Separamos 10 histórias que mostram porque é demais ter uma mãe colorada!
No Brasil, não tem jeito: futebol é uma paixão que passa de geração em geração, e raros são os casos de filhos que não torcem para o mesmo time de seus parentes. A emoção de ir ao jogo acompanhado dos pais é única, e costuma perpetuar paixões em uma família.
Pensando nisso, para este Dia das Mães (10/05) o Clube do Povo convidou sócios e sócias a compartilharem histórias de coloradismo que viveram ao lado de suas mães. Dos vários relatos emocionantes, divertidos, nostálgicos e surpreendentes, separamos 10 que explicam, perfeitamente, o porque de Mamãe também ser a maior. Confira!
Paixão protegida, pela mãe e por Manga
O colorado Jorge Fernando Caon pode se orgulhar de ter vivido grandes momentos da história do Inter ao lado da dona Débora, sua mãe. Após a separação de seus pais, na década de 70, o sócio, ao lado da mãe e de três irmãos, veio morar em Porto Alegre, período perfeito para as primeiras visitas ao Gigante, geralmente realizadas em família.
Jorge (E), sua tia Nilza, a mãe Débora e o irmão Antônio A sorridente dona Débora
Das várias lembranças que têm na casa colorada, Jorge não esquece da final do Brasileirão de 1975, partida que acompanhou na arquibancada superior, debaixo do antigo e saudoso boné, lugar tradicionalmente disputado pela torcida, conquistado pela família após horas de espera pela abertura dos portões. O sócio, inclusive, também guarda outra memória (felizmente) especial daquele mês de dezembro, vivenciada dias antes da decisão. “Passamos por um momento tenso na chegada do time ao aeroporto Salgado Filho após a vitória sobre o Fluminense, na semifinal. Houve uma aglomeração da torcida no antigo aeroporto, ocasionando a derrubada da proteção que ficava em frente às portas de desembarque quando os jogadores começaram a sair. Como estávamos bem junto a esta grade, fomos prensados e caímos ao chão. Meu irmão caçula, Antonio Cláudio, à época com uns 9 anos, foi pego no colo pelo Manga e não se machucou.“
E se você pensa que a paixão da família enfraqueceu ao longo dos anos, achou errado! Jorge e Débora seguem assíduos no Beira-Rio, mesmo morando em Nova Petrópolis. Em 2020, por exemplo, a família compareceu nos jogos de Libertadores disputados pelo Inter como mandante, oferecendo a todos um belíssimo exemplo de coloradismo, gene transmitido de maneira hereditária e jamais perdido!
“Amor de mãe é igual futebol”
Naciele sabe que a paixão pelo Inter passa de mãe para filho. Desde a gestação, a colorada tinha certeza de que o bebê que aguardava seria mais um apaixonado pelo Clube do Povo. Inabalável, a expectativa foi correspondida por João Pedro, hoje um fiel torcedor, capaz de, nas palavras da mãe, “entregar o mais sincero de seus poucos sorrisos quando está diante do time do coração”.
A felicidade em compartilhar esta paixão com o filho, como Naciele revela, é difícil de ser entendida pelos que não a sentem. O belíssimo relato da mãe, contudo, nos ajuda a ter noção da dimensão desta alegria. “Desde o primeiro jogo que fomos juntos eu tive a certeza de que tinha passado todo meu sentimento pelo Colorado para ele! É o que eu digo, não é ‘só’ futebol. É por todo este sentimento, até porque amor de mãe é tipo o jogo, cheio de regras, impedimentos, chutes, bolas fora, derrotas e vitórias, mas o que importa é estar sempre perto e torcendo pra dar tudo certo! Isso é amor! Isso é o Inter!”
A gente perdoa teu erro, Gisele!
Aos 34 anos de idade, Gisele Brandão confidencia: não fez uma boa pré-seleção antes de escolher seu companheiro. Piadas à parte, a colorada, casada com um torcedor rival, venceu o Gre-Nal de casa e viu suas duas filhas escolherem o Inter como time do coração, um triunfo mais do que especial para a mãe, que, após frequentar assiduamente o Beira-Rio na adolescência, há anos não visitava o Gigante – ausência encerrada na temporada passada.
“Minhas filhas me pediram, no ano passado, para conhecer a casa do nosso time. Era o pretexto que eu precisava para voltar ao Beira-Rio e assistir aos jogos, como sempre gostei, empurrando nosso Clube! Indo para a partida, a Carol, minha filha mais nova, à época com quatro anos, me agradeceu por realizar o sonho dela. Entramos no Estádio aos prantos e, deste momento em diante, eu vi que nunca mais estarei sozinha em lugar algum, muito menos no nosso amado Gigante.” Gisele ainda encerra sua história agradecendo ao Inter por um dia tão incrível, mas, como bem sabemos, somos nós quem precisamos registrar nossa gratidão por tanta paixão e devoção ao Colorado. Viveremos muitas coisas juntos, minhas torcedoras! Vamos!
