Raio-X: Inter visita o Guaireña na quarta rodada da CONMEBOL Sul-Americana

Noite de confronto direto para o Clube do Povo em Assunção-PAR! A partir das 19h15 de Brasília, o Inter, vice-líder do grupo E da CONMEBOL Sul-Americana, visita o Guaireña-PAR, atual primeiro colocado da chave, em duelo da quarta rodada continental. Empatadas em pontos, as equipes se enfrentam, nesta quinta-feira (05/05), no Estádio Defensores del Chaco.

Transmissão;
Preparação colorada;

Entrevista Renê;
Relacionados;
Arbitragem;
Momento do rival;
Palco;
Panorama do grupo;


Transmissão 📻

Ao vivo a partir das 18h30 desta quinta-feira, a Rádio Colorada acompanhará o duelo com a jornada mais vermelha da web, enquanto as redes sociais do Inter (TwitterInstagram e Facebook) cobrirão a partida com relato minuto a minuto enriquecido por imagens dos principais lances do jogo. Com imagens, a CONMEBOL TV anuncia transmissão.

ProgramaçãoPlataforma
18h30Portões AbertosSite e APP do Inter
19h15Jornada EsportivaSite e APP do Inter
21h15Vestiário VermelhoSite e APP do Inter

Pra cima, Colorado! 💪

Preparação colorada durou três dias/Foto: Ricardo Duarte

A preparação colorada para a quarta rodada da CONMEBOL Sul-Americana foi iniciada na última segunda-feira (02/05), dia seguinte ao empate sem gols do Inter com o Avaí, válido pelo Brasileirão. Inicialmente, Mano Menezes e comissão trabalharam com o grupo dividido, promovendo atividades regenerativas para os jogadores que enfrentaram a equipe catarinense e treino técnico aos demais atletas.

Atividades físicas também ocorreram no treino de terça de manhã, mas sucedidas por treino tático no gramado do CT Parque Gigante. Tal rotina foi repetida na véspera do confronto, quando Mano encaminhou os 11 nomes que serão titulares no Paraguai. Logo depois dos trabalhos, o grupo de jogadores partiu para Assunção-PAR, onde desembarcou no meio da tarde.


Fala, Renê! 🎙️

Titular nas três partidas que Mano Menezes disputou à frente da casamata colorada, o lateral-esquerdo Renê concedeu entrevista coletiva após a chegada do Inter ao hotel que servirá de concentração para o Clube do Povo na capital do Paraguai. Consciente das dificuldades naturalmente impostas por uma partida continental disputada fora de casa, o atleta revelou esperar um jogo complicado no Defensores del Chaco.

“Esperamos mais um jogo difícil. É um grupo que está embolado, em aberto. (Enfrentaremos) Um time que empatou conosco na nossa casa. Foi um jogo bastante difícil, em que eles se defenderam muito bem. Esperamos um jogo duro, em que eles vão tentar sair no contra-ataque, mas o Mano já preparou a estratégia. Tem tudo para ser um grande jogo, e que a gente volte pra casa líder!”

Renê

Renê também analisou o quadro de crescente melhora que o Inter tem apresentado com Mano Menzes. Invicto quando treinado pelo profissional, o Colorado busca sua terceira vitória sob o comando do gaúcho de Passo do Sobral, e aposta na força do elenco, que conta com cada vez mais alternativas, para superar o Guaireña-PAR.

“A gente vem trabalhando, melhorando, e acredito que tem muito espaço para evolução. O grupo é bastante qualificado, todo mundo tem chance de estar jogando. O Mano tem focado nos detalhes, vem tentando minimizar os erros. Espero que o time que entre em campo possa mostrar um futebol melhor do que contra o Avaí, que acredito que vai nos ajudar a sair com a vitória. Estamos preparados para tudo, só pensamos na liderança.”

Renê

Relacionados 📜

Depois de passar quase dois meses afastado dos gramados, Moisés pode retornar a campo com a camisa colorada! O lateral-esquerdo está recuperado de ruptura do ligamento colateral lateral do joelho direito, sofrida no último dia 9 de março, e figura entre os relacionados de Mano Menzes para a partida no Paraguai.

