Luto por Marinho Peres

O Clube do Povo recebeu com profundo pesar a notícia do falecimento de Marinho Peres. Atleta do Inter nos anos de 1976 e 1977, o ex-zagueiro, titular absoluto na conquista do segundo Brasileirão da história colorada, morreu nesta segunda-feira (18/09), aos 76 anos, após mais de um mês internado por complicações nos rins e no coração.

Marinho Peres defendeu o Inter entre 1975 e 1976

Relembre a carreira de Marinho Peres:

Natural de Sorocaba-SP, Mário Peres Ulibarri começou a carreira no São Bento. Destacadas, suas atuações logo chamaram a atenção da Portuguesa dos Desportos, equipe que defendeu entre o final dos anos 1960 e o começo da década de 1970. No Canindé, o defensor ganhou o apelido de Marinho Peres. Com ele, se consolidou entre os melhores zagueiros do futebol brasileiro.

Brasil na Copa do Mundo de 1974 (Marinho é o primeiro em pé a partir da direita)

Nacionalmente reconhecido, Marinho viveu, a partir de 1973, uma ascensão meteórica. Primeiro, o zagueiro acertou com o Santos de Pelé. Lá, conquistou o Paulistão. Depois, em 1974, embarcou rumo ao Velho Continente, onde assinou com o Barcelona de Johan Cruijjf. Nessa temporada, Peres ainda foi titular do Brasil na Copa do Mundo da Alemanha. O ápice de sua carreira, porém, ainda estava por vir.

Marinho em ação na Copa do Mundo de 1974/Foto: Arquivo Pessoal/Marinho Peres

Recém-coroado campeão brasileiro de 1975, o Clube do Povo enxergou em Marinho o par perfeito para Figueroa – e esperou o momento certo para se aproximar do defensor. Caso permanecesse no Barcelona em 1976, Peres, que tinha naturalidade espanhola, precisaria servir ao exército do país durante todo aquele ano. Sua continuidade no Camp Nou, portanto, estava comprometida. E nada melhor do que trocar um gigante europeu pelo atual dono do Brasil.

Marinho Peres nos anos de Barcelona/Foto: Ricardo Duarte

Se engana quem pensa que o vistoso currículo garantiu titularidade imediata a Marinho. Dupla de Figueroa no Brasileirão de 1975, Hermínio continuou titular na abertura do Gauchão de 1976, a ponto de a primeira grande oportunidade para o zagueiro mundialista surgir apenas na derradeira rodada da primeira fase estadual, quando o Clube do Povo disputou o Gre-Nal de número 223 na história.

A primeira ficha de Marinho como jogador do Inter

Surpreendentemente (ou não) pessimista com as chances do Inter, a imprensa gaúcha tentou rotular Marinho como um fracasso antes mesmo de sua estreia. Para a crítica, Peres e Figueroa não podiam jogar juntos. Especulavam que os dois brigariam por holofotes, deixando Alcindo, atacante do rival, à vontade para brilhar no Beira-Rio. Coitados. Apoiado por mais de 73 mil pessoas, o Colorado venceu o clássico por 2 a 0.

“Eu quero estar sempre

entre os melhores”

Marinho Peres

Os gols do Gre-Nal foram marcados por Figueroa e Carpegiani, dois dos melhores jogadores em campo – ao lado de Marinho. Seguro sempre que exigido e dono de refinada técnica para sair jogando, Peres assumiu a titularidade colorada para, a partir de então, formar com Don Elias a dupla de zaga que conquistaria o Gauchão de 1976 e, junto com ele, o jamais igualado Octa do Rio Grande.

“Toda vez que tirava

uma foto do nosso time antes dos jogos,

tinha a certeza de que ele deixaria saudades!”

Marinho Peres
Os campeões de 1976 (Marinho é o segundo em pé a partir da direita)

No segundo semestre, Marinho Peres colocou mais uma faixa no peito. Adaptado à linha de impedimento, estratégia que aprendera a explorar durante os anos de Europa, o zagueiro encaixou como uma luva na equipe de Rubens Minelli e foi um dos pilares da equipe campeã com o melhor aproveitamento da história do Brasileirão: 84%. De 23 jogos, o Inter empatou um, perdeu três e venceu 19, o último deles diante do Corinthians, na finalíssima, por 2 a 0.

Inter em 1977 (Marinho é o terceiro em pé a partir da direita)

Marinho Peres deixou o Inter em 1978. Negociado com o Palmeiras, permaneceu no Parque Antártica até 1980, quando acertou com o América-RJ, último time de sua carreira. Em Porto Alegre, o ex-zagueiro está eternizado como um dos grandes nomes do inesquecível e vencedor Clube do Povo dos anos 1970. Sinônimo de saudade, o ídolo partiu deixando as melhores recordações para o povo colorado. Obrigado por tudo, campeão!

Marinho atende torcedores em frente ao Portão 8 do Beira-Rio/Foto: DVG

Rentería reencontra o Clube do Povo na Colômbia: “o Inter é minha vida”

Rentería visitou a concentração colorada em Medellín/Foto: Ricardo Duarte

O Inter reencontrou um velho conhecido em Medellín. Campeão da América em 2006, o ídolo Wason Rentería visitou, na última segunda-feira (03/04), o hotel que serviu de concentração para o Colorado antes da estreia na CONMEBOL Libertadores de 2023, e aproveitou para matar as saudades dos amigos feitos em Porto Alegre e receber um presente especial do presidente Alessandro Barcellos e do vice-presidente de Futebol do Clube do Povo, Felipe Becker.

Colombiano vestiu a ’19’ na Libertadores de 2006/Foto: Ricardo Duarte

Talismã na conquista da primeira Libertadores colorada, Rentería defendeu o Inter entre os anos de 2005 e 2006. Logo em seus primeiros meses de Clube, o colombiano estabeleceu forte conexão com a Maior e Melhor Torcida do Rio Grande, e assim passou a imitar o Saci na comemoração de cada gol marcado. Exatamente por isso, um cachimbo e um gorro foram entregues pelos dirigentes ao ídolo, além de uma camisa personalizada com o nome do ex-atacante.

Rentería e filhos junto do elenco colorado/Foto: Ricardo Duarte

Durante a visita, Rentería concedeu entrevista exclusiva para o Mundo Colorado, na qual destacou a importância do Inter em sua carreira e manifestou sua torcida para que o Clube do Povo conquiste, em 2023, a terceira estrela continental. O ídolo também celebrou o reencontro com Luiz Adriano, atual centroavante alvirrubro e companheiro de Wason em 2006. Clique no botão abaixo e confira a íntegra do material!

Sorriso é homenageada pelos 100 jogos

De ídolo para ídolo – Taison homenageia Sorriso/Foto: Ricardo Duarte

Pela primeira vez na história das Gurias Coloradas, uma jogadora completou 100 jogos com a camisa vermelha. Dona do feito, atingido neste sábado (28/05), a ídola Sorriso foi homenageada pelo Clube do Povo durante a 10ª rodada do Brasileirão A1, que presenciou emocionante virada de 2 a 1 do Inter sobre o Real Brasília.

Assim que encerrado o aquecimento das Gurias no gramado do Sesc, Sorriso deixou o campo sob os aplausos de suas companheiras. No final do corredor formado pelas atletas, o ídolo Taison aguardava a ídola com uma placa e uma camiseta comemorativa em mãos, presentes que o craque do futebol masculino entregou em nome do Clube do Povo para a recordista colorada.

Além do campeão da Libertadores de 2010, os diretores de Futebol Feminino Claudio Curra e André Guedes também celebraram Sorriso na orla do gramado do Sesc. Já em campo, a zagueira atuou com o número 100 às costas de sua camisa, e participou ativamente do triunfo colorado. Foi ela, inclusive, quem sofreu a falta que originou o gol da vitória, marcado, aos 42 minutos da etapa final, por Duda. Parabéns, ídola!

D’Alessandro encerra Semana de Prevenção a Acidentes de Trabalho

D’Ale palestrou para os colaboradores colorados nesta sexta/Foto: Felipe Bortoluzzi

A SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho) do Internacional foi encerrada com chave de ouro. Na tarde desta sexta-feira (27/05), Andrés D’Alessandro, um dos maiores ídolos da história colorada, palestrou para os colaboradores e as colaboradoras do Clube do Povo, compartilhando suas experiências no futebol e na vida através de lições de gestão, profissionalismo, comprometimento e dedicação.

Evento encerrou a SIPAT/Foto: Felipe Bortoluzzi

D’Ale atendeu a convite da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) colorada, que pensou a SIPAT de 2022 como uma reconstrução da vida. Os primeiros ciclos de palestras do evento, iniciado na última quarta-feira (25/05), focaram no período “pós-pandemia”, e receberam psiquiatras, psicólogos e educadores físicos, que falaram das principais ações a serem tomadas para evitar doenças que assolam a população mundial.

Além das palestras, ainda foi planejado um ambiente de reconexão, com a presença de profissionais de shiatsu. Realizadas na Universidade Corporativa Colorada (UCC), as ações também foram transmitidas, ao vivo, para o CT de Alvorada, de modo a abranger a maior quantidade possível de colaboradores do Clube. O sucesso do evento foi celebrado por Luís Eduardo Raya, engenheiro de Segurança do Trabalho que participa da CIPA.

“Essa é uma semana em que a gente tenta refletir um pouco sobre a nossa segurança durante o dia a dia, que é árduo. Começamos com alguns médicos, psicólogos e psiquiatras, falando um pouco dos problemas que a Covid nos deixou. E nada melhor do que encerrar essa semana com uma palestra extremamente motivacional. Um ídolo.”

Luís Eduardo Raya
D’Ale emocionou o quadro de colaboradores do Inter/Foto: Felipe Bortoluzzi

D’Ale emociona

Apoio da família na infância, dificuldades que superou no início da carreira, os bastidores das grandes conquistas com o Inter e o caminho para se tornar um líder e referência. D’Alessandro arrancou lágrimas e sorrisos das dezenas que conheceram “mais uma história, nem melhor, nem pior”, como definida pelo próprio ídolo, que como de costume reforçou sua gratidão e respeito pelas pessoas que trabalham no clube de seu coração.

“É um prazer estar aqui com vocês. Uma honra compartilhar momentos com os funcionários do Clube. Quem me conhece, sabe: a gente valoriza muito o trabalho de vocês. Então, para mim, é uma honra estar aqui apresentando algumas coisas que vocês já sabem. Muito do que vocês já sabem, dos 22 anos de futebol que vivi, vivenciei. Mas é muito importante poder voltar como um ex-atleta, como um torcedor.”

D’Alessandro
Público acompanhou a fala atentamente/Foto: Felipe Bortoluzzi

Passagens como a preparação para conquistar o ouro nas Olimpíadas de 2004, os desafios encarados na solitária mudança para a Alemanha, em 2003, e sobre os meses na Inglaterra, onde nem mesmo o trânsito ‘invertido’ foi capaz de atrapalhar o futuro pai de Martina, divertiram o público e mostraram um lado ainda mais humano do argentino, que definiu como perfeita a trajetória que construiu ao longo de 14 anos no Beira-Rio. Após o evento, D’Ale confidenciou, em entrevista para o Site do Inter, a alegria em seguir ligado ao Clube após sua aposentadoria.

“Foi legal. Primeiro, pelo encontro com eles, que estão vivendo uma semana de aprendizado. E fico muito contente e agradecido, porque tudo que tem a ver com o Clube mexe com a gente. Não podemos dar um jeito sempre, eu já saí, não sou atleta, mas essas coisas que têm a ver com o Inter a gente faz e se reencontra. Um pouquinho de carinho, um agradecimento; isso é bem legal.”

D’Alessandro
Ídolo foi tietado após a palestra/Foto: Felipe Bortoluzzi

O ídolo também falou sobre a nova rotina que tem desbravado. Aposentado dos gramados, D’Ale não escondeu a saudade dos tempos em campo, mas revelou que tem buscado aproveitar ao máximo o tempo livre em seu dia a dia. Entre os novos hábitos, é claro, está a presença assídua no Beira-Rio, apoiando o Inter ao lado de seus irmãos de paixão, como integrante da Maior e Melhor Torcida do Rio Grande.

“Não é fácil, de um dia para o outro, não fazer o que a gente gosta. Eu tinha uma rotina praticamente automática, de treinar todos os dias da semana e, no final da semana, jogar, concentrar. Hoje, não tem nada disso. Não vou mentir que estou com um pouquinho de saudade ainda, mas estou ocupando o tempo. Passando mais com a família, viajando, coisa que eu não poderia fazer antes. Estou aproveitando!”

D’Alessandro
Ídolo é presença constante no Beira-Rio/Foto: Ricardo Duarte

Bastidores da última La Boba

Ao todo, foram 529 jogos, 13 títulos, 97 gols, 113 assistências e o coração da Maior e Melhor Torcida do Rio Grande. Se todo carnaval tem sim, com a La Boba não seria diferente. E que privilégio ter passado por esses 14 anos de pura magia ao teu lado, Cabezón. Os Bastidores da última partida da carreira de D’Alessandro já estão no ar. Emocione-se:

#AUltimaLaBoba: D’Alessandro teve despedida épica no Beira-Rio

Clube promoveu diversas ações para o adeus do ídolo (Fotos: Ricardo Duarte)

O dia 17 de abril de 2022 ficará marcado para sempre na memória de todos que apreciam a arte do futebol. No entanto, para compreender a relação de D’Alessandro e sua legião de fãs é necessária sensibilidade para enxergar além de um simples esporte com bola. É algo que transcende os 90 minutos de partida. Um jogador que se torna lenda ainda em atividade é especial – muito pela sinergia única criada naturalmente com a torcida. Sua despedida, com contornos de dramaticidade, ocorrida na noite deste domingo, seguiria o roteiro de um filme de ficção, caso não fosse a mais pura e imprevisível realidade.

Contexto e jogo

Na ocasião, o Inter teve um duro confronto com o Fortaleza, pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro. Diante de um adversário qualificado e questionáveis critérios da arbitragem, o Colorado teve dois pênaltis marcados contra a sua meta e precisou se reinventar na partida. Aos 41 anos de idade, D’Alessandro seria opção para o segundo tempo, caso os desfalques da equipe não o colocassem entre os 11 iniciais.

Atrás no placar, nos acréscimos do primeiro tempo, o camisa 10 recebeu em curto espaço dentro da área e sacou uma caneta da cartola, riscando a marcação de seu caminho. Na sequência, um chute forte, seco, com toda força do Beira-Rio potencializando sua abençoada perna esquerda. No estufar das redes, o Gigante rugiu como se fora, de fato, a última vez. Ao ser subtituído na segunda etapa, já exausto, todos se renderam à figura de D’Ale, legítmo ídolo aplaudido por companheiros, adversários e até pela arbitragem. Para fechar com chave de ouro, Alemão, jogador recentemente contratado e com infância ligada ao Internacional, selou a virada aos 44 minutos do segundo tempo, decretando a catarse no Beira-Rio.

Último ato do ídolo teve direito a golaço

Casa cheia para despedida

Para dar o adeus dos gramados ao eterno ídolo, o Clube tratou de criar a atmosfera que ele mais gosta: a de casa cheia. Assim, sócios e sócias de todas as modalidades tiveram acesso gratuito nas áreas livres Beira-Rio, liberado mediante realização de Check-In ou aquisição do ingresso com custo zero (de acordo com modalidade). Demais torcedores e torcedoras puderam comprar entradas para o setor por um valor 50% inferior ao praticado. Nas cadeiras centrais, associados(as) ‘Campeão do Mundo’ e ‘Nada Vai nos Separar’ contaram com a recentemente anunciada condição especial de 60% e 20% de desconto, respectivamente.

Aquecimento na tela

Ainda na véspera da partida, uma entrevista exclusiva com o ídolo foi divulgada nas redes sociais do Clube e publicada no Canal do Inter, no YouTube. Gravado no Museu do Inter e com imagens inéditas do craque, o material contou um pouco sobre o retorno do camisa 10, a expectativa pela despedida e a relação do ídolo com a torcida.

Cinema Gigante

Logo após o apito final da partida, já com os três pontos garantidos, uma série de homenagens voltaram a serem feitas para o ídolo. Braçadeiras de capitão, escolhidas em votação pela torcida em ação junto com a socios.com, foram distribuídas para os demais jogadores. No telão, uma contagem regressiva levou ao último grito uníssono do nome de D’Alessandro. Em campo, a presença de amigos e familiares, que tanto apoiaram o ídolo durante a sua carreira, ainda entregaram uma camisa personalizada com o número 529 às costas – total de vezes que entrou em campo pelo Inter.

D’Alessandro e sua família ficaram emocionados com homenagem

Na sequência, um vídeo especial, com texto e voz de Fabricio Carpinejar, foi exibido no telão, mostrando imagens icônicas da carreira de Andrés. A emoção tomou conta de vez, levando o ídolo e sua família às lágrimas novamente. Instantes depois, o mesmo vídeo foi disponibilizado nas redes sociais do Clube. Confira abaixo:

A repercussão da despedida do craque e das ações promovidas pelo Clube foi enorme e alcançou seu país de origem. O site do Olé, tradicional veículo argentino, contou em detalhes tudo aconteceu (clique aqui), incluindo conteúdos produzidos pelo marketing do Internacional, assim como a ESPN latina, que destacou as reações nas redes sociais.

“Eu amo esse Clube!” D’Ale se despede do futebol com festa e vitória

D’Ale foi Inter até o fim/Foto: Ricardo Duarte

Quando chegou a Porto Alegre para iniciar sua terceira passagem pelo Inter, D’Alessandro deixou claro que desejava se despedir do futebol ao lado do povo colorado, mas nem seus sonhos mais otimistas poderiam imaginar as emoções que estavam guardadas para o último jogo de sua carreira. Diante do Fortaleza, neste domingo de páscoa (17/04), o gringo chorou, sorriu, vibrou, reclamou, cantou e, o mais importante, venceu – como o protagonista de sempre.

Autor de um golaço, o de número 97 que marcou com a camisa do Inter, D’Alessandro desfilou à vontade ao longo dos quase 80 minutos em que permaneceu no gramado que lhe consagrou maestro. Depois, do reservado viveu sua primeira experiência na nova posição que ocupa, a de torcedor, com o gol de Alemão, que garantiu os três pontos para o Clube do Povo quando o relógio já se aproximava dos acréscimos da etapa final. Por fim, após o último apito, o ídolo foi tanto apaixonado quanto apaixonante para reger a festa das mais de 36 mil pessoas que não aceitavam a ideia de arredar o pé do Beira-Rio.

O primeiro ato do pós-carreira de D’Ale foi um emocionado abraço no parceiro Taison. Desfalque na segunda rodada do Brasileirão devido a edema muscular, o irmão e aprendiz do gringo apareceu no gramado tão logo o jogo foi encerrado, e fez questão de carregar, em seus braços, a estrela da noite até o centro do campo, onde Andrés recebeu não apenas o delirante sentimento do público, mas também o carinho de seus companheiros, que aos gritos festejaram a vitoriosa carreira do amigo e capitão.

Ensurdecedor, o rugir do Beira-Rio foi silenciado apenas sob às ordens do próprio estádio, que conclamou o povo a assistir uma linda homenagem veiculada em seus telões para o ídolo. Poético e nostálgico, o vídeo de agradecimento apresentado ao público presente no Gigante foi logo sucedido por mais cantoria, que embalou os últimos passos de D’Alessandro no número 891 da Padre Cacique. Diante de um corredor de aplausos, o gringo, acompanhado de seus familiares, ainda confraternizou com amigos e ex-companheiros antes de, enfim, tomar o rumo do túnel de vestiários.

Das chuteiras para os microfones, D’Ale encontrou tempo para conceder sua última entrevista coletiva como jogador de futebol. Irreverente e bem-humorado, o gringo travou mais um inesquecível encontro com a imprensa, ao longo do qual falou a respeito da história que construiu com a camisa colorada, analisou o legado que deixou no Clube do Povo, projetou os próximos passos de sua vida, desabafou sobre a emocionante despedida e, é claro, se declarou ao Inter, paixão que aprendeu a nutrir desde os primeiros dias que passou em Porto Alegre. Confira as principais aspas do ídolo:

Foto: Ricardo Duarte

“Eu nunca achei que era mais do que eu sou. Eu trabalhei para merecer o que aconteceu hoje. Sou mais um em uma história enorme, enorme, de atletas que ganharam muito mais do que eu, de atletas com uma identificação muito maior do que a minha. Mas isso não tira o que eu fiz.”

D’Alessandro
Foto: Ricardo Duarte

“A partir de amanhã, eu começo a mandar currículo (risos). Brincadeiras à parte, eu tenho uma dívida muito grande com o Inter. Quem me conhece, sabe o que o Inter representa na minha casa. Representa muito. Muito. Não só para mim, mas para a minha família. Do futuro, ninguém sabe, mas eu sinto que minha história com o Clube não fechou.”

D’Alessandro
Foto: Ricardo Duarte

“Legado a gente vai construindo. Tem uma palavra, para mim, que é fundamental: comprometimento. Por mais que tu tenha vontade, se tu não está comprometido com a causa, com a história do clube, com a camisa, não adianta. Tentei fazer tudo pelo lado do exemplo. Nunca cheguei tarde em um treinamento. Comprometido com o horário, com o pessoal que trabalha no Clube. Isso é o mínimo.”

D’Alessandro
Foto: Ricardo Duarte

“Para mim, não foi difícil gostar do Inter. Lá atrás, os presidentes, companheiros, colegas, funcionários, treinadores, me ensinaram a gostar do Clube. Eu amo esse Clube. Estou no lugar que eu quero. Na minha vida, River e Inter, em diferentes fases da minha carreira, me ajudaram muito, mas o tempo que eu fiquei aqui é incrível. Fez com que o Inter vire o Clube em que eu queria me aposentar.”

D’Alessandro
Foto: Ricardo Duarte

Ninguém é maior que o Clube. O tempo e a história dizem isso. Sempre falo do Índio, por exemplo. O maior vencedor da história do Inter, não é? Passou. O Bolívar passou. Hoje, eu estou passando. Passaram muitos. Muitos que ganharam mais do que eu.”

D’Alessandro
Foto: Ricardo Duarte

“O que aconteceu é incrível. Não sei o que falar. Eu sonhava, primeiro, com a vitória. Falei para o grupo, esqueçam da minha despedida. Nós precisávamos ganhar. E, depois, o gol fechou toda uma história que foi perfeita. Sinceramente, a ficha ainda não caiu. Estou meio no ar. Mas tu viu como eu comemorei. Os caras se jogavam em cima de mim, e eu dizia pra ter calma, porque tinha o VAR. Não sabia como comemorar, saí correndo. Graças a Deus foi gol, e a história fechou como eu imaginava.”

D’Alessandro

Inesquecível: assim foi a última La Boba do nosso maestro, que além de despedida, também serviu de recomeço. Nesta segunda-feira (18/04), todos amanheceremos de cabeça erguida, com o ânimo renovado de quem veste uma camisa que não é vermelha por mero acaso. Nossas cores, afinal, são encarnadas. Vibrantes, como D’Alessandro foi até o fim. E como seguirá sendo. Porque D’Ale é Inter. E Inter sempre será D’Ale.

Raio-X: na despedida de D’Alessandro, Inter encara o Fortaleza pelo Brasileirão

Diante do Fortaleza, D’Ale se despedirá dos gramados/Foto: Ricardo Duarte

Dia 17 de abril de 2022. Domingo de páscoa. Domingo de Inter em campo no Beira-Rio. Domingo que, desde já, está eternizado na história do Sport Club Internacional. A partir das 18h, Clube do Povo e Fortaleza duelarão pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro de 2022. Importante para as pretensões coloradas no Nacional, a partida também marcará a despedida de Andrés Nicolás D’Alessandro dos gramados. A seguir, você encontra todas as informações sobre o confronto.

Transmissão;
Ingressos;
Pré-jogo com Churrasco especial;
Preparação do Inter;
Relacionados colorados;
Arbitragem;
De olho no rival;
Duelo mais recente entre as equipes;
Histórico do confronto;


Transmissão 📻

A programação da emissora oficial do Clube do Povo estará no ar a partir das 16h30 deste domingo, horário em que a Rádio Colorada apresentará a última entrevista de D’Alessandro como atleta alvirrubro. Na sequência, às 17h10, começará o pré-jogo Portões Abertos, e, com ele, a jornada mais vermelha do planeta bola. O relato minuto a minuto das redes sociais do Inter (TwitterInstagram e Facebook) também acompanhará, com imagens dos principais lances da noite, o duelo válido pela segunda rodada do Brasileirão, que ainda contará com transmissão do Premiere. Torça com a gente!

ProgramaçãoPlataforma
20h30Portões AbertosSite e APP do Inter
21h30Jornada EsportivaSite e APP do Inter
23h30Vestiário VermelhoSite e APP do Inter

Dia de lotar o Gigante para D’Ale 🏟️

Segundo jogador com mais partidas disputadas com a camisa colorada, D’Alessandro é, como nós, um apaixonado pelo Inter. Devoto às cores vermelha e branca, o argentino, multicampeão ao longo dos 14 anos que defendeu o Clube do Povo, fez questão de retornar a Porto Alegre para os últimos meses de sua carreira, decidido a se despedir do futebol no gigante palco do qual eternamente será maestro. Agora, a Maior e Melhor Torcida do Rio Grande conta com condições especiais para dar adeus ao ídolo, já que sócios(as) de todas as modalidades terão acesso liberado às áreas livres do Beira-Rio neste domingo, necessitando apenas realizar o Check-In ou a simbólica compra de ingresso gratuito.

O Gigante, e D’Ale, te esperam!/Foto: Ricardo Duarte

A parcela da torcida que não é sócia também conta com preço diferenciado para confirmar presença no jogo contra o Fortaleza, uma vez que, nas áreas livres do Gigante, a entrada, que tradicionalmente custa R$ 100,00, está sendo comercializada por metade do preço. Clique aqui para acessar o serviço de jogo e conferir mais informações sobre ingressos! Neste domingo, todos os caminhos levam ao Beira-Rio, onde passado e presente se encontrarão para saudar um gigante e lutar por três pontos no principal campeonato do país. Contamos com o teu apoio!


Vem pro Churrasco do Povo Colorado! 🇦🇹

O tradicional Churrasco do Povo Colorado é a melhor pedida para o pré-jogo diante do Fortaleza! A partir das 10h, a torcida vermelha está convocada a tomar o Parque Marinha do Brasil, nas cercanias do Gigantinho, para celebrar o aniversário de 113 anos do Inter, comemorado no último dia quatro. Aberta a todos os alvirrubros e alvirrubras, a festa será embalada por shows musicais realizados a partir de trio elétrico, e contará com quiosque para associações, banheiros químicos disponibilizados pelo Clube e espaço para fotos com os troféus do Mundial e da Libertadores.


Preparação concluída

Sob novas ordens, o elenco se preparou para encarar o Fortaleza ao longo da última sexta-feira e do sábado de véspera da partida (16/04). Auxiliar da comissão técnica colorada, Cauan de Almeida assumiu interinamente a casamata do Clube do Povo diante da saída de Alexander Medina, ocorrida depois do empate de 1 a 1 do Inter com o Guaireña, na última quinta-feira (14/04), e comandou os trabalhos prévios à segunda rodada do Brasileirão.

Grupo que participou do último treino da carreira de D’Alessandro/Foto: Ricardo Duarte

O primeiro dia de treinos no CT Parque Gigante contou o com elenco dividido, na medida em que os atletas que enfrentaram a equipe paraguaia realizaram atividades regenerativas na academia. O restante do grupo trabalhou com bola, iniciando os exercícios que foram completados, desta vez por todos os jogadores, na tarde de sábado, quando Cauan organizou dinâmicas táticas que encaminharam a escalação que será titular contra o Leão.

Aos 33 anos, Cauan chegou ao chegou ao Beira-Rio no início de 2022. Instrutor nos cursos da CBF Academy, o profissional conta com licença C da UEFA, e já trabalhou no futebol de Portugal, no América-MG, onde foi tanto técnico de categorias de base, entre 2017 e 2019, quanto auxiliar do time profissional, de 2019 a 2021, e no Vasco. Almeida ainda participou da preparação da Seleção Brasileira Sub-17 para a Copa do Mundo de 2019, conquistada pela Canarinho.

Cauan de Almeida comandará o Inter neste domingo/Foto: Ricardo Duarte

Novidades em campo e nos bastidores 👀

Contratado pelo Inter na última semana, o lateral-esquerdo Renê é a grande novidade na lista de jogadores relacionados para a segunda rodada do Brasileirão. Oriundo do Flamengo, o defensor, que também já vestiu as cores do Sport, poderá fazer sua estreia como jogador colorado. Já Alan Patrick e Pedro Henrique, dupla de reforços que também foi anunciada nos últimos dias, ainda não têm condições de atuar, embora já treinem no CT Parque Gigante. Os dois, vale lembrar, vieram do futebol europeu.

Renê pode fazer sua estreia pelo Inter/Foto: Ricardo Duarte

Se por um lado contará com novidade na defesa, Cauan de Almeida tem, por outro, baixas consideráveis para superar no meio de campo de sua equipe. Com edema ósseo no joelho esquerdo, que inclusive o tirou do gramado ainda no primeiro tempo da mais recente partida disputada pelo Inter, Edenilson é desfalque para o jogo deste domingo, e passará por reavaliação na semana que vem para ter decidida sua condição de atuar nos próximos confrontos. A situação é a mesma de Taison, que estará ausente do embate contra o Fortaleza por conta de edema muscular. Confira a lista de relacionados para o último jogo da carreira de D’Alessandro:

Outra cara nova na rotina colorada, e que já marcou presença nas atividades realizadas neste sábado, é William Thomas. O profissional, que soma mais de 20 anos de atuação no futebol, chega ao Inter para assumir o cargo de Diretor Executivo, e carrega como credenciais a trajetória que construiu no Athletico-PR, onde ajudou a implementar o Departamento de Informação do Futebol, espécie de central de planejamento estratégico do projeto esportivo do Furacão, e os trabalhos que realizou no Santos, entre 2019 e 2020, e no Avaí.

William Thomas já conheceu o CT Parque Gigante/Foto: Ricardo Duarte

Arbitragem 👨‍⚖️

Flávio Rodrigues de Souza apita, auxiliado por Daniel Luis Marques e Evandro de Melo Lima. Trio da Federação Paulista de Futebol, assim como Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral, responsável pelo VAR. Quarto árbitro: Rafael Rodrigo Klein, da Federação Gaúcha de Futebol.


Rival 🆚

Rival visitou o River Plate na quarta-feira passada/Foto: Felipe Cruz/Fortaleza

Sensação do Campeonato Brasileiro de 2021, que encerrou na quarta colocação, inclusive emplacando Yago Pikachu como melhor lateral-direito em seleção organizada pela CBF, o Fortaleza abriu 2022 com taça. Finalista do Cearense, que terá sua decisão jogada na próxima semana, o Leão do Pici venceu de forma invicta, no domingo retrasado (03/04), a segunda Copa do Nordeste de sua história. O triunfo que valeu título, porém, foi o último conquistado pelo time de Vojvoda, que estreou no Nacional com derrota de 1 a 0 para o Cuiabá, dentro de casa, e já soma dois reveses na Libertadores, para Colo-Colo (2 a 1) e River Plate (2 a 0).

Vojvoda caminha para completar um ano à frente do Leão/Foto: Mateus Lotif/Fortaleza

Ao longo dos primeiros meses de 2022, o Fortaleza contratou reforços para todos os setores do time. No gol, Fernando Miguel chegou com status de titular, mas logo sofreu entorse no joelho esquerdo. Para a zaga, vieram Brayan Ceballos, do Deportes Quindío-COL, e Landázuri, ex-Independiente del Valle-EQU, ao passo que Benevenuto, que jogava por empréstimo na temporada passada, foi adquirido em definitivo. Volante, Zé Welison foi outra novidade, enquanto o meia Lucas Lima voltou a ser emprestado pelo Palmeiras. Por fim, o ataque recebeu os acréscimos de Renato Kayser, Moisés e Silvio Romero, este oriundo do Independiente-ARG.

As contratações encorpam um elenco que manteve boa parte dos jogadores-chave da temporada passada. Dos titulares absolutos de 2021, as principais baixas do Tricolor foram o volante Éderson, negociado pelo Corinthians, clube que detinha seu passe, com a Salernitana-ITA, e o atacante David, hoje jogador do Inter. Por outro lado, nomes como Tinga, Titi, Yago Pikachu, Lucas Crispim e Robson seguem no Fortaleza, que hoje tem em duas duplas, a de volantes e a de atacantes, suas principais interrogações do time titular.

Na frente, os móveis Robson e Moisés disputam vaga com os centroavantes Kayzer e Romero. No meio, Felipe tenta recuperar espaço em um setor que conta com o prestigiado Zé Welison, o promissor Hércules e o seguro Matheus Jussa. Já nomes como Landázuri e Capixaba, titulares nas últimas partidas, devem retornar naturalmente ao banco de reservas a partir das respectivas recuperações de Tinga e Lucas Crispim, que sofreram com lesões ao longo da recente maratona de jogos do Fortaleza, que foi a campo sete vezes nos últimos 27 dias.

Crispim deve ser titular contra o Inter/Foto: Mateus Lotif/Fortaleza

Diante do Inter, Vojvoda deve escalar o Leão com Max Walef no gol; Tinga, Benevenuto e Titi no trio de zaga; Yago Pikachu e Lucas Crispim nas respectivas alas direita e esquerda; Zé Welison e Jussa como volantes; Lucas Lima na armação; e Moisés e Robson no ataque. O uso de força máxima, apesar da existência de duelo eliminatório no próximo meio de semana, quando o Fortaleza enfrentará, pela Copa do Brasil, o Vitória, encontra justificativa no jejum de triunfos da equipe cearense, que vem ao Beira-Rio com sede de três pontos.


Último encontro 🔙

Internacional e Fortaleza não se enfrentam desde o último dia 19 de setembro, quando o Beira-Rio sediou duelo das duas equipes válido pela 21ª rodada do Brasileirão. Dono das melhores chances no primeiro tempo, o time visitante não aproveitou as oportunidades que criou, e viu o Clube do Povo crescer ao longo da etapa final. No apagar das luzes, quando tudo indicava um empate sem gols no Gigante, Edenilson recebeu passe de Yuri Alberto, invadiu a área a dribles e, pela direita, cara a cara com Felipe Alves, mandou para as redes.


Retrospecto do confronto 📊

A partida deste domingo será a 21ª disputada enter Inter e Fortaleza na história. Até aqui, o Colorado soma 10 vitórias sobre o Leão do Pici, ao passo que os cearenses já superaram o Clube do Povo em seis ocasiões. Ocorreram, ainda, quatro empates no retrospecto, construído através de 25 gols alvirrubros e 21 tentos tricolores.

Yuri Alberto marcou em cima do Fortaleza no início de 2021/Foto: Ricardo Duarte

Magrão lembra dos vitoriosos anos que passou no Inter

Alguns jogadores carregam a capacidade ímpar de simbolizar a torcida do clube que defendem. Magrão, porém, ia muito além disso. De certa forma, o camisa 11 transcendia a mera representação da garra vermelha dentro de campo para, sabe-se lá como, converter-se, a cada partida, em evidente personificação da vibrante, popular, sanguínea e peleadora história do Internacional. Por isso, e muito mais, o ídolo foi entrevistado nesta segunda-feira (04/04) de aniversário do Internacional. Confira o papo, que foi ao ar na Rádio Colorada!

“A partir daquele gol, tive um divisor de águas”, comenta Nei sobre a pintura marcada na estreia da Libertadores de 2010

Nei comemora gol contra o Emelec

Noticiário esportivo da Rádio Colorada, o Programa do Inter desta quarta-feira (23/02) entrevistou o ídolo Nei, que há 12 anos marcou o primeiro gol do Clube do Povo na campanha que seria campeã da Libertadores de 2010. Confira a íntegra do papo!

Prestes a disputar o torneio pela sétima vez em sua história, o Inter já era campeão e bifinalista da Libertadores. Mesmo assim, um pequeno tabu persistia incômodo à torcida nas vésperas da primeira rodada da edição de 2010. Até então, afinal, o Colorado jamais estreara com vitória no principal torneio de clubes do continente. Muito por isso, as 40 mil pessoas que lotaram o Beira-Rio na noite do dia 23 de fevereiro reconheceram fantasmas do passado quando Quiroz, no início da etapa final, abriu o placar para o Emelec do técnico Jorge Sampaoli. Felizmente, foi nessa hora que Nei apareceu.

“Era um jogo difícil, contra uma equipe de muita força. O Sampaoli é um excelente treinador, já mostrava isso. E a nossa equipe vinha desacreditada. Ninguém esconde que, naquela época, todo mundo achava que o Inter não faria uma boa Libertadores. No intervalo, teve uma conversa, pois o campo estava molhado, e lembro que o Fossati pediu para chutarmos mais, para arriscar. E eu tive a felicidade de acertar um bom chute para empatar naquele momento e respirar um pouco.”

Nei
Torcida lotou o Gigante na estreia da Libertadores de 2010

O Inter que iniciou 2010 sob o comando de Jorge Fossati jogava de maneira bastante diferente daquele que conquistaria a América no mês de agosto. Com o uruguaio na casamata, o Colorado tinha preferência por atuar com três zagueiros, oferecendo maior liberdade para os alas, mecânica que justifica o porquê de o herói improvável ter investido contra a defesa rival diante da desvantagem no placar.

“Nunca escondi que meu estilo de jogo sempre foi muito aguerrido, de muita força. Eu arrastava, era um atleta que tinha a leitura tática muito boa. Nunca fui um cara habilidoso, que estava dentro da área o tempo todo. Mas, naquela época, a gente jogava com três zagueiros, e o Fossati liberava bastante. E eu vivia o que o treinador pedia.”

Nei

Nei marcou seu gol aos sete minutos do segundo tempo. Aberto na intermediária direita de ataque do Inter, o ala recebeu passe de Sandro e, ao perceber que seu marcador armava o bote, fez o drible. Depois da finta, o pé direito do camisa 15 primeiro beijou a bola, engatilhando o arremate, para na sequência acertar chute que figura entre os mais bonitos da história do Beira-Rio. Menos de um mês depois de estrear como atleta colorado, o lateral-direito oferecia um cartão de visitas perfeito para o povo vermelho.

“Aquele gol foi especial porque foi a abertura da Libertadores, foi a minha estreia na Libertadores, e com uma equipe sensacional, como o Inter. Até então, o Nei era desconhecido e desacreditado. A partir daquele gol, tive um divisor de águas. Os olhares ficaram diferentes. E foi meu primeiro gol pelo Inter.”

Nei

O empate, contudo, não dava fim ao jejum colorado em estreias continentais. Para quebrar o tabu, o Inter contou não apenas com a qualidade de seus jogadores, mas também com o som do Gigante, que mesmo com a chuva de verão oferecida pelo clima de Porto Alegre à orla do Guaíba, esteve incendiado por uma multidão pulsante. Como recompensa ao apoio da torcida, o gol da virada, teimoso, saiu aos 41, instante em que Alecsandro finalizou linda jogada de Andrezinho e Walter. Assim, o Beira-Rio, da mesma forma que Nei, oferecia seu cartão de visitas para a Libertadores 2010.

O fator predominante para nós ganharmos a Libertadores de 2010 foi o Beira-Rio. Não perdemos um jogo em casa, ganhamos todos, e a torcida tem 80% de parcela nisso. Vibravam o tempo todo. Quando eu entrava no estádio, brincava que não ía cansar. E isso porque a torcida corria comigo. A torcida do Inter é diferente. As Ruas de Fogo… isso é muito marcante, e você leva para o campo. É um diferencial absurdo. Não tem como você descrever o quanto te ajuda.”

Nei
Alecsandro garantiu a alegria no Beira-Rio

Hoje treinador, Nei revelou, no papo com a Colorada, que ainda leva consigo muitos dos aprendizados que ganhou nos tempos de Inter. Pilar de um sistema defensivo que marcou época, o ex-lateral não poupa elogios a companheiros como Bolívar e Kleber, junto dos quais revela ter atingido entrosamento sem igual na carreira, fato que comprova o encaixe sobrenatural das peças que levaram o Clube do Povo ao Bi da América.

“A liderança que eu tenho hoje, digo que aprendi 80% com o Bolívar. Me ensinou muito. Por sermos amigos, fizemos uma parceria que dava muita confiança. No chão, a bola era minha. No alto, eu não me preocupava. Em todas, ele chegava. Ele era muito firme, o Índio era muito firme. E o Kleber era muito firme. Sobre ele, digo que tive a oportunidade de jogar com meu ídolo e ainda me tornar amigo. Era sensacional, cruzava com a mão, jogava de terno. O melhor lateral-esquerdo com quem eu joguei.”

Campeão da Libertadores e da Recopa com a camisa do Inter, Nei também conquistou dois Gauchões durante os anos que vestiu vermelho. Profundo conhecedor das particularidades do futebol gaúcho, o lateral não deixou passar batida a primeira Semana Gre-Nal de 2022. Forjado nas dificuldades, o ídolo lembrou com carinho dos clássicos que disputou, comentando detalhes da rotina que antecedia cada partida contra o maior rival colorado.

“O Gre-Nal é muito diferente. Só entende quem viveu e quem vive. É um campeonato à parte. Esquece quem está bem ou mal: você tem que ganhar. A cobrança é muito grande, e existem jogadores que vestem a camisa de uma forma que acabam incorporando o torcedor dentro de campo. É uma semana especial, que eu amava, porque sou um cara que gosta de desafios, que me cobrem. Era muito bom, um jogo que durava a semana inteira. Você ía no mercado e o gremista já não olhava na minha cara. Isso é o que o Gre-Nal faz com as pessoas.”

Nei
Nei lembrou dos tempos de protagonismo na rivalidade Gre-Nal