No mês de maio, todo o Rio Grande do Sul viveu momentos inimagináveis em decorrência das fortes enchentes. Afetado, o acervo do Museu do Inter precisou de um cuidado especial para que a história colorada pudesse ser preservada.
O local teve suas reservas técnicas 1 e 3 impactadas, uma vez que ficam localizadas no nível 1 do Estádio, área que foi inundada devido ao rápido aumento no nível da água. Entretanto, graças ao empenho da equipe formada por funcionários do Museu, patrimônio e voluntários, parte do que ali estava conseguiu ser resgatado antes e durante a enchente, como conta o Coordenador do Museu, João Vicente Linck.
Estima-se que em torno de 10% do acervo que estava nas Reservas 1 e 3 ficou, ao menos, uma semana submersa. No entanto, apenas uma pequena parte do material foi danificada de forma irreparável e, além disso, conforme a análise interna, grande parte dos objetos não eram raros, podendo ser encontrados em outros departamentos do Clube, como o Arquivo e a Biblioteca.
As áreas mais atingidas continham principalmente troféus e itens metálicos, que estão sendo restaurados, higienizados e passando por pequenos reparos (se necessário). Já os documentos mais danificados foram congelados e receberão, ao longo dos anos, diversos cuidados, visando a sua preservação a longo prazo.
Após realizar o resgate dos materiais e ser posto em prática o plano de limpeza e tratamento, as peças foram direcionadas o ginásio Gigantinho, onde além de estarem secando, são examinadas à procura de danos que não foram perceptíveis na primeira análise. Quando retornarem às reservas técnicas, os materiais serão armazenados e identificados como sobreviventes.
Ao todo, cerca de trinta pessoas trabalharam nesta missão de preservar a história do Clube do Povo e restaurar o material, que representa, além da história do Sport Club Internacional, a luta de um povo forte, aguerrido e bravo, em um momento tão difícil para o nosso Rio Grande do Sul e para o Museu do Inter.
“Sou uma atleta que gosta de desafios. Sempre gostei.”
Ingrid era ídola no futebol feminino de Manaus quando recebeu o primeiro contato do Clube do Povo. Cobiçada pelos principais centros do país, ela esperava aproveitar as festas de final de ano antes de decidir seu futuro, mas descobriu que o destino não tira férias. A insistência vermelha abriu os olhos da jogadora de elite para o incipiente projeto que surgia em Porto Alegre, e foi suficiente para convencer a zagueira a abraçar mais um desafio na carreira. Hoje, passados pouco mais de quatro anos do ‘sim’ ao Inter, Sorriso está na história como a primeira atleta a completar 100 jogos pelas Gurias Coloradas.
Os desafios fazem parte da vida de Sorriso desde muito antes do apelido dado pelo estilo risonho e alegre da paulista da capital. Ainda criança, com cinco anos de idade, Ingrid começou a encarar obstáculos comuns à maioria das meninas apaixonadas pelo futebol. Sem uma escolinha feminina para frequentar, a filha da dona Onisia deu seus primeiros passos com bola ao lado de garotos, que foram seus companheiros de time no Tiger-Lusa Futsal.
Apoiada pelo técnico ‘Vagnão’ e por uma professora de sua escola, Sorriso participou, ao lado de outras 200 meninas, de uma peneira para o Centro Olímpico. Aprovada, não demorou para sofrer com outro símbolo histórico da desigualdade de gênero no futebol: a desorganização das categorias de base. Tímida, a jovem zagueira foi rapidamente integrada à categoria profissional, e teve de acumular experiência “na marra” para não ficar para trás na luta por espaço.
“A transição é meio complicada. Sempre joguei com pessoas mais velhas, o que, em algum momento, foi bom, porque ganhei experiência e aprendi muito cedo. Disputei uma copa Sub-17 que existia em São Paulo, mas não tinha Sub-20, então joguei no profissional com 16 anos, em um Campeonato Paulista. Amadureci muito rápido. Hoje, as meninas têm que valorizar muito o que a gente fez lá atrás. Agradecer, aproveitar e dar valor.”
Sorriso
Pioneira por natureza, Sorriso deixou o aconchego do lar e encarou mais de 2.500km de distância para disputar, em 2013, a primeira edição do Campeonato Brasileiro Feminino organizada pela CBF. Com o Botafogo-PB, a zagueira adquiriu aprendizados importantes para os passos seguintes de sua carreira, que seria vice-campeã estadual com o São Paulo e passaria por São Bernardo, Kindermann e XV de Piracicaba antes de viajar para ainda mais longe.
Em 2016, Ingrid atingiu um novo patamar no futebol. Pelo 3B/Iranduba, ela ajudou a colocar o estado do Amazonas em evidência nacional, integrando geração que atingiria uma histórica semifinal de Brasileirão na temporada seguinte. Heroína regional, viveu, inclusive, a emoção de ter seu nome cantado por uma Arena da Amazônia lotada, e virou um dos principais nomes do esporte no Norte do país
“Nunca sonhei em passar por isso. Chegar, fazer história e ver que, no meu retorno, a torcida foi ao Aeroporto. Cantavam meu nome. Pra mim, foi muito satisfatório. Até hoje, tem ônibus com foto minha. Lá no 3B, tem cartaz. A torcida, acho, era um pouco carente de futebol, e nós colocamos mais de 25 mil torcedores na Arena para uma semifinal contra o Santos. Fizemos o que deveria ser feito por lá há muito tempo.”
Sorriso
“Era só um ano, e estou há quatro”
Conformismo é uma palavra que não existe no dicionário de Sorriso, que abriu mão da quarta colocação nacional para disputar a série A2 em 2018. Loucura? Para muitos, sim. Afinal, ela trocava as reverências de Manaus inteira por um “tiro no escuro”. Campeão gaúcho em 2017, o Inter sequer tinha vaga garantida nos grupos da segunda divisão, e precisaria, primeiro, encarar uma seletiva, para só então entrar de vez na luta pelo acesso. Nesse roteiro, Ingrid enxergou mais um desafio para testar sua ambição.
“Gostei muito do projeto, vi que o grupo era bom, conhecia algumas atletas, e resolvi vir para cá. Gosto de tentar algo novo, e vim para fazer o que eu sei, que é me dedicar a cada dia e fazer história. O Clube me recebeu de braços abertos. Desde a diretoria a cada torcedor que me recebeu de forma incrível.Literalmente, no meu primeiro ano já me sentia em casa.”
Sorriso
São Lourenço da Mata-PE, 26 de março de 2018. O dia da estreia de Sorriso vestindo vermelho. O dia em que as Gurias superaram trânsito e adversário para brilhar para o país. Três horas de engarrafamento até ameaçaram a disputa da partida entre Clube do Povo e Náutico, que teve como sede a Arena Pernambuco, mas não foram suficientes para afastar as coloradas do sonho nacional. Dentro de campo, os milagres da goleira da casa deixaram para os pênaltis a decisão de quem seguiria vivo no Brasileirão A2, e o Inter, impecável, converteu suas seis batidas da marca da cal, uma a mais do que o Timbu. Avançávamos para os grupos!
“No meu primeiro jogo, eu senti a pressão.
Vi como era diferente.
Foi bem difícil,
mas a gente conseguiu esse feito.”