Uma família, acima de tudo, colorada
O depoimento de Jerusa chama a atenção logo em suas primeiras palavras. Ao definir sua família como “não-tradicional”, a colorada explica ser uma mãe solteira que adotou os meninos João Guilherme, de quatro anos, e Magno, seis, no dia 24 de abril de 2019. À dupla, revela, não apenas repassou os valores como honestidade e respeito, mas também o amor pelo Internacional, um legado que começou a perpetuar nos guris a partir do último dia 31 de agosto.
“Na partida do Inter contra o Botafogo, no ano passado, percebi que estava inserindo neles o amor pelo nosso Clube! Nesta data, o Gui participou do Projeto Criança Colorada, pisando em campo uniformizado e recebendo toda atenção e carinho, até tirando fotos com os jogadores. Uma das noites mais felizes da minha vida, me realizei como mãe colorada, que emoção indescritível! Plantei a semente e, durante a partida, ela foi regada. Hoje, meu filho é torcedor como eu!” Que orgulho de fazer parte desta bela história, Jerusa! Quem for do Inter, pode se juntar, tradicional ou não. Aqui é Clube do Povo!
Desde pequeno colorado, levo a bandeira pro Estádio…
Marta não esquece do dia em que seu filho Marcio entrou em casa carregando um pacote grande, acompanhado de inconfundível sorriso no canto da boca. Empolgado, o jovem pedia para a mãe que costurasse um bandeira do Inter, “bem grande, de seis metros”. O tecido de qualidade, gabardine, confidenciava o tamanho da expectativa do guri, capaz de superestimar as qualidades da mãe como costureira.
Em pouco tempo, Marta começou a desbravar a imensidão de panos. “Dobrava de um lado, costurava, dobrava do outro, costurava de novo. Primeiro o vermelho, depois o branco, e então um no outro. Enfim, era um verdadeiro mar alvirrubro, totalizando seis metros por três. Assim que pronta a bandeira, chega o fim de semana e o Márcio, com o manto debaixo do braço, parte rumo ao Beira-Rio. Eu, ao mesmo tempo, tomava o sofá. Acompanhar o Inter pela TV era o que eu gostava! Fiquei esperando a câmera percorrer a torcida até chegar nela, inconfundível, estendida na arquibancada superior. E sabia que, sob ela, entre tantas cabeças e braços gesticulando, estava meu filho. Nesta hora nos senti muito próximos. Ele, eu, a bandeira e nossa cumplicidade. Assim, o tempo foi tecendo seu pano, com vitórias e derrotas, em nossas memórias.”
O passar do tempo, acompanhado do desenrolar da vida, levou Márcio para longe de Porto Alegre. A bandeira, testemunha ocular de conquistas estaduais, continentais e planetárias, ficou. Entregue para amigos, os quais deveriam dar continuidade à tremulante saga do pano, então afastado de sua criadora. Até que, em determinado jogo, quando a mãe já levava seu filho caçula para o Beira-Rio, o reencontro aconteceu. “Olhei para trás e lá estava ela, estendida, balançando sobre as conhecidas cabeças de seus guardiões. Conversamos, e pedi que cuidassem bem da bandeira que fizera no passado. Ao retornar para o meu lugar, olhei novamente e meu coração se aqueceu. Naquele momento, estávamos juntos. Eu, meu filho, o manto e toda a nossa paixão pelo Inter!” Sempre estamos juntos, Marta. Nada, nunca, vai nos separar!
Paixão de vó para mãe e de mãe para filho
César sabe a quem deve agradecer por seu coloradismo. Filho de um gremista, chegou a ser seduzido pelo rival, mas não esquece da reação de sua avó ao se deparar com o neto vestindo adereços de cor distinta da vermelha. “De cara, ela olhou para mim e perguntou o que era aquilo. Disse que era do outro time, e ela respondeu que, ali, todos eram colorados. Partiu para o quarto e costurou, na mesma hora, uma camisa do Inter. Depois, deu-me o manto e intimou: tu vais ser colorado. Pronto, foi o que bastou!”
