta, ex-lateral esquerdo | 07/07/2020
Beretta marca Maradona/ Foto: Horacio Seguí – FC Barcelona

De segunda a sexta, a partir das 18h, a Rádio Colorada apresenta o ‘Programa do Inter’, exibição que traz todas as atualizações sobre o dia a dia do Clube do Povo. Feito de torcedor(a) para torcedor(a), o Programa pode ser acompanhado através do APP oficial do Clube do Povo.

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