Sorriso
Quando chegou a Porto Alegre, a zagueira imaginava cumprir seu contrato de um ano – período até extenso se comparado à realidade de então do futebol feminino brasileiro – para depois dar sequência à carreira em outros clubes do país, e o gosto amargo da desclassificação no Nacional e do vice no Gauchão poderiam ter tornado ainda mais simples a decisão de partir no final da temporada. Mas Sorriso decidiu ficar. Desta vez, não pelo desafio, e sim pela acolhida que encontrara na capital gaúcha.
“Eu peguei, digamos, quase o começo, e foi bem difícil. Deslocamento para treinos, essas coisas. E hoje eu vejo que estamos no Sesc com toda a estrutura. Mudou muita coisa, e eu vejo essa evolução no futebol feminino aqui do Inter. Estão valorizando a gente, e isso foi um dos motivos que me fez ficar e acreditar. A torcida também tem um peso muito grande. Tenho um carinho enorme, de verdade.”
Sorriso
A permanência logo se provou acertada. No começo de 2019, Sorriso conheceu Maurício Salgado, técnico que, nas palavras da própria zagueira, agregou muito ao elenco colorado. Ainda no início do ano, o Inter recebeu a notícia de que disputaria a primeira divisão do país, e de cara mostrou que estava pronto para a elite ao vencer sete das nove rodadas realizadas antes da parada para a Copa do Mundo da França. Já durante o Mundial, o Clube do Povo contratou aquela que seria a grande parceira de Ingrid: Bruna Benites.
“Sou muito feliz jogando ao lado dela (Bruna Benites). Não somente dela, mas da Isa também, de todas ali. A gente se entende só com um olhar dentro de campo, nem falamos muito. Estamos há três anos juntas, e acho que a parceria foi dentro e fora de campo. Somos bem amigas. Ela é uma pessoa incrível, fora de série. Muito do que sei hoje foi por conta dela, que me orienta bastante. Somos uma parceria, espero, para a vida toda.”
Sorriso
Após encerrar o turno de pontos corridos do Campeonato Brasileiro de 2019 na quinta colocação, o Inter enfrentou o Flamengo nas quartas de final. Sediada no Sesc, a partida de ida do primeiro duelo eliminatório disputado pelas Gurias na elite nacional teve o placar inaugurado exatamente por Sorriso, que elege esse como o preferido dos oito gols que já marcou como atleta colorada.
Quatro meses se passaram do gol contra as Meninas da Gávea para a primeira taça que Sorriso ergueu com o Inter – a do Gauchão de 2019. Titular absoluta na campanha campeã estadual, a camisa quatro pôde atestar o espaço que conquistava no coração da torcida durante a festa do título, tamanhas as declarações que ouviu da torcida presente no Estádio 19 de Outubro, em Ijuí.
Gauchão 2019 foi a primeira conquista da 4/Foto: Mariana Capra
Daquele momento em diante, surgia uma idolatria que jamais parou de crescer, e que hoje está eternizada tanto nas arquibancadas coloradas, que a cada jogo recebem a faixa que carrega o rosto da xerife, quanto no braço de Ingrid, que leva a tatuagem do troféu. Desde então, mais outros dois foram conquistados por Sorriso, todos eles em cima do maior rival, que nunca venceu uma partida da zagueira.
“Aqui, realmente, eu acho que estou deixando minha marca, e espero que com isso, futuramente, se um dia eu sair daqui, eu possa retornar e fazer coisas novas, porque aqui me marcou, está marcando minha vida. Tenho uma tatuagem do Gauchão. Pode ter certeza que, isso aqui, vou levar para o resto da minha vida. Cada torcedor, o Clube em si, esse carinho, esse envolvimento.”
Sorriso
Craque já virou faixa na torcida/Foto: João Callegari
Junto das conquistas estaduais, a caminhada da camisa quatro no Inter também já proporcionou outros grandes momentos em nível nacional. Após retornarem às quartas de final em 2021, temporada na qual encerraram a primeira fase com a terceira melhor campanha geral, as Gurias atingiram uma inédita semifinal do país no ano passado. É justamente apoiada nessa constante evolução individual e coletiva que Sorriso alicerça o seu grande sonho de um dia conquistar o título brasileiro.
“Arrepia (pensar). Acho que vai ser um dos momentos mais felizes da minha vida. Almejo isso há muito tempo, há muitos anos. Estou peleando para construir isso, e esse feito vai vir. Vai ser um momento incrível, porque eu acho que nós, como time, como elenco todo, merecemos. Muitas pessoas falam que a gente está ali por sorte, por acaso, mas a gente sabe que não, e come pelas beiradas.”
Sorriso
Ídolo já tem o nome marcado na história colorada/Foto: Mariana Capra
“A minha família é o Inter, vocês são minha família.”
O jogo 100 de Sorriso alimentou ainda mais o sonho de ídola e torcida. Contra o Real Brasília, neste sábado (28/05), o Inter reencontrou o rival que o havia eliminado da Supercopa do Brasil no início do ano, e flertou com o mesmo roteiro de fevereiro durante a etapa inicial, encerrada com vitória de 1 a 0 das visitantes. No segundo tempo, contudo, qualquer fantasma do passado foi corrido para longe, e as Gurias chegaram à virada com gols de Lelê e Duda, resultado que manteve as coloradas na caça pela liderança.
Gurias e Taison homenagearam a zagueira/Fotos: Ricardo Duarte
Antes da partida, Sorriso foi surpreendida por uma homenagem especial do Clube do Povo. Após atravessar corredor de aplausos formado por suas companheiras de elenco, a zagueira se deparou com o ídolo Taison, que a aguardava com uma placa e uma camiseta comemorativas em mãos. Reconhecendo o feito inédito da zagueira, o craque do masculino entregou os presentes do Inter para a xerife feminina, que enfrentou a equipe de Brasília levando o número 100 às costas.
Xerife vestiu a 100 neste sábado/Foto: João Callegari
Um filme passa diante dos olhos de Ingrid quando questionada sobre o sentimento com que se torna a primeira jogadora não só da história das Gurias Coloradas, mas do futebol feminino gaúcho a atingir uma centena jogos por uma equipe. A zagueira não esquece de tudo que abdicou em nome da carreira como jogadora, mas deixa claro que as escolhas tomadas no passado não despertam nenhum arrependimento, e sim orgulho, acompanhado da humildade de quem compartilha o sucesso do presente com as pessoas que acreditaram em seu potencial no passado.
“Aprendi muitas coisas com cada atleta, com cada comissão que passei. O futebol é um dom, porque não é para qualquer pessoa abdicar de muitas coisas para estar aqui. Agradeço muito a minha família. Primeiramente a minha mãe, que sempre me apoiou e me incentivou, desde que eu era pequena. Vai um pedacinho para cada pessoa que fez história comigo, que estava comigo na boa e na ruim. A minha família é o Inter, vocês são minha família.”
Sorriso
Zagueira compartilha o feito com todos que a ajudaram/Foto: João Callegari
Com Sorriso e companhia, as Gurias voltarão a campo no próximo domingo (05/06), às 11h, para a disputa de Gre-Nal válido pela 11ª rodada do Brasileirão de 2022. Depois do jogo, que será disputado em Gravataí, o calendário reserva mais quatro partidas para o Inter na primeira fase nacional. Duas em casa, diante de São José-SP e Santos, e outras duas como visitante, contra Corinthians e Kindermann.
