Luto por Marinho Peres

O Clube do Povo recebeu com profundo pesar a notícia do falecimento de Marinho Peres. Atleta do Inter nos anos de 1976 e 1977, o ex-zagueiro, titular absoluto na conquista do segundo Brasileirão da história colorada, morreu nesta segunda-feira (18/09), aos 76 anos, após mais de um mês internado por complicações nos rins e no coração.

Marinho Peres defendeu o Inter entre 1975 e 1976

Relembre a carreira de Marinho Peres:

Natural de Sorocaba-SP, Mário Peres Ulibarri começou a carreira no São Bento. Destacadas, suas atuações logo chamaram a atenção da Portuguesa dos Desportos, equipe que defendeu entre o final dos anos 1960 e o começo da década de 1970. No Canindé, o defensor ganhou o apelido de Marinho Peres. Com ele, se consolidou entre os melhores zagueiros do futebol brasileiro.

Brasil na Copa do Mundo de 1974 (Marinho é o primeiro em pé a partir da direita)

Nacionalmente reconhecido, Marinho viveu, a partir de 1973, uma ascensão meteórica. Primeiro, o zagueiro acertou com o Santos de Pelé. Lá, conquistou o Paulistão. Depois, em 1974, embarcou rumo ao Velho Continente, onde assinou com o Barcelona de Johan Cruijjf. Nessa temporada, Peres ainda foi titular do Brasil na Copa do Mundo da Alemanha. O ápice de sua carreira, porém, ainda estava por vir.

Marinho em ação na Copa do Mundo de 1974/Foto: Arquivo Pessoal/Marinho Peres

Recém-coroado campeão brasileiro de 1975, o Clube do Povo enxergou em Marinho o par perfeito para Figueroa – e esperou o momento certo para se aproximar do defensor. Caso permanecesse no Barcelona em 1976, Peres, que tinha naturalidade espanhola, precisaria servir ao exército do país durante todo aquele ano. Sua continuidade no Camp Nou, portanto, estava comprometida. E nada melhor do que trocar um gigante europeu pelo atual dono do Brasil.

Marinho Peres nos anos de Barcelona/Foto: Ricardo Duarte

Se engana quem pensa que o vistoso currículo garantiu titularidade imediata a Marinho. Dupla de Figueroa no Brasileirão de 1975, Hermínio continuou titular na abertura do Gauchão de 1976, a ponto de a primeira grande oportunidade para o zagueiro mundialista surgir apenas na derradeira rodada da primeira fase estadual, quando o Clube do Povo disputou o Gre-Nal de número 223 na história.

A primeira ficha de Marinho como jogador do Inter

Surpreendentemente (ou não) pessimista com as chances do Inter, a imprensa gaúcha tentou rotular Marinho como um fracasso antes mesmo de sua estreia. Para a crítica, Peres e Figueroa não podiam jogar juntos. Especulavam que os dois brigariam por holofotes, deixando Alcindo, atacante do rival, à vontade para brilhar no Beira-Rio. Coitados. Apoiado por mais de 73 mil pessoas, o Colorado venceu o clássico por 2 a 0.

“Eu quero estar sempre

entre os melhores”

Marinho Peres

Os gols do Gre-Nal foram marcados por Figueroa e Carpegiani, dois dos melhores jogadores em campo – ao lado de Marinho. Seguro sempre que exigido e dono de refinada técnica para sair jogando, Peres assumiu a titularidade colorada para, a partir de então, formar com Don Elias a dupla de zaga que conquistaria o Gauchão de 1976 e, junto com ele, o jamais igualado Octa do Rio Grande.

“Toda vez que tirava

uma foto do nosso time antes dos jogos,

tinha a certeza de que ele deixaria saudades!”

Marinho Peres
Os campeões de 1976 (Marinho é o segundo em pé a partir da direita)

No segundo semestre, Marinho Peres colocou mais uma faixa no peito. Adaptado à linha de impedimento, estratégia que aprendera a explorar durante os anos de Europa, o zagueiro encaixou como uma luva na equipe de Rubens Minelli e foi um dos pilares da equipe campeã com o melhor aproveitamento da história do Brasileirão: 84%. De 23 jogos, o Inter empatou um, perdeu três e venceu 19, o último deles diante do Corinthians, na finalíssima, por 2 a 0.

Inter em 1977 (Marinho é o terceiro em pé a partir da direita)

Marinho Peres deixou o Inter em 1978. Negociado com o Palmeiras, permaneceu no Parque Antártica até 1980, quando acertou com o América-RJ, último time de sua carreira. Em Porto Alegre, o ex-zagueiro está eternizado como um dos grandes nomes do inesquecível e vencedor Clube do Povo dos anos 1970. Sinônimo de saudade, o ídolo partiu deixando as melhores recordações para o povo colorado. Obrigado por tudo, campeão!

Marinho atende torcedores em frente ao Portão 8 do Beira-Rio/Foto: DVG