Moisés foi relacionado para o jogo desta quinta/Foto: Ricardo Duarte

Por outro lado, Taison, com desconforto muscular na coxa esquerda, e Rodrigo Moledo, lesionado, desfalcam o Clube do Povo, que também precisará superar as baixas de Pedro Henrique e Alan Patrick, dupla contratada após o fechamento da janela de inscrição de atletas na fase de grupos da CONMEBOL Sul-Americana. Confira os jogadores que viajaram:


Arbitragem 👨‍⚖️

Cristian Garay apita, auxiliado por Alejandro Molina e Miguel Rocha. Quarto árbitro: Nicolas Gamboa. Quarteto do Chile.


Rival 🆚

Rival lidera a chave E/Foto: DVG/Guaireña-PAR

Desde que enfrentou o Inter, há três semanas, o Guaireña, à época nono colocado no Campeonato Paraguaio, venceu apenas duas partidas. Um dos triunfos, válido pelo Nacional, foi suficiente para a manutenção do posto na tabela nacional. Outro, na última rodada disputada pela CONMEBOL Sul-Americana, levou a equipe à liderança do grupo E do torneio continental.

O time de Troadio Duarte foi a campo cinco vezes desde o empate de 1 a 1 no Beira-Rio. Derrotado nos três jogos que disputou como visitante, diante de Nacional (3 a 1), Guaraní (2 a 1) e Olimpia (1 a 0), o Guaireña-PAR venceu exatamente as duas partidas que realizou em sua casa. Os três pontos continentais conquistados na quarta passada (27/04), quando o time bateu o 9 de Octubre, no Defensores del Chaco, por 1 a 0, ainda representaram o primeiro triunfo internacional da história albiceleste.

Troadio Duarte comanda o Albiceleste/Foto: DVG/Guaireña-PAR

Reserva contra o Inter, Diego Godoy soma três gols marcados desde então, e desponta como provável novidade na nominata albiceleste que irá a campo no Defensores del Chaco. Titular nos últimos três jogos disputados pelo Guaireña-PAR, o goleiro Escobar é outro com chances de atualizar a escalação que foi a campo no Beira-Rio, lutando com Espíndola por vaga entre os 11 iniciais.


Palco 🏟️

Panorama do Defensores de Chacho/Foto: DVG/CONMEBOL

Uma vez que o Parque del Guairá, casa do Guaireña-PAR, não dispõe de infraestrutura que atenda às exigências da CONMEBOL, o histórico Estádio Defensores del Chacho sediará a partida desta quinta. Com capacidade para mais de 40 mil pessoas, o endereço, que costuma receber jogos da Seleção Paraguaia, abrigará a Maior e Melhor Torcida do Rio Grande no ‘Setor E’, local cujos ingressos custam 120.000 guaranis (aproximadamente 87 reais). Clique aqui para comprar sua entrada!


Tabela 📊

Inter e Guaireña-PAR somam os mesmos cinco pontos, conquistados através de uma vitória e dois empates nas três rodadas que compreenderam o primeiro turno da fase de grupos da CONMEBOL Sul-Americana. Com um gol a mais do que os marcados pelo Colorado, os paraguaios ocupam a liderança da chave, que ainda conta com Independiente Medellín-COL e 9 de Octubre-EQU, ambos com quatro pontos. As duas equipes duelaram na última terça (03/05), quando os equatorianos, dentro de casa, saíram de campo vencedores por 3 a 2.

Inter pode encerrar a rodada na liderança da chave/Foto: Ricardo Duarte

Gurias do Brasil: Mileninha e Gabi Barbieri brilham em mais uma Data FIFA com a Seleção Brasileira Sub-20

Mileninha marcou no histórico Defensores del Chacho/Foto: Rudy Lezcar/CBF

Com destaque de uma dupla de coloradas, a Seleção Brasileira Sub-20 venceu os dois amistosos que disputou contra o Paraguai na Data FIFA do mês de outubro! Convocadas pelo técnico Jonas Urias, a atacante Mileninha e a goleira Gabi Barbieri aproveitaram o período no país vizinho, que contou com exibição de gala em palco histórico, para ampliar a tradicional caminhada de protagonismo das Gurias com a camisa verde e amarela.