Como sempre na biografia colorada, o apoio da torcida será fundamental para Clube – e ídola – seguirem trilhando feitos relevantes dentro dos gramados. Se já é suficiente para eternizar a craque em nossa história, a trajetória até aqui construída por Ingrid passa longe de estar encerrada. Juntos, afinal, podemos muito mais. Ou melhor, buscaremos muito mais, pois somos do Inter. E nenhum desafio é maior do que a força de quem representa o povo que ergueu um gigante das águas. Vamos, Sorriso!
Que venham mais muitos dias e taças contigo, craque!/Foto: João Callegari
Ao todo, foram 529 jogos, 13 títulos, 97 gols, 113 assistências e o coração da Maior e Melhor Torcida do Rio Grande. Se todo carnaval tem sim, com a La Boba não seria diferente. E que privilégio ter passado por esses 14 anos de pura magia ao teu lado, Cabezón. Os Bastidores da última partida da carreira de D’Alessandro já estão no ar. Emocione-se:
Quando chegou a Porto Alegre para iniciar sua terceira passagem pelo Inter, D’Alessandro deixou claro que desejava se despedir do futebol ao lado do povo colorado, mas nem seus sonhos mais otimistas poderiam imaginar as emoções que estavam guardadas para o último jogo de sua carreira. Diante do Fortaleza, neste domingo de páscoa (17/04), o gringo chorou, sorriu, vibrou, reclamou, cantou e, o mais importante, venceu – como o protagonista de sempre.
Autor de um golaço, o de número 97 que marcou com a camisa do Inter, D’Alessandro desfilou à vontade ao longo dos quase 80 minutos em que permaneceu no gramado que lhe consagrou maestro. Depois, do reservado viveu sua primeira experiência na nova posição que ocupa, a de torcedor, com o gol de Alemão, que garantiu os três pontos para o Clube do Povo quando o relógio já se aproximava dos acréscimos da etapa final. Por fim, após o último apito, o ídolo foi tanto apaixonado quanto apaixonante para reger a festa das mais de 36 mil pessoas que não aceitavam a ideia de arredar o pé do Beira-Rio.
Mestre e aprendiz, ídolo e ídolo/Fotos: Ricardo Duarte
O primeiro ato do pós-carreira de D’Ale foi um emocionado abraço no parceiro Taison. Desfalque na segunda rodada do Brasileirão devido a edema muscular, o irmão e aprendiz do gringo apareceu no gramado tão logo o jogo foi encerrado, e fez questão de carregar, em seus braços, a estrela da noite até o centro do campo, onde Andrés recebeu não apenas o delirante sentimento do público, mas também o carinho de seus companheiros, que aos gritos festejaram a vitoriosa carreira do amigo e capitão.
— Sport Club Internacional (@SCInternacional) April 17, 2022
Ensurdecedor, o rugir do Beira-Rio foi silenciado apenas sob às ordens do próprio estádio, que conclamou o povo a assistir uma linda homenagem veiculada em seus telões para o ídolo. Poético e nostálgico, o vídeo de agradecimento apresentado ao público presente no Gigante foi logo sucedido por mais cantoria, que embalou os últimos passos de D’Alessandro no número 891 da Padre Cacique. Diante de um corredor de aplausos, o gringo, acompanhado de seus familiares, ainda confraternizou com amigos e ex-companheiros antes de, enfim, tomar o rumo do túnel de vestiários.
Ele jogou como viveu. E como viveu! Aqui, de craque virou ídolo. Herói, decisivo e multicampeão, se tornou colorado. Um dos nossos. E essa foi sua maior conquista. 😍
— Sport Club Internacional (@SCInternacional) April 17, 2022
Das chuteiras para os microfones, D’Ale encontrou tempo para conceder sua última entrevista coletiva como jogador de futebol. Irreverente e bem-humorado, o gringo travou mais um inesquecível encontro com a imprensa, ao longo do qual falou a respeito da história que construiu com a camisa colorada, analisou o legado que deixou no Clube do Povo, projetou os próximos passos de sua vida, desabafou sobre a emocionante despedida e, é claro, se declarou ao Inter, paixão que aprendeu a nutrir desde os primeiros dias que passou em Porto Alegre. Confira as principais aspas do ídolo:
Foto: Ricardo Duarte
“Eu nunca achei que era mais do que eu sou. Eu trabalhei para merecer o que aconteceu hoje. Sou mais um em uma história enorme, enorme, de atletas que ganharam muito mais do que eu, de atletas com uma identificação muito maior do que a minha. Mas isso não tira o que eu fiz.”
D’Alessandro
Foto: Ricardo Duarte
“A partir de amanhã, eu começo a mandar currículo (risos). Brincadeiras à parte, eu tenho uma dívida muito grande com o Inter. Quem me conhece, sabe o que o Inter representa na minha casa. Representa muito. Muito. Não só para mim, mas para a minha família. Do futuro, ninguém sabe, mas eu sinto que minha história com o Clube não fechou.”
D’Alessandro
Foto: Ricardo Duarte
“Legado a gente vai construindo. Tem uma palavra, para mim, que é fundamental: comprometimento. Por mais que tu tenha vontade, se tu não está comprometido com a causa, com a história do clube, com a camisa, não adianta. Tentei fazer tudo pelo lado do exemplo. Nunca cheguei tarde em um treinamento. Comprometido com o horário, com o pessoal que trabalha no Clube. Isso é o mínimo.”
D’Alessandro
Foto: Ricardo Duarte
“Para mim, não foi difícil gostar do Inter. Lá atrás, os presidentes, companheiros, colegas, funcionários, treinadores, me ensinaram a gostar do Clube. Eu amo esse Clube. Estou no lugar que eu quero. Na minha vida, River e Inter, em diferentes fases da minha carreira, me ajudaram muito, mas o tempo que eu fiquei aqui é incrível. Fez com que o Inter vire o Clube em que eu queria me aposentar.”
D’Alessandro
Foto: Ricardo Duarte
“Ninguém é maior que o Clube. O tempo e a história dizem isso. Sempre falo do Índio, por exemplo. O maior vencedor da história do Inter, não é? Passou. O Bolívar passou. Hoje, eu estou passando. Passaram muitos. Muitos que ganharam mais do que eu.”
D’Alessandro
Foto: Ricardo Duarte
“O que aconteceu é incrível. Não sei o que falar. Eu sonhava, primeiro, com a vitória. Falei para o grupo, esqueçam da minha despedida. Nós precisávamos ganhar. E, depois, o gol fechou toda uma história que foi perfeita. Sinceramente, a ficha ainda não caiu. Estou meio no ar. Mas tu viu como eu comemorei. Os caras se jogavam em cima de mim, e eu dizia pra ter calma, porque tinha o VAR. Não sabia como comemorar, saí correndo. Graças a Deus foi gol, e a história fechou como eu imaginava.”
D’Alessandro
Inesquecível: assim foi a última La Boba do nosso maestro, que além de despedida, também serviu de recomeço. Nesta segunda-feira (18/04), todos amanheceremos de cabeça erguida, com o ânimo renovado de quem veste uma camisa que não é vermelha por mero acaso. Nossas cores, afinal, são encarnadas. Vibrantes, como D’Alessandro foi até o fim. E como seguirá sendo. Porque D’Ale é Inter. E Inter sempre será D’Ale.