Com o fardamento encaminhado, quem entrou em ação foi sua outra heroína colorada, a mãe Liane, responsável por levá-lo pela mão, comprando bandeira, camisa, picolé e refrigerante, ao Beira-Rio. Juntos, acompanharam o auge da Academia do Povo octacampeã estadual e três vezes dona do Brasil na década de 70. Atualmente, é César quem traz, em espírito, sua mãe para o Gigante. E também a avó, que visitou a casa do Clube do Povo em uma única ocasião, aos 80 anos. Dupla formada pelas duas maiores coloradas que o torcedor revela ter conhecido.
“Ela me leva ao Beira-Rio desde que eu era pequena, e eu levarei ela até estar bem velhinha”
Quando Maria Eduarda nasceu, seus pais concordaram em deixar a filha escolher sozinha para qual time iria torcer. Azar o dele que, além de assistir ao Inter campeão do mundo, também viu a jovem de quatro anos pedir uma camisa do Clube do Povo em dezembro de 2006. Deste momento em diante, o coloradismo da mãe passou a contagiar a filha, e logo as duas começaram a frequentar o Beira-Rio juntas. Com o passar do tempo, os domingos de Gigante se tornaram o programa preferida das duas, que já perderam as contas de quantos choros, sorrisos, pulos e cantorias compartilharam lado a lado.
“Já fazem oito anos que marcamos presença em praticamente todas as partidas e, por mais que pareça impossível, nossa parceria só cresce, assim como o amor pelo Inter. Ela me leva ao Beira-Rio desde que eu era pequena, e eu levarei ela até estar bem velhinha. Graças a minha mãe sou uma apaixonada por futebol, amor tão intenso que virou sonho – quero ser jornalista esportiva, trabalhando no meio. Obrigada, mãe, por ser essa mulher sensacional que me inspira todos os dias. E obrigada, também, por me apresentar aos maiores amores do mundo: o teu e o do Inter. Para sempre nós, para sempre Colorado.” Eterna paixão!
O cartão postal de dona Helenita
Lutando para chegar às semifinais do Brasileirão de 1972, no dia 14 de dezembro o Inter enfrentou o Flamengo, no Rio, em partida tida como decisiva para as pretensões coloradas no torneio. Decidido a apoiar o Clube do Povo em jornada tão importante, a ser disputada contra os comandados de Zagallo, técnico vencedor da Copa de 1970 à frente do Brasil, Celso Carnos viajou até a capital carioca de ônibus, onde encontraria seus pais, que enfrentaram o trajeto de avião. Ninguém poderia imaginar, todavia, que, na aeronave dos dois, por uma feliz coincidência, também estaria o elenco colorado.
“Ao ver os jogadores, minha mãe não teve dúvidas! Foi até uma loja do aeroporto e adquiriu um postal do Beira-Rio, recém-inaugurado graças à ajuda de colorados como meu pai, o Dr. Henrique Scaletsky. Durante o voo, apesar da timidez de seu esposo, ela passou de poltrona em poltrona pedindo aos jogadores autógrafos. Foi um dos melhores presentes que ela já me deu, que guardo até hoje com carinho. Para coroar esta lembrança, o jogo foi também inesquecível!” De fato, graças aos gols de Valdomiro, Tovar e Volmir, o Clube do Povo retornou a Porto Alegre com os três pontos na bagagem. Carga invejável, assim como o cartão adquirido por dona Helenita, até hoje devidamente protegido pelo orgulhoso filho Celso.
O filho influenciou a mãe; ela, a avó
Foi em 2008 que Lilian, influenciada pelo filho Rodrigo, começou a frequentar o Beira-Rio. A experiência, aparentemente fortuita, não demorou para se tornar rotineira. Fanática, a colorada virou sócia, figura carimbada no Gigante e desbravadora de Brasil, América e, inclusive, arábias, sempre, é claro, ao lado do filho.
“O Inter nos uniu ainda mais. Dia de jogo virou o nosso dia! Temos rituais ao chegar no Estádio, vestimos sempre a mesma camiseta, sentamos no mesmo lugar, subimos a rampa certa, entre outras loucuras que quem é colorado entende. Já passamos o Dia das Mães dentro do Beira-Rio, torcendo pelo nosso Inter. Estamos com muitas saudades de reviver estes momentos. Certamente, assim que superada esta fase triste que o mundo vive estaremos no Gigante novamente, sempre gritando: Vamo, Vamo, Inter!”