Mileninha (9) e Gabi Barbieri, primeira em pé na direita, brilharam no Paraguai/Foto: Rudy Lezcar/CBF

Primeiro, na sexta-feira passada (22/10), Mileninha participou de todos os gols marcados pelo Brasil enquanto esteve em campo. Logo aos quatro, a colorada serviu Luany, enquanto a beneficiada no minuto 42 foi Analuyza. Na etapa final, Luany devolveu a gentileza e, com grande cruzamento da esquerda, assistiu a camisa nove brasileira, que acompanharia do banco a consagração do 6 a 0 canarinho no mítico Defensores del Chacho. Titular durante os 90 minutos, Gabi Barbieri ofereceu grande contribuição ao triunfo.

Já na tarde desta segunda, Mileninha participou do primeiro dos dois gols marcados pelo Brasil na vitória de 2 a 0. No Estádio Arsenio Erico, aos 11 da etapa final, a colorada exigiu milagre da goleira paraguaia, que precisou deixar o conforto da meta para abafar arremate da centroavante brasileira. No rebote, Cris não perdoou, e abriu os caminhos para o segundo triunfo canarinho.

Livres do fantasma paraguaio

Semifinal de Libertadores. O adversário? Forte equipe paraguaia, alvinegra e atual campeã nacional. Último obstáculo na luta por vaga na decisão continental, teria de ser superado no Beira-Rio, sede da batalha final de guerra iniciada no mítico Defensores del Chacho. O roteiro, sabíamos, era conhecido. Tornava-se necessário, portanto, revolucionar seu último capítulo. Há 14 anos, exorcizávamos o último fantasma na caminhada rumo ao topo da América.

Em breve retornaríamos, depois de 26 anos, à final da América/Foto: Jefferson Bernardes

Time embalado


A Libertadores de 2006 foi a primeira disputada pelo Inter em 13 anos. Afastado do torneio desde 1993, o Clube do Povo, gaúcho que desbravou o certame na década de 70, retornou à elite continental após anos de rápida e concreta reestruturação interna. Inicialmente, na abertura do século XXI, o Colorado lutou contra grandes equipes latinas na Sul-Americana, assim ganhando cancha em competições do exterior.

Colorado ascendeu rapidamente no cenário sul-americano/Foto: Marcelo Campos

Logo depois, o Inter fez por merecer o título do Brasileirão de 2005, conquista que consagraria forte elenco abrilhantado por nomes como Clemer, Ceará, Índio, Bolívar, Edinho, Tinga, Jorge Wagner, Alex, Rafael Sobis, Fernandão e muitos outros. Os escândalos extracampo, contudo, embora tenham retirado o troféu nacional das mãos alvirrubas, também serviram de motivação para o time, que ficou ainda mais sedento por taças, como provou na invicta campanha da fase de grupos da Libertadores.

Praticando um futebol extremamente ofensivo, o time de Abel Braga somou 14 pontos e avançou para as oitavas de final na liderança de seu grupo. Ao mesmo tempo, duro revés na finalíssima estadual suscitou mudanças na equipe, que passou a atuar de maneira mais equilibrada, mas igualmente propositiva. Foi assim que eliminamos o Nacional, antigo carrasco, nas oitavas, e também a LDU, em dramático duelo por classificação às semis. Para chegar a decisão, seria necessário superar mais um fantasma – este paraguaio.


Rival também fora de campo


A década de 80 não foi fácil para a torcida colorada. Habituado a dominar Rio Grande e Brasil, o povo vermelho precisou se acostumar ao insosso gosto da prata. Batemos, inúmeras vezes, na trave, alimentando grande sentimento de frustração nos arredores do Gigante. Dentre as derrotas mais doloridas, o revés diante do Olímpia, na semifinal da Libertadores de 1989, atinge notório destaque.

Treinado por Abel Braga, o Inter havia construído maiúscula caminhada continental. Nas oitavas, despachou o todo poderoso Peñarol através de incrível agregado de 8 a 3. Logo depois, o Bahia, atual campeão brasileiro em cima do próprio Colorado, sucumbiu à força do Gigante. Embalado, o Clube do Povo abriu fora de casa, contra a alvinegra equipe do Olímpia, a disputa por vaga na decisão.