Há três anos, temos o privilégio de assistir à história de uma das nossas maiores/Foto: João Callegari
Contratada como craque, ela precisou de poucos meses para virar ídola. Hoje, mais do que marcada em nossa história, Fabiana pode se gabar de ocupar degrau dos mais altos no panteão colorado. À época com 29 anos, a selecionável soteropolitana deu o pontapé inicial em seu matrimônio com o Inter em um 10 de abril como hoje, mas de 2019, data em que vestiu pela primeira vez o manto do Clube do Povo. Dede aquela partida contra o São José, encerrada com vitória de 2 a 1 das Gurias, outros 63 capítulos foram escritos na biografia compartilhada entre instituição e jogadora, cada um desses fundamental na construção da figura divina que a atual camisa 7 representa para a Maior e Melhor Torcida do Rio Grande.
Uh! Fabiana!/Foto: João Callegari
O time certo para a jogadora certa – 2019
A fama que acompanhava Fabiana, também conhecida como Baiana, quando de sua chegada ao Inter era impactante. Em 2019, o currículo da craque, já consagrada como a melhor lateral-direita da Seleção Feminina em todos os tempos, acumulava participações em três Olimpíadas, incluindo a campanha medalhista de prata de 2008, o ouro no Pan de 2015, realizado em Toronto, e a disputa de duas Copas do Mundo, a primeira na Alemanha, em 2011, e a segunda no Canadá, também em 2015.
Fabi já era uma estrela quando chegou ao Inter/Fotos: Rafael Ribeiro/CBF
O último clube defendido por Fabi antes do Inter foi o Wuhan, da China, equipe para a qual se transferiu após um 2017 de relevância com as cores de Corinthians e Barcelona. Sua contratação, portanto, simbolizava a ambição do Clube do Povo para a temporada de estreia das Gurias na elite do futebol feminino brasileiro. De maneira simultânea ao desembarque da Baiana em Porto Alegre, inclusive, as coloradas tratavam de construir excelente arrancada no Nacional A1, dona de duas vitórias nos dois primeiros jogos do ano.
De cara, em sua partida de estreia, Fabi deixou claro o acréscimo de qualidade que representava. Válido pela quarta rodada do Brasileirão A1 de 2019, o embate entre Inter e São José-SP teve seu placar inaugurado pela colorada Daiane Moretti aos 29 minutos do primeiro tempo. O gol da centroavante saiu de cobrança de falta feita por Baiana, que levantou na área a partir da intermediária direita de ataque. Na segunda trave, outra ídola, a zagueira Sorriso, teve a responsabilidade de agir como assistente da jogada.
Fabi em sua partida de estreia/Foto: Camila Souza
Novamente com a camisa dois às costas, Fabi voltou a ser titular na rodada seguinte, quando as Gurias venceram o Minas-ICESP, fora de casa, por 2 a 0. Já o primeiro gol da lateral-direita como atleta colorada saiu no dia 19 de maio, data do terceiro jogo que disputou pelo Inter. No Pacaembu, a atleta, recém-convocada pelo técnico Vadão para a Copa do Mundo que em breve seria disputada na França, precisou de apenas 11 minutos para, ao perceber a goleira rival adiantada, marcar um dos gols mais bonitos do Brasileirão de 2019. De muito longe, por cobertura, a bola viajou até as redes alvinegras e abriu os caminhos para a vitória de 2 a 1 do Clube do Povo.
O primeiro gol de Fabi pelo Inter/Imagem: Bandeirantes
A crescente de Fabi Simões pelo Inter fazia crer que a lateral chegaria em grande forma ao Mundial, onde teria a responsabilidade de carregar parte do protagonismo da Seleção Brasileira junto de suas outras colegas de geração. No mês de véspera da Copa, porém, uma lesão muscular na coxa direita frustrou todas as expectativas de atleta e torcida, e culminou na colorada sendo cortada da convocação. Para muitos, um baque dessa magnitude significaria o fim da temporada. Para a nossa ídola, ele somente motivou um retorno ainda melhor – e em nova posição.
“Foi um ano, pra mim, muito difícil depois de ser cortada da Seleção Brasileira,
mas dei a volta por cima e consegui ajudar o Internacional.
Meu retorno ao Brasil não poderia ser de melhor forma.
Estou muito feliz e grata por isso.”
Fabi Simões, em dezembro de 2019
Dentro de campo, a retomada do calendário brasileiro não correu dentro do esperado pelas Gurias, que foram superadas, no último final de semana de junho, pelo Flamengo. O grande público registrado nessa partida, ao mesmo tempo, significou um importante capítulo de aproximação entre time e torcida, uma vez que centenas de colorados e coloradas, empolgados pelo sucesso de audiência registrado nos recentes jogos da Seleção, marcaram presença no Estádio da PUCRS e fizeram desse um caldeirão de apoio ao Inter.
Fabi foi titular contra o Flamengo/Foto: Mariana Capra
Inabaláveis, as coloradas reagiram à derrota dentro de casa com imediato triunfo como visitantes. Em Araraquara, Mariana Pires marcou o gol de vitória mínima sobre a Ferroviária, resultado que garantiu, com quatro rodadas de antecedência, a classificação do Inter para as quartas de final do Brasileirão. Atingido o primeiro objetivo de uma temporada que já se mostrava histórica, as Gurias voltaram à PUC para enfrentar o Audax, e fizeram valer o fator local para golear as paulistas por 5 a 1.
Pela primeira vez titular no ataque das Gurias, Fabi respondeu à nova função com autoridade, marcando o gol que abriu o placar do confronto contra as paulistas. Aos 32, poucos minutos após desperdiçar uma penalidade, a agora camisa 11 foi lançada por Mariana Pires e, em velocidade, praticamente da meia-lua da grande área, finalizou de primeira, mesmo atropelada por carrinho da goleira, que deixara o gol em desabalada carreira, para fazer mais um gol com a camisa do Inter.
Gol em cima do Audax foi o primeiro de Fabi diante da torcida colorada/Foto: Mariana Capra
De lateral para atacante, Fabi Simões deu mais um importante passo em direção à eternidade colorada no primeiro clássico que disputou. Nascida com especial predisposição para ser carrasca tricolor, a craque, que acabara de retornar de Data FIFA com a Seleção Brasileira, marcou, em confronto do Gauchão, os três primeiros gols da goleada de 4 a 0 das Gurias em cima das adversárias. De muito longe, em voleio com a perna direita, dentro da área, rasteiro e de canhota, e driblando a goleira, ela tratou de se apresentar à maior rivalidade do país já ocupando o posto de estrela. Surgia, naquele instante, a Mulher Gre-Nal.
A maior Mulher Gre-Nal da história/Foto: Mariana Capra
Golaço olímpico nas Castanheiras, pintura por cobertura contra o Oriente, em jogo que também contou com gol de puro oportunismo, e mais dois diante do João Emílio: Fabi Simões encerrou a fase de grupos do Gauchão com sete bolas enviadas às redes rivais. Cada vez mais adaptada às exigências de desempenhar uma função ofensiva no time de Maurício Salgado, a artilheira apresentaria, com a chegada das semifinais, outra de suas faces idolatradas – a de jogadora decisiva.
Fabi marcou olímpico em Farroupilha/Imagem: RDC TV
Inter e Oriente decidiram em jogo único a vaga na final do Gauchão, e as Gurias Coloradas, donas da melhor campanha da primeira fase, puderam atuar como mandantes na partida eliminatória. Disputado no Sesc, o confronto permaneceu com o placar zerado durante míseros três minutos, tempo cobrado por Fabi para marcar o primeiro e aproximar o Clube do Povo da decisão estadual. Logo depois, aos seis, a baiana ofereceria lindo passe de cabeça para Luana Spindler, mas teve sua assistência interceptada por gol contra da zaga rival. Caminho aberto, pela 11, para a vitória de 7 a 0. Que viesse o Grêmio!
