Taffarel completa 54 anos
Cria do Celeiro de Ases, Taffarel está eternizado na história do futebol como um dos maiores de todos os tempos. Herói do Tetra, o ídolo de colorados, brasileiros, turcos e italianos completa, nesta sexta-feira (08/05), 54 anos de idade. Ocasião ideal, por óbvio, para lembrarmos da vitoriosa carreira do goleiro. Saiba mais sobre ela abaixo!
Nascido em Santa Rosa no dia 8 de maio de 1966, Cláudio André Mergen Taffarel operou seus primeiros milagres defendendo o Tupi de Crissiumal, time de município próximo ao seu de nascença. Destacado, seu desempenho alimentou o sonho de defender algum clube tradicional do Rio Grande do Sul, desejo mantido apesar das acumuladas reprovações em testes da dupla Gre-Nal, e realizado em 1985, quando aceito pelo Colorado. A partir de então, tudo em sua vida mudou.
Meses após desembarcar de mala e, como todo bom gaúcho, cuia em Porto Alegre, Taffarel rumou para a União Soviética, onde disputou, como titular, o Mundial Sub-20. Ao lado de nomes como Gerson e Silas, dupla que viria a defender o Colorado na década de 90, inclusive conquistando a Copa do Brasil de 1992, além de Müller e Romário – o baixinho, verdade seja dita, fora desconvocado ainda na fase de treinamentos -, o goleiro conquistou o segundo título do Brasil na categoria. Impecável em suas exibições, tendo sofrido apenas um gol em seis partidas, Cláudio, como à época era chamado, retornou ao Beira-Rio com status de titular, posição que ocupou a partir do mês de setembro.
Na temporada seguinte, em 1986, já consagrado junto à torcida colorada, acostumada a identificar grandes goleiros após anos de proteção garantida pelos ídolos Manga e Benitez, Taffarel foi um dos destaques do Brasileirão. Seu ápice vestindo vermelho, contudo, foi iniciado um ano depois. Infeliz pelo vice-campeonato Estadual, o primeiro semestre de 1987 começou a apresentar para o planeta um paredão especialista em penalidades. Na decisão do segundo turno do Gauchão, por exemplo, o arqueiro encaixou duas cobranças gremistas e garantiu a festa colorada no Estádio Olímpico. A segurança debaixo das traves foi mantida na Copa União – Nacional daquele ano -, também encerrada com a prata para o Inter. Cláudio foi eleito o melhor da posição no Campeonato, feito igualado em 1988, quando o Clube do Povo também repetiu a segunda colocação brasileira.
Encerrada em 1990, a trajetória de Taffarel no Inter esteve marcada, ainda, pela grande campanha alvirrubra na Copa Libertadores de 1989. Eliminado nos pênaltis para o Olímpia, o Colorado superou grandes equipes na campanha, a exemplo de Bahia, atual campeão do Brasil derrotado nas quartas de final, e Peñarol, eliminado com um agregado de 8 a 3 na fase anterior, de oitavas. Quanto a títulos, o ídolo levantou, pelo Clube do Povo, os Torneios de Glascow e Cidade de Vigo, em 1987, Ceuta, em 1989, além da Taça Governador do Estado, também em 1987.
Não foi apenas no Inter, todavia, que Taffarel brilhou. Já idolatrado pela Maior e Melhor Torcida do Rio Grande, no final da década de 80 o goleiro passou a conquistar, também, a admiração do povo brasileiro. Desta forma, logo surgiram súplicas por sua convocação à equipe principal de nossa Seleção, o que aconteceu, em definitivo, no ano de 1988, quando foi titular na conquista do Torneio Bicentenário da Austrália. No mesmo ano o paredão colorado alcançou a medalha de prata nas Olimpíadas de Seul, campeonato no qual atingiu status ainda maior, especialmente por seu desempenho magistral nas semifinais, defendendo três pênaltis contra a Alemanha Ocidental.
O primeiro grande título de Taffarel com a canarinho chegou em 1989. Atuando em casa, o Brasil conquistou a Copa América muito por conta da solidez de sua defesa, vazada em somente uma ocasião apesar dos craques enfrentados, casos de Maradona, Valderrama, Francescoli e Rubén Paz. No ano seguinte, o camisa 1 foi o único jogador a manter seu prestígio intacto após a eliminação brasileira nas oitavas de final do Mundial da Itália, tanto que, apesar do trauma, seguiu na Seleção, tendo todo seu esforço recompensado na Copa do Mundo de 1994.
Nos Estados Unidos, Taffarel esteve sublime. Apenas três bolas visitaram as redes de sua baliza, mesmo número de pênaltis desperdiçados pelos italianos na decisão da Copa. Um destes foi o goleiro quem salvou, voando no canto esquerdo. Mais uma vez, o Brasil era campeão do mundo contando com a contribuição de um ídolo colorado, verdadeiro paredão, que em 1998 voltaria à final do torneio, conquistando a medalha de prata.
Por clubes, Taffarel vestiu as camisas de Parma, time que o contratou do Beira-Rio, Reggiana, equipe italiana que defendeu na temporada anterior à do Tetra, desempenhando papel de protagonista na campanha de permanência na primeira divisão do campeonato local, Atlético-MG, com quem venceu um Estadual e a Copa Conmebol, e Galatasaray-TUR, onde conquistou a Copa da Uefa de 2000, inclusive sendo eleito o melhor em campo na decisão, disputada frente ao Arsenal-ING de Henry. O goleiro encerrou a carreira no Parma-ITA, para onde retornou em 2002. Ídolo mundial, teve toda sua magnificência enquanto arqueiro reconhecida em 2009, quando a Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS) o elegeu o melhor brasileiro da posição em toda história.
Atual preparador de goleiros do Galatasaray e da Seleção Brasileira, Taffarel visitou o Beira-Rio no último mês de junho, quando o Brasil disputou, na casa colorada, amistoso contra Honduras, partida que integrou as comemorações pelos 50 anos do Gigante. Na ocasião, o ídolo falou sobre sua carreira e vida pessoal para o quadro ‘Abre o Jogo’, do Canal do Inter, e encantou a todos com a humildade e o coloradismo que lhe são costumeiros. Parabéns, paredão, e sai que é sua!