O jovem Abel Braga, comandante do Inter no final da década de 80

No Defensores del Chaco, Luis Fernando Rosa Flores anotou, de bicicleta, um dos gols mais bonitos da história da Libertadores. Com ele, o Inter garantiu a vantagem mínima para o jogo da volta, duelo acompanhado, no Beira-Rio, por mais de 70 mil colorados e coloradas que encerrariam o dia atônitos. Ninguém imaginava, mas o Clube do Povo viveria uma das noites mais trágicas de sua história, sacramentada com eliminação após duas derrotas. A primeira, por 3 a 2, aconteceu no tempo normal. A segunda, na marca do cal. Desde então, jamais havíamos chegado tão longe na Libertadores. Até 2006. Até o retorno de Abel. Até novo confronto contra paraguaio, agora o Libertad.

Comandado por Gerardo ‘Tata’ Martino, técnico que chegaria, no futuro, ao comando da Seleção Argentina e também do Barcelona, o atual campeão do Paraguai contava com forte elenco. Entre as principais estrelas de geração que conquistaria o tricampeonato nacional estavam Édgar Balbuena, Víctor Cáceres, Martín Hidalgo, Cristian Riveros, Rodrigo López e, é claro, Pablo Horácio Guiñazú. Para avançar à final, o Inter teria, então, de superar grande adversário dentro de campo, e temido fantasma fora dele.


O jogo de ida


A classificação para a final não seria conquistada graças a alguma receita mágica, invenção de última hora ou coelho tirado da cartola. Se o Inter estava entre os quatro melhores do continente, era por merecimento e justiça. Abrir mão do fizera para chegar tão longe no torneio seria inconsequente. A despeito de qualquer má recordação, a partida contra o Libertad precisava ser encarada como todas as outras. Nosso capitão, como sempre genial, sabia disso.

“Se chegamos até esta fase da competição foi porque adquirimos uma maneira de jogar. Por isso, não podemos mudar nossa postura contra o Libertad. Vamos em busca da vitória, tendo consciência dos perigos que o adversário oferece”

Fernandão, projetando o duelo

Os maus agouros, inclusive, também encarariam adversário de peso nas arquibancadas do Defensores del Chaco. Contra o espírito das frustrações passadas, o Inter contaria com a vibração do mais inabalável povo, capaz de erguer um gigante sobre as águas de um rio. Torcida que sofrera no passado recente, e ansiava para retornar ao seu lugar de direito: o topo do pódio. Para tanto, os milhares que viajaram ao Paraguai apostavam em um comandante identificado com nossas cores.

“É muito bom saber que teremos este apoio maciço no Paraguai. O Inter é uma equipe de alma, de cor vermelha, de sangue. Contra o Libertad não vai ser diferente”

Abel Braga, antes do jogo

Desfalcado por Tinga, o Clube do Povo foi a campo com Clemer no gol, Índio, Bolívar e Eller na zaga; Ceará e Jorge Wagner nas respectivas alas direita e esquerda; Edinho, Fabinho e Alex no meio; Fernandão e Sobis no ataque. Vivendo noite inspirada, o jovem camisa 11 alvirrubro causou grandes problemas à zaga paraguaia, criando as principais oportunidades do começo de partida. De sua parte, o Libertad insistia em bolas alçadas na área, sempre contando com a vibração de Guiñazú para garantir o rebote. Os três zagueiros colorados, todavia, frustravam os planos mandantes.

Na etapa inicial, as melhores oportunidades de cada equipe foram criadas após os 30 minutos. Primeiro, Fernandão, como se fora um poço de tranquilidade em meio ao nervosismo clássico de um confronto eliminatório, recebeu passe forte de Ceará, na altura da intermediária, e, inteligente, deu um chapéu no marcador. Afobado, o adversário passou batido, enquanto o Eterno Capitão colorado dominava no peito, adiantando a posse. Com força, o camisa 9 mandou de direita, e a bola tirou tinta do travessão.

Pouco depois, Cholo Guiñazú conseguiu seu primeiro bom rebote no jogo e, de canhota, em cima da linha da grande área, finalizou no canto. A redonda explodiu no poste, cruzou em frente à meta vermelha, encontrou Riveros e, na segunda tentativa deste, foi cruzada para a confusão, onde López arrematou para defesa segura de Clemer. Por fim, aos 42, Ceará levantou bola fechada que foi direto na trave superior de Gonzalez. Dono da sobra, Sobis ajeitou para Jorge Wagner encher o pé. O arqueiro paraguaio promoveu um belíssimo milagre.