Goleadora comemora o gol marcado em cima do Oriente/Foto: Mariana Capra
Ijuí, dia primeiro de dezembro de 2019. Pelo terceiro ano consecutivo, Inter e Grêmio decidiriam o Gauchão. Surgiria, ao fim dos 90 minutos regulamentares, o primeiro time bicampeão estadual depois da retomada dos respectivos departamentos de Futebol Feminino colorado e tricolor. Engrandecendo ainda mais o espetáculo, o clássico também seria o primeiro disputado com as duas equipes pertencendo à elite nacional. O Clube do Povo, àquela altura, já carimbado por passagem nas quartas de final do país, e o rival, por outro lado, recém-promovido à série A1.
Em resumo, era tarde de jogo grande. Jogo para gente grande. Jogo, é claro, para Fabi Simões. Aos oito minutos, a camisa 11 recebeu passe em profundidade de Naná, tomou a frente da marcação, driblou a goleira e, com requintes de crueldade, finalizou rasteiro e sem força. Mansa, a bola morreu lá dentro. Logo depois do primeiro gol, a Mulher Gre-Nal voltou a ter espaço para correr até a área adversária. Mais uma vez, ela driblou Lorena. Desta vez, chutou de canhota. Uh! Fabiana! Inter 2 a 0.
Se ela engata a primeira, não tem quem segure/Foto: Mariana Capra
O Grêmio até chegou a empatar a decisão, mas seu esforço de nada valeu, a não ser para adiar o inevitável título do Inter. Com gols de Naná e Jheniffer, as Gurias venceram a finalíssima por 4 a 2 e levantaram sua segunda taça estadual, a primeira de Fabi vestindo alvirrubro. Já marcada na história do Clube do Povo, Simões ainda receberia, na semana seguinte, o prêmio de melhor lateral-direita do Brasileirão A1 de 2019, reconhecimento que serviu de chave de ouro para encerrar uma difícil temporada de superação, reinvenção e protagonismo. Para 2020, o país inteiro já sabia: em Porto Alegre, o lado vermelho tinha uma craque.
O beijo na primeira taça/Foto: Mariana Capra
“Podem esperar muito empenho e dedicação.
Espero que no ano de 2020 eu possa jogar melhor
do que fiz nessa temporada de 2019.”
FABI simões, em dezembro de 2019
Com vocês, a melhor lateral-direita do país em 2019/Foto: Mariana Capra
Ninguém atrasa quem nasceu para vencer – 2020
O ano de 2020 reservou novas pedras no caminho de Fabiana Simões. Na partida de estreia das Gurias na temporada, por exemplo, a atacante, lesionada, precisou deixar o campo logo no minuto 14. Do DM, ela acompanhou os quatro jogos disputados pelo Inter antes da paralisação do calendário brasileiro em virtude da pandemia do novo coronavírus. A volta aos gramados, assim, ocorreu apenas no final de agosto, mais de seis meses após a lesão sofrida.
Depois de tanto tempo sem jogar, é claro que Fabi voltou com fome de gols. Já na terceira partida disputada no ano, Simões foi decisiva na vitória de 2 a 1 das Gurias sobre a Ferroviária, conquistada fora de casa e de virada. Servida por Shashá, a atacante desviou bom cruzamento em direção ao poste, e contou com a sorte que acompanha as craques para ver a bola rebotear no corpo da goleira Luciana e tomar o caminho da baliza grená. Na sequência do calendário, três jogos mais tarde, foi o Iranduba-AM quem teve sua meta vazada pela 11 colorada.
Camisa 11 viveu fase goleadora no retorno das competições/Foto: Mariana Capra
À medida que o trio de ataque formado por Shashá, Byanca Brasil e Fabi Simões acumulava maior entrosamento, as Gurias passaram a somar ainda mais pontos na disputa do Brasileirão. Na 11ª rodada, diante do Cruzeiro, a camisa 11 brilhou com dois gols, o primeiro deles digno de uma extrema, lançada para fazer o facão e finalizar com o pé trocado, e o segundo característico da centroavância, que tanto cobra por oportunismo que não permita passar incólume qualquer bola viva dentro da pequena área adversária.
Contra o Cruzeiro, foram mais dois para a conta/Foto: Mariana Capra
É possível que o melhor jogo de Fabi Simões em 2020 tenha sido justamente o último que a atacante disputou na primeira fase do Brasileirão A1 daquele ano. No Allianz Parque, a camisa 11 não marcou gol ou deu assistência, mas destroçou, à base de suas arrancadas, por completo a zaga rival. Volantes palestrinas, as atletas Nicoly, Angelina e Maressa não conseguiram rastrear a craque colorada no sintético gramado paulista, e permitiram que a baiana criasse espaços e cavasse faltas determinantes na vitória de 3 a 1 do Internacional.
Fabi não esteve nas melhores condições físicas durante as quartas de final do Brasileirão A1, nas quais as Gurias, que haviam avançado de fase na terceira colocação, foram eliminadas pelo Avaí/Kindermann. No Gauchão, cuja primeira fase foi disputada em duas partidas, a atacante começou a primeira na reserva, ainda em busca da melhor forma, e foi titular na última. Nessa, contribuiu na goleada colorada sobre o João Emílio, mesmo jogando na lateral, com três gols.
C de Colorado, L de líder – o Bi estava a caminho/Fotos: Mariana Capra
Mulher Gre-Nal, Fabi passou em branco na final do Gauchão de 2020 (acredite se quiser!). Mais uma vez escalada na lateral, desta feita para que Rafa Travalão e Mariana Pires pudessem atuar juntas na construção de jogadas para a dupla de avantes formada por Shashá e Byanca Brasil, a defensora não deixou de ter boa exibição no clássico, encerrado com vitória de 2 a 1 do Inter sobre o Grêmio. Passadas duas temporadas em Porto Alegre, a ídola chegava a dois títulos conquistados pelo Clube do Povo.
A 7 ficou ainda mais pesada – 2021
Fabi e 7, sinônimos da grandeza colorada/Foto: João Callegari
A primeira baixa das Gurias em 2022 chegou cedo. Ainda na pré-temporada, a recém-contratada atacante Millene Fernandes sofreu grave lesão ligamentar no joelho. Sem ela, Mauricio Salgado precisou encontrar uma nova referência ofensiva em seu elenco, então repleto de velocistas, como Shashá, e de jovens promessas, a citar Mileninha, mas carente de uma jogadora já talhada para ser estrela. Na estreia colorada no Brasileirão, Fabi pleiteou candidatura a esse posto, já que marcou, de pênalti, o gol do empate de 1 a 1 do Inter com o Santos.
Craque marcou em cima das Sereias da Vila/Foto: Mariana Capra
Titular nas vitórias do Inter sobre Bahia e Flamengo, conquistadas nas rodadas segunda e terceira do campeonato, Fabi sofreu uma lesão antes da quinta jornada nacional, e a injúria a impediu de disputar os quatro jogos seguintes. Uma vez reintegrada às relacionadas, a atacante pôde atuar cerca de 20 minutos no empate sem gols das Gurias com o Minas Brasília, mas pouco conseguiu criar diante da bem postada zaga adversária. Nessa altura do Nacional, com 15 pontos conquistados, o Clube do Povo começava a buscar uma arrancada de triunfos consecutivos para assegurar sem maiores problemas sua classificação às quartas. Momento ideal para o retorno da craque às 11 iniciais.
