As coloradas do Clube do Povo

Não há muitos registros aprofundados sobre as primeiras torcedoras, mas a presença feminina nas bancadas coloradas foi registrada ao longo dos anos. Torcendo lenços e luvas a Chácara dos Eucaliptos ou tocando instrumentos no Estádio Beira-Rio, a torcida feminina sempre existiu e com o passar dos anos foi conquistando mais espaço.

Fátima Ávila remonta um dos primeiros movimentos de torcida feminina na história do nosso clube. Ela foi esposa de Júlio, que jogou como winger e goalkeeper nos primórdios do Internacional, e irmã de Mita e Ávila, ponta de linha e back respectivamente. Nesse contexto, as mulheres se reuniam em grupos lideradas por uma madrinha. Essa dirigente podia cumprimentar os jogadores dentro da pradaria e além disso, assistia às partidas com uma vista privilegiada do campo.

Alaíde Fagundes é outro nome que emerge nas pesquisas sobre as mulheres na torcida colorada. Sem muitos detalhes, ela é citada por Vicente Rao, o pioneiro na organização da torcida do Inter. Rao é o responsável por dirigir a festa na arquibancada do Estádio dos Eucaliptos durante os anos do Rolo Compressor, época que segundo o próprio, teria atuado Alaíde. Nesse contexto, Alaíde é uma referência de liderança feminina na torcida e representa nesta pesquisa todas coloradas que acompanharam o Inter nas arquibancadas do Estádio dos Eucaliptos.

Em 114 anos de existência, despontaram grupos de mulheres em torcidas do Inter, como as Prendas Coloradas, primeiro núcleo feminino da Guarda Popular. Em 2009, foi fundada a primeira torcida organizada por mulheres do Inter, a Força Feminina Colorada (FFC). Herdeiras de grandes torcedoras, as mulheres da FFC foram pioneiras em fazer a gestão de uma torcida, onde as mulheres são as responsáveis pela logística pré-jogo, pela banda e pela orientação no espaço.

No dia 27 de janeiro de 2023, na partida entre Internacional x Ypiranga pela 3ª rodada do Campeonato Gaúcho, as mulheres coloradas foram responsáveis pela organização da torcida do Estádio Beira-Rio. Responsáveis pela logística, banda e caminhada, as mulheres que compõem a Guarda Popular provaram que são capazes de orquestrar sozinhas a festa na arquibancada do portão 7. No setor norte, as resistentes mulheres da Força Feminina Colorada, Nação Independente e Camisa 12 se uniram para se fortalecer. O que elas não projetaram é que mulher nenhuma fortalece só a si mesma e o que elas faziam naquele momento seria um marco na história das torcidas organizadas no Brasil.