O panorama de igualdade foi mantido para a etapa final. Mortais como de costume, os entrosados Sobis e Fernandão cansaram a defesa paraguaia. À dupla, somavam-se os constantes avanços de Jorge Wagner, pela esquerda, e Ceará, na direita, além de Iarley, que substituiu Alex. O lance mais marcante do segundo tempo, contudo, foi da equipe da casa – mas, de certa forma, também do Inter. Após cruzamento de Romero, Eller afastou para a intermediária. Bem posicionado, Riveros pegou a sobra e, ignorando a longa distância, mandou de primeira.

Rasante, ela voou até o travessão de Clemer, bateu nas costas do goleiro e, mansa, teimosa, picando, saiu ao lado do poste direito. Há dois anos, na Bombonera, também em uma semifinal continental, o goleiro sofrera gol em lance muito parecido. Agora, a bola saía. Na luta entre a camisa colorada e o fantasma paraguaio, parecíamos levar a melhor. Nossa torcida, presente aos milhares no Defensores, certamente fazia por merecer desfecho mais alegre. Pouco depois do lance, o jogo foi encerrado, com o placar zerado. O duelo seguia em aberto.


Tensão gigante


Entre os confrontos de ida e volta das semifinais continentais, o Inter disputou, pelo Brasileirão, o Gre-Nal de número 366 na história. Com os reservas, o time de Abel Braga até criou as melhores chances, mas não conseguiu alterar o placar do duelo, que ficou marcado, muito mais do que por qualquer lance dentro de campo, pelo vexame histórico da torcida gremista, que provocou grande tumulto nas arquibancadas do Gigante, inclusive incendiando banheiros químicos. Dois dias depois, foi o povo vermelho quem deu exemplo – mas positivo. Na abertura do mês de agosto, o Inter atingiu a inédita marca de 40 mil sócios e sócias, feito que teve como consequência um Beira-Rio completamente lotado para o duelo diante do Libertad.

O Clube do Povo foi a campo, no dia 3 de agosto de 2006, escalado, a exemplo do que ocorrera na partida de ida, com três zagueiros. Bolívar era o responsável pelo lado direto da trinca, enquanto Eller ocupava a esquerda. Entre eles, estava Índio. À frente, cinco meio-campistas tratavam de gerar superioridade numérica na região mais crítica do campo. Donos de grande poder de contenção, mas também responsáveis por oferecer boa saída de bola, Fabinho e Edinho garantiam a liberdade necessária para Alex, extremamente entrosado com o ala-esquerda Jorge Wagner. Ceará, na direita, tinha como parceiro preferido o inquieto atacante Rafael Sobis, eterno par perfeito de Fernandão. No gol, é claro, o titular foi Clemer.

Os heróis responsáveis por devolver o Inter à decisão continental

Os primeiros movimentos da partida deram a entender que o fantasma paraguaio, incapaz de triunfar diante de cinco mil colorados em Assunção, não teria a menor chance contra as mais de 50 mil pessoas que fizeram trepidar o Beira-Rio. Logo aos 3, Edinho escapou em velocidade pelo meio e abriu com Fernandão. Invertendo posição com Sobis, o camisa 9, posicionado como um ponta-direita, cruzou rasteiro para o 11, que se atirou em preciso carrinho. Com os pés, Gonzalez salvou.

De garçom, Fernandão passou a artilheiro, e tentou, aos 14, completar cruzamento aberto de Jorge Wagner. Alta demais, a bola saiu em tiro de meta. Já aos 31, no último lance de perigo da etapa inicial, o Eterno Capitão alvirrubro recebeu grande passe em profundidade de Alex, assistência que não dominou por questão de centímetros, suficientes para o goleiro adversário fazer a defesa.

Embora de ampla supremacia colorada, a etapa inicial conviveu, também, com crescente ansiedade do povo vermelho. Contra o Olímpia, o Inter fora eliminado exatamente no segundo tempo, quando, inclusive, desperdiçou uma penalidade. A lição do passado, logo, era bastante clara: quem não faz, sofre. E o sofrimento deu as caras depois do intervalo. Cedo, o Libertad desperdiçou a primeira oportunidade, respondida rapidamente por Sobis, que teve boa chance. A partir dos 10 minutos, todavia, um verdadeiro filme de terror teve início.