“Agradeço também ao Departamento Médico,
que fez tudo do bom e do melhor para eu estar voltando
o mais rápido possível.”
Fabi Simões, após o jogo contra o Botafogo
No masculino, ela pertenceu a Valdomiro, Fabiano, Tinga e Taison, entre outros gigantes. Na história feminina e colorada, foi empunhada por ninguém mais, ninguém menos, do que Bel. Com o passar dos anos, a Maior e Melhor Torcida do Rio Grande aprendeu que, nos momentos de dificuldade, deveria correr os olhos na direção dela. Afinal, desde criança ouvimos e aprendemos que quem a veste precisa ser diferente, capaz de dançar no mesmo ritmo que nossas bandeiras tremulam, de partir para cima de defesas representando a ambição de milhões, e de definir, destroçando goleiras, com a qualidade de poucos. No Internacional, em resumo, a camisa 7 sempre entortou varal.
Algumas imagens dispensam legenda/Foto: Mariana Capra
O hiato que vivemos do gol de pênalti contra o Santos até novo encontro de Fabi com as redes pode ter feito com que algumas coisas passassem desapercebidas ao grande público. Desde a estreia em 2021, por exemplo, Simões já vestia um novo número. No lugar do 11, que tantas vezes usou após suas primeiras partidas com a 2, a atacante estava com a 7. Sim, é isso mesmo. No ano em que precisaria se destacar como nunca, a craque escolheu trajar o número dos que tornam o impossível, realidade, e ainda teve a capacidade de esperar a hora certa para deixar claro que estava preparada para tamanha responsabilidade.
Fabi voltou na hora certa/Foto: Mariana Capra
Precisando vencer, o Inter disputou a 10ª rodada do Brasileirão A1 de 2021 no Engenhão, contra o Botafogo. Titular junto de Mileninha, sua nova parceira de ataque, Fabi Simões armou a primeira de suas arrancadas no minuto 13 da etapa inicial, instante em que serviu a companheira, que finalizou para milagre da goleira Rubi. Espalmada, a bola tomou o caminho da marca do pênalti, onde a camisa sete colorada, embora prensada por duas marcadoras, apareceu para concluir. Placar aberto no Rio.
📝😎 Manual de contra-ataque!
Confere os dois gols que vão garantindo a vitória parcial das Gurias Coloradas diante do Botafogo, no Estádio Nilton Santos. Fabi Simões e Mileninha marcaram para o Clube do Povo! Vamo, Colorado! 🤯🇦🇹 #VamoInter#GuriasColoradaspic.twitter.com/sxIwlgZVOn
— Gurias Coloradas (@ColoradasGurias) May 26, 2021
Passados 10 minutos, Mileninha e Fabi voltaram a reluzir. Do campo de defesa, a cria partiu em velocidade até a intermediária ofensiva, sempre acompanhada por cinco marcadoras. Única parceira de time ao seu lado, Simões foi percebida pela atacante, que esticou jogo pela ponta-direita. Dali, a 7 cruzou, como Valdomiro, em direção à primeira trave. Dentro da área, a aprendiz consagrou a tabela da dupla. Inter dois, Botafogo 0.
Foto: Mariana Capra
“Estou muito feliz de ter voltado e por ter ajudado a equipe a sair com os três pontos. Isso é o mais importante, independente se eu fiz gol ou dei uma assistência.”
Fabi Simões, após o jogo no Engenhão
Foto: Mariana Capra
Titular na vitória de 1 a 0 sobre o Cruzeiro, no Sesc, Fabi voltou a balançar redes na rodada 12, quando fez os dois do Inter na polêmica derrota de 3 a 2 para o Palmeiras. No final de semana seguinte, fora de casa, a colorada marcou, de cabeça, o segundo gol dos 2 a 1 do Clube do Povo em cima do São José-SP, triunfo que confirmou a classificação antecipada das Gurias à fase de mata-matas. Desde a volta de Simões, 9 de 12 pontos haviam sido conquistados pelo time de Maurício Salgado.
Fabi comemora com Mileninha (17) e Leidi (2)/Foto: Mariana Capra
Bicampeã gaúcha e artilheira consagrada em nível estadual e nacional com as cores do Inter, Fabi ainda perseguia, quando da disputa da reta final da primeira fase do Brasileirão de 2021, seu gol de desencanto no Beira-Rio – e não existia circunstância melhor para dar fim ao tabu do que no primeiro Gre-Nal feminino nacional sediado no Gigante. No último dia 20 de junho, as Gurias Coloradas receberam suas maiores rivais pela penúltima rodada do país.
Eram jogados 22 minutos do primeiro tempo quando, após passe espirrado de Djeni Becker, Fabi tirou proveito do pique da bola para invadir a área gremista. Com o corpo, a craque garantiu a posse, e, diante da aproximação de uma segunda rival, transformou o gramado do Beira-Rio em pista de dança. Azarada, a vítima tricolor sequer teve tempo de piscar os olhos antes de ser fintada e se deparar com um vermelho número 7 de frente para o gol azul. Segundos depois, festa no Gigante. Pela sexta vez naquele Brasileirão, e também em clássicos, a Mulher Gre-Nal marcava.
A jogada do primeiro gol de Fabi no Beira-Rio/Foto: Jota Finkler
“A expectativa está muito grande, queremos jogar.
Nos preparamos muito bem para passar pelo São Paulo,
chegar na semifinal e fazer história com o Inter.”
Fabi simões, antes das quartas de final
Encerrada a primeira fase do Brasileirão, o torneio teve sua disputa interrompida por mais de 50 dias, consequência da disputa dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Depois de dois anos seguidos de eliminação nas quartas de final, as Gurias teriam mais uma chance de chegar às semis nacionais, mas, para isso, precisariam eliminar o São Paulo, terceiro colocado no turno de pontos corridos e dono do mando de campo no jogo da volta, vantagem ainda mais celebrada pelas paulistas após conquistarem vitória na ida, no Beira-Rio, por 2 a 1.
Inter, de Fabi, abriu as quartas em desvantagem/Foto: Ricardo Duarte
Verdade seja dita, o jogo da volta começou ainda no Beira-Rio. Se o revés de 2 a 1 era duro para o Inter, ainda pior seria o panorama sem o gol de Djeni, marcado aos 47 da etapa final. Com ele, qualquer vitória no Morumbi levaria a disputa da vaga para os pênaltis, e as Gurias, com esperanças renovadas graças ao tento de desconto, não apenas começaram melhores a partida em São Paulo, como também não se deixaram abalar nem mesmo com o injusto gol de Gislaine, que abriu o placar para as mandantes aos 21.
A altivez apresentada pelo Inter diante da desvantagem foi recompensada nos pés de Fabi. Menos de 15 minutos depois do time da casa aumentar sua vantagem agregada para dois gols, a decisiva artilheira brigou com a marcação após passe parcialmente interceptado de Djeni, levou a melhor sobre a zaga, ajeitou para a perna direita e, de dentro da área, finalizou com curva, de chapa. Golaço, que na etapa final seria acompanhado por outro de Ari, marcado aos 39, e mais um de Shashá, anotado já nos acréscimos. Estávamos entre as quatro melhores equipes do Brasil!