Nem sempre, contudo, Rodrigo pode frequentar o Beira-Rio. Nestes momentos, Lilian recorre à companhia da outra grande colorada da família, talvez a maior de todas, sua mãe. Aos 82 anos, Maria Rosa já acompanhou a filha em muitos jogos, sempre demonstrando a mesma empolgação. Das várias lembranças que compartilharam juntas, a melhor de todas aconteceu no dia 15 de abril de 2018. “Ela faz aniversário no mesmo dia do D’Alessandro! Naquele, estava completando 80 anos, então entramos, como aniversariantes do mês, no campo antes de a partida ser iniciada. Foi uma festa! Infelizmente, passaremos este Dia das Mães longe uma da outra, consequência do isolamento social, com a vontade de nos abraçarmos novamente e voltar a torcer pelo nosso Clube, na nossa casa!” Em breve nos reencontraremos, Lilian, Rodrigo e Maria, para abraçar novos abraços, chorar novos choros e, é claro, cantar novos cantos. Voltaremos!
Teu choro alegre é o mesmo que temos lendo, Juliana!
Mãe solteira com o mesmo orgulho que exibe de sua paixão pelo Inter, Juliana Barreto levou alguns sustos antes de convencer seu filho a adotar o amor pelo Clube do Povo. Também pudera, os avós de Cristian, que hoje soma nove anos, bem que tentaram influenciar o jovem a torcer pelo coirmão. A incerteza foi mantida até o dia em que a mãe se deparou, no Facebook, com uma propaganda do Projeto Criança Colorada. Sem titubear, inscreveu o guri, dando início à memória que tem como mais especial de sua vida.
“Aqui escrevendo eu choro só de lembrar. Meu filho, que sonha em ser goleiro, entrou ao lado do Danilo. Foi um momento único! Desde então, ele me acompanha em todos os jogos do nosso Colorado, e o meu coração de mãe se enche de orgulho a cada vez que o vejo cantando o hino, empurrando o time, festejando com a torcida! Ou quando eu vejo ele com seu cartaz, incansável na busca de uma camiseta do Lomba. É Sócio Coloradinho, e tem prazer em apresentar sua carteirinha nas catracas. Ver o brilho nos olhos dele… isso, só o Inter nos proporciona!”
Bônus!
O santa-mariense Andrei, residente de Florianópolis, compartilhou um lindo relato que merece ser conhecido pela Maior e Melhor Torcida do Rio Grande. A partir de sua história, somos convidados a uma viagem no tempo que nos remete aos últimos anos da década de 80, e, a exemplo das outras aqui presentes, nossos olhos não hesitam em encher de lágrimas.
Ocorrido no eterno Gre-Nal do Século, o episódio compartilhado pelo colorado narra as dificuldades que foram encaradas em busca de um ingresso para aquela que seria sua primeira experiência no Gigante. Além disso, comenta a necessidade de a família, formada por seus pais, Elaine e Odilon, e o irmão mais novo Julian, adquirir uma entrada para setor com cadeiras, em nome da segurança da mãe. Felizmente, apesar dos obstáculos, todos conseguiram um dos melhores lugares disponíveis: os antigos bancos de madeira localizados na social, logo abaixo das cabines de imprensa, na sombra e, até às 15h, sem apertos. A partir deste instante, todavia, foram, inevitavelmente, aos poucos espremidos por uma multidão que superou a casa das 78 mil pessoas.
“Eu nunca tinha visto tanta gente na minha vida. Nunca tinha cantado o hino do clube em coro com milhares ou sentido o bater dos tambores das nossas organizadas. Naquela tarde em que havia um sol pra cada torcedor em Forno Alegre, lembro do caminhão dos Bombeiros lentamente percorrendo a pista atlética para refrescar com água a galera da “coreia” e da “inferior”. Um pré-jogo inesquecível para o apaixonado jovem torcedor, mas não mais marcante do que os minutos que seguiram.
“Quem não estava lá no Beira-Rio naquela tarde não poderá imaginar o quão gelados foram os baldes d’água que levamos com o gol de Marcus Vinícius e a expulsão de Casemiro, ainda no primeiro tempo. Aquele intervalo foi, provavelmente, o mais triste e desesperançoso de minha vida num estádio. Ninguém ao nosso redor conseguia acreditar que iríamos virar aquele jogo com um a menos e com o imenso peso de três anos sem ganhar do Grêmio. Na volta dos vestiários, a troca de um volante por um centroavante parecia nos deixar prontos pra levar uma goleada. Mas foi o que foi. Nilson, com uma ridícula fitinha abaixo de um joelho para despistar a lesão no tornozelo da outra perna, dá as duas maiores alegrias da minha de vida colorado. Sim, aqueles dois gols da virada improvável não se comparam às duas finais de Libertadores que vi no estádio e nem mesmo com o gol do Gabiru, em Yokohama, pela TV. Até porque, nesses outros três grandes momentos, eu estava a muitos quilômetros dos braços da minha mãe.”