O Inter viveu seis minutos de pura tensão, capaz de paralisar os atletas dentro de campo. Aos 11, Cáceres subiu livre após cobrança de escanteio e, respeitando o figurino, cabeceou para baixo. Clemer defendeu. Cerca de 40 segundos depois, López foi lançado na área e só não balançou as redes graças a desarme providencial de Bolívar. Na cobrança do córner, o mesmo atacante cabeceou bola que levou muito perigo ao gol alvirrubro. A torcida finalmente conseguia puxar o primeiro ar quando Riveros finalizou cruzado e Villareal, por detalhe, não completou de carrinho. Ato contínuo, quem arrematou para longe foi Gamarra. Abel, então, percebeu que a situação só tendia a piorar. Como respondeu? Mandando Rentería a campo, na vaga de Fabinho.

A troca foi ousada. A partir dela, Alex seria recuado à volância, e Fernandão, como um ponta-de-lança, estaria responsável por municiar Rentería e Sobis, a nova dupla de ataque. Necessária para um time que se via obrigado a marcar gols, a substituição também poderia oferecer ainda mais espaços para o Libertad, dentro de campo, e ao azar, fora dele. Felizmente, nenhum destes teve tempo para agir.

Aos 17, pouco mais de um minuto após a entrada de Rentería, Alex recebeu passe de Ceará. Recuado, o camisa 24 pôde visualizar o campo de frente e perceber que, ao mesmo tempo que seus companheiros mais adiantados estavam excessivamente marcados, existia espaço de sobra para progredir até as cercanias da grande área paraguaia. Assim fez e, após simples dois toques na bola, soltou um de seus marcantes canhotaços. Veloz, a esférica voou até as cercanias da pequena área, picou pela primeira vez, ganhou velocidade ainda maior e, sem oferecer chance alguma de defesa, bateu no poste para depois morrer nas redes. Inter na frente!

Ele sempre foi de bomba/Imagens: SporTV

A vantagem colorada nocauteou o Libertad. Antes confiantes em um gol que parecia iminente, os paraguaios ficaram visivelmente desorientados com o caldeirão da beira do Guaíba. Completamente zonzos devido à festa da torcida, chegaram a sentir náuseas quando, ao ritmo do povo vermelho, Sobis começou a dançar na ponta direita.

Primeiro, aos 21, o camisa 11 decidiu partir para dentro da marcação e só depois soltar a bola, cruzada na cabeça de Ceará, que parou no goleiro. No minuto seguinte, mudou de ideia e, ainda na intermediária, acionou Fernandão.

Vindo de trás como um meia, o capitão pôde dominar, fazer o giro, ajeitar e, a exemplo do que fizera Alex, soltar a canhota. Cruzado, o arremate dispensou o beijo no poste, mas também morreu no canto das redes alvinegras. Após abrir o placar graças a meio-campista recuado para a volância, o Inter chegava ao segundo através de um camisa 9 que ocupava a ponta-de-lança. Brilhante, Abel!

O 2 a 0 permitia ao Inter sofrer um gol e, mesmo assim, garantir vaga na decisão. A postura ofensiva, portanto, podia ser arrefecida. Assim, Abel mudou mais uma vez, colocando Wellington Monteiro na vaga de Índio. Deste momento em diante, o Clube do Povo esteve formado por duas linhas de quatro. Na primeira, estavam Ceará, Bolívar, Eller e Jorge Wagner. Logo na frente, Edinho, Alex, Wellington Monteiro e Fernandão.

Compacto, o Colorado seguiu se fechando bem, tocando a bola com segurança e transpirando disposição e garra. Ao mesmo tempo, a torcida, enlouquecida de felicidade, vaiava cada trama adversária com furor idêntico ao usado para incentivar o Alvirrubro. Nos acréscimos, Rentería ainda desperdiçaria boa chance, defendida pelo goleiro paraguaio.

Enfim, aos 48 minutos do segundo tempo, ecoou pelo Beira-Rio o último apito do árbitro Oscar Ruiz, oficializando o retorno do Inter, após 26 anos de espera, à final da Libertadores. Na força do Gigante, nos libertávamos do último fantasma continental. Livres, logo serviríamos de libertadores para os povos vizinhos. Que viesse o São Paulo!

Estávamos loucos por ti, América!/Foto: Jefferson Bernardes