Fabi envolveu a marcação no lance do gol de empate no Morumbi/Foto: Livia Villas Boas/CBF
“A gente joga com o nome da frente
para depois ser reconhecida com o de trás.”
fabi simões, depois das quartas de final
Fabi comemora o primeiro gol das Gurias no Morumbi/Foto: Luiza Moraes/CBF
Agressivamente caçada pela zaga do Palmeiras no duelo de ida das semis, Fabi teve que começar a volta, no Allianz Parque, como reserva. De todo modo, a craque, que entrou durante o intervalo, ajudou o Inter a jogar em alto nível até os 17 minutos da etapa final, instante em que as Gurias ficaram com uma a menos em campo. A partir de então, as palestrinas fizeram valer a superioridade numérica para eliminar o Clube do Povo do Brasileirão.
A despedida do calendário nacional, todavia, não representou o encerramento da temporada colorada. No mesmo mês de setembro que sediou o jogo do Allianz, as Gurias iniciaram a defesa pelo título do Rio Grande do Sul. Titular em quatro das seis partidas disputadas pelo Inter na fase de grupos do Estadual, Fabi marcou gols em todas essas, e avançou para as semifinais somando incríveis três assistências e uma dúzia de tentos no Gauchão.
Fabi sobrou na primeira fase do Gauchão/Fotos: João Callegari
O sétimo gol de Fabi Simões no Gauchão saiu na partida de abertura da fase eliminatória do Estadual. Em Farroupilha, contra o Brasil, a artilheira colocou à prova, pela enésima vez com a camisa do Inter, uma de suas principais valências ofensivas ao se posicionar, durante jogada de contra-ataque, nas costas da lateral rival. No pique, ela recebeu passe de Wendy, conduziu até a grande área e, como sempre, aguardou a tomada de decisão por parte da goleira. Quando viu que esta escolhera a saída por baixo, finalizou de bico, rasteiro, para começar a trilhar o caminho colorado rumo à decisão. Ensina, Fabiana!
Camisa sete marcou em todas as partidas que disputou no Gauchão passado/Foto: João Callegari
No jogo de volta, no Sesc, Simões brilhou com uma assistência, para Rafa Travalão, e um golaço, dos mais bonitos de sua trajetória pelo Inter. Acionada na intermediária de ataque, a poucos passos do círculo central, ela costurou em direção à meia-lua da grande área e, nas cercanias desta, mandou uma folha-seca no ângulo farroupilhense. Na comemoração, a camisa sete mostrou sua sintonia com a essência popular e política do Clube do Povo, celebrando com o punho erguido. Amamos Fabi, amamos o Inter, odiamos o racismo!
Ídola do povo!/Foto: João Callegari
Mais uma final, mais um Gre-Nal. Sétimo da carreira de Fabi Simões, o clássico que decidiu o Gauchão de 2021 foi, também, o mais disputado e parelho dos últimos tempos. Na Arena Cruzeiro, mesmo palco do bicampeonato conquistado pelas Gurias em 2020, as rivais, armadas com a clara intensão de contragolpear, largaram em vantagem logo aos sete, empurrando a pressão para o lado colorado, que sofria para criar boas chances. Somente aos 40, depois de muito insistir na bola aérea, o Inter conseguiu um pênalti.
“Jogadora grande
tem que jogar em jogo grande.
É pra isso que eu estou aqui.”
Fabi Simões, na comemoração do Tri gaúcho
Fabi Simões contra Lorena. Nas arquibancadas, centenas prendiam a respiração. Em casa, milhares. A minutos do intervalo, as Gurias podiam voltar ao jogo. Grande para a maioria, a responsabilidade da cobrança foi encarada com leveza por quem carrega uma camisa tão pesada quanto Baiana. Rasteira, entre o canto esquerdo e o meio do gol, a batida saiu firme e explodiu nas redes. Recado dado: a Mulher Gre-Nal estava on, e ela queria o Tri!
Fabi empatou para o Inter/Fotos: João Callegari
Inalterado durante os pouco mais de 50 minutos que sucederam o gol de Fabi, o placar de 1 a 1 levou a decisão da taça para os pênaltis. De volta à marca da cal, a 7 colorada se saiu ainda melhor do que durante o confronto, e assim converteu, na quarta batida do Inter, o terceiro tento colorado. De tão tranquila, a ídola alvirrubra pareceu, inclusive, pressionar a gremista que a sucedeu, cuja penalidade foi defendida por Vivi. Pouco depois, a goleira salvaria mais uma, e a conquista estaria garantida.
Alguns hábitos jamais saem de moda/Fotos: Mariana Capra e João Callegari
Mais um ano para fazer história – 2022
Passados três anos de sua estreia, Fabi Simões segue brilhando com a camisa do Inter. Na atual campanha terceira colocada no Brasileirão A1, dona de quatro vitórias em cinco jogos, a craque, titular tanto do ataque, nas partidas contra Cresspom-DF e Bragantino, quanto da ala-direita, que ocupou diante de São Paulo e Ferroviária, já ofereceu duas assistências e marcou um gol.
O gol de Fabi contra o Bragantino/Fotos: João Callegari
Assim, ao lado de suas companheiras, a dona da 7 continua batalhando em busca de feitos ainda mais relevantes para o pioneiro e vencedor Futebol Feminino colorado, e para isso conta com o apoio da Maior e Melhor Torcida do Rio Grande. Povo e ídola, lado a lado, sabem que existe muito mais por vir, e juntos tratarão de buscar o que é seu por direito. Obrigada por nos escolher, Fabiana Simões. Aqui, você será eterna.
Alguns jogadores carregam a capacidade ímpar de simbolizar a torcida do clube que defendem. Magrão, porém, ia muito além disso. De certa forma, o camisa 11 transcendia a mera representação da garra vermelha dentro de campo para, sabe-se lá como, converter-se, a cada partida, em evidente personificação da vibrante, popular, sanguínea e peleadora história do Internacional. Por isso, e muito mais, o ídolo foi entrevistado nesta segunda-feira (04/04) de aniversário do Internacional. Confira o papo, que foi ao ar na Rádio Colorada!
Capitã das Gurias, a ídola Bruna Benites participou, nesta segunda-feira (04/04), do Programa do Inter comemorativo aos 113 anos do Clube do Povo. Atleta alvirrubra desde 2019, quando foi contratada para reforçar o elenco que disputava a edição de estreia do Futebol Feminino vermelho na elite do país, a três do Beira-Rio já jogou 61 partidas com nossas cores encarnadas, e construiu, ao longo dessa trajetória, sentimento dos mais sinceros e bonitos pelo Colorado das glórias, relação que detalhou durante a entrevista. Confira a íntegra!
Noticiário esportivo da Rádio Colorada, o Programa do Inter desta quarta-feira (23/02) entrevistou o ídolo Nei, que há 12 anos marcou o primeiro gol do Clube do Povo na campanha que seria campeã da Libertadores de 2010. Confira a íntegra do papo!
Prestes a disputar o torneio pela sétima vez em sua história, o Inter já era campeão e bifinalista da Libertadores. Mesmo assim, um pequeno tabu persistia incômodo à torcida nas vésperas da primeira rodada da edição de 2010. Até então, afinal, o Colorado jamais estreara com vitória no principal torneio de clubes do continente. Muito por isso, as 40 mil pessoas que lotaram o Beira-Rio na noite do dia 23 de fevereiro reconheceram fantasmas do passado quando Quiroz, no início da etapa final, abriu o placar para o Emelec do técnico Jorge Sampaoli. Felizmente, foi nessa hora que Nei apareceu.
“Era um jogo difícil, contra uma equipe de muita força. O Sampaoli é um excelente treinador, já mostrava isso. E a nossa equipe vinha desacreditada. Ninguém esconde que, naquela época, todo mundo achava que o Inter não faria uma boa Libertadores. No intervalo, teve uma conversa, pois o campo estava molhado, e lembro que o Fossati pediu para chutarmos mais, para arriscar. E eu tive a felicidade de acertar um bom chute para empatar naquele momento e respirar um pouco.”
Nei
Torcida lotou o Gigante na estreia da Libertadores de 2010
O Inter que iniciou 2010 sob o comando de Jorge Fossati jogava de maneira bastante diferente daquele que conquistaria a América no mês de agosto. Com o uruguaio na casamata, o Colorado tinha preferência por atuar com três zagueiros, oferecendo maior liberdade para os alas, mecânica que justifica o porquê de o herói improvável ter investido contra a defesa rival diante da desvantagem no placar.
“Nunca escondi que meu estilo de jogo sempre foi muito aguerrido, de muita força. Eu arrastava, era um atleta que tinha a leitura tática muito boa. Nunca fui um cara habilidoso, que estava dentro da área o tempo todo. Mas, naquela época, a gente jogava com três zagueiros, e o Fossati liberava bastante. E eu vivia o que o treinador pedia.”
Nei
Nei marcou seu gol aos sete minutos do segundo tempo. Aberto na intermediária direita de ataque do Inter, o ala recebeu passe de Sandro e, ao perceber que seu marcador armava o bote, fez o drible. Depois da finta, o pé direito do camisa 15 primeiro beijou a bola, engatilhando o arremate, para na sequência acertar chute que figura entre os mais bonitos da história do Beira-Rio. Menos de um mês depois de estrear como atleta colorado, o lateral-direito oferecia um cartão de visitas perfeito para o povo vermelho.
“Aquele gol foi especial porque foi a abertura da Libertadores, foi a minha estreia na Libertadores, e com uma equipe sensacional, como o Inter. Até então, o Nei era desconhecido e desacreditado. A partir daquele gol, tive um divisor de águas. Os olhares ficaram diferentes. E foi meu primeiro gol pelo Inter.”
Nei
O empate, contudo, não dava fim ao jejum colorado em estreias continentais. Para quebrar o tabu, o Inter contou não apenas com a qualidade de seus jogadores, mas também com o som do Gigante, que mesmo com a chuva de verão oferecida pelo clima de Porto Alegre à orla do Guaíba, esteve incendiado por uma multidão pulsante. Como recompensa ao apoio da torcida, o gol da virada, teimoso, saiu aos 41, instante em que Alecsandro finalizou linda jogada de Andrezinho e Walter. Assim, o Beira-Rio, da mesma forma que Nei, oferecia seu cartão de visitas para a Libertadores 2010.
“O fator predominante para nós ganharmos a Libertadores de 2010 foi o Beira-Rio. Não perdemos um jogo em casa, ganhamos todos, e a torcida tem 80% de parcela nisso. Vibravam o tempo todo. Quando eu entrava no estádio, brincava que não ía cansar. E isso porque a torcida corria comigo. A torcida do Inter é diferente. As Ruas de Fogo… isso é muito marcante, e você leva para o campo. É um diferencial absurdo. Não tem como você descrever o quanto te ajuda.”
Nei
Alecsandro garantiu a alegria no Beira-Rio
Hoje treinador, Nei revelou, no papo com a Colorada, que ainda leva consigo muitos dos aprendizados que ganhou nos tempos de Inter. Pilar de um sistema defensivo que marcou época, o ex-lateral não poupa elogios a companheiros como Bolívar e Kleber, junto dos quais revela ter atingido entrosamento sem igual na carreira, fato que comprova o encaixe sobrenatural das peças que levaram o Clube do Povo ao Bi da América.
“A liderança que eu tenho hoje, digo que aprendi 80% com o Bolívar. Me ensinou muito. Por sermos amigos, fizemos uma parceria que dava muita confiança. No chão, a bola era minha. No alto, eu não me preocupava. Em todas, ele chegava. Ele era muito firme, o Índio era muito firme. E o Kleber era muito firme. Sobre ele, digo que tive a oportunidade de jogar com meu ídolo e ainda me tornar amigo. Era sensacional, cruzava com a mão, jogava de terno. O melhor lateral-esquerdo com quem eu joguei.”
Campeão da Libertadores e da Recopa com a camisa do Inter, Nei também conquistou dois Gauchões durante os anos que vestiu vermelho. Profundo conhecedor das particularidades do futebol gaúcho, o lateral não deixou passar batida a primeira Semana Gre-Nal de 2022. Forjado nas dificuldades, o ídolo lembrou com carinho dos clássicos que disputou, comentando detalhes da rotina que antecedia cada partida contra o maior rival colorado.
“O Gre-Nal é muito diferente. Só entende quem viveu e quem vive. É um campeonato à parte. Esquece quem está bem ou mal: você tem que ganhar. A cobrança é muito grande, e existem jogadores que vestem a camisa de uma forma que acabam incorporando o torcedor dentro de campo. É uma semana especial, que eu amava, porque sou um cara que gosta de desafios, que me cobrem. Era muito bom, um jogo que durava a semana inteira. Você ía no mercado e o gremista já não olhava na minha cara. Isso é o que o Gre-Nal faz com as pessoas.”
Nei
Nei lembrou dos tempos de protagonismo na rivalidade Gre-Nal
Do Gol 1000 em clássicos ao topo do mundo. Das conquistas regionais para os maiores feitos da história do clube. Exemplo dentro e fora de campo. O Personagem do Mês de julho do Museu do Inter é o eterno camisa 9 e capitão colorado: Fernando Lúcio da Costa.
Quando desembarcou em Porto Alegre naquele longínquo 2004, havia esperança. Mas nem o mais otimista dos colorados poderia imaginar o que viria pela frente. Só que o Gol 1000 em clássicos mostrava que tinha algo a mais ali. O camisa 18 daquela partida tinha, na verdade, um 9 tatuado na alma.
Líder dentro e fora dos gramados, Fernandão desbravou os caminhos que nos levaram ao topo da América. Na Copa do Mundo de Clubes, o ídolo, como um grande capitão, foi a testa de sua tropa, combatendo os avanços adversários até o limite de seu corpo. Retirou-se do gramado para a entrada daquele que marcaria o gol da vitória. Até nisso foi predestinado.
Marcou 77 gols nos seus 190 jogos com a camisa rubra. Foi dirigente, técnico e deixou um legado gigante para as gerações futuras de colorados. Em uma fatalidade, perdeu a vida em 2014. Mas jamais deixará nossas memórias e corações. Fernandão é eterno.
Está finalizada a revitalização das pilastras da elevada da Conceição. Ao longo da última semana, o Inter convocou o artista Alan Vieira para grafitar a região com artes que retratam a história dos Eucaliptos, do antigo Beira-Rio e do atual Gigante. O trabalho ainda conta com homenagens aos ídolos Carlitos, Tesourinha e Falcão. Te liga